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Wiki modificadas recientemente October 27, 2017 por facilitfsm


 

Seminário Internacional do Fórum Social Mundial

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8h30 – Desafios da Integração Regional – Latino americana e Africana – Soberania e integração dos povos por um outro modelo de desenvolvimento;

Dumezweni/Suazilandia – Africa - Os desafios da migração no Sul da África e suas causas: temos diversos estados soberanos, diferentes blocos onde negociam com os países do norte. Mas a questão principal que é um desafio é que os países do norte, os governos, estão utilizando as diversas estratégias também para invadir a nossa economia. Quer dizer que torna difícil para a região como um todo ser um bloco, permanece em silos, permanece países individuais. Acontece em razão principal da crise da política na região. O movimento de liberação que atende os promotores do capitalismo tem sido absorvido pelo capital e estão permitindo que as multinacionais cheguem ao nosso país e saqueiem nossa economia. Esse movimento de libertação agora está percebendo que são ditadores de massa. Os movimentos sociais têm entendido isso e dizem que não podem continuar assim por muito tempo. Precisam globalizar como África em todo o globo. Tem diversas escolas de cultura popular em diversos lugares, um exemplo é a escola de ecologia que tem objetivo de focar nos jovens.  Trata de todos os acordos de comercio na cidade do Cabo. Diz que: “Seremos um mundo quando estivermos unidos e somente assim enfrentaremos os desafios políticos, a partir desse entendimento poderemos compartilhar a solidariedade”.

Hamouda/Marrocos – Temos um problema econômico na África que envolve todos os recursos naturais que são explorados pelos países do norte. Não há integração sem que os povos sejam integrados. A união africana tentou integrar e impulsionar para que todos os povos sejam integrados nesse processo, conseguiram um pouco discutir com as populações o resto não conseguiu acompanhar esse processo. Na África do Norte criaram, em 2002 o fórum social magrebino que tem discutido a problemática na região para desenvolver e que essa integração seja real. Ano passado organizaram 5 grandes seminários, dois internacionais e 3 regionais.

Decidiram apoiar todos os movimentos sociais que emergem na região, principalmente de jovens que se expressam e se revoltam contra a corrupção, desigualdade e desemprego. Tudo isso faz com que as recomendações que temos haja uma transformação e proponha alternativas econômicas, querem um desenvolvimento justo e duradouro frente a política da união européia e FMI.

É preciso que os países e parem de comprar armas e enfrentar a problemática de guerras, precisam que as regiões sejam pacíficas. A sociedade civil tem papel fundamental para a resolução dos conflitos. 

Como as integrações regionais põem em valor as demandas dos povos essas são estratégias e no FSM irão rediscutir e dizer isso de forma latino americana, africana, asiática, de tentar ver como juntos desenvolverão uma real integração.

Liege/Brasil – Vivemos na America Latina um período que nos faz lembrar anos atrás, na década de 60, um avanço das ditaduras militares. Foram anos que, quem viveu, não quer jamais viver. Depois tivemos uma onda progressista democrática na America Latina, com as eleições de Chaves, em Honduras, Paraguai, Equador e no Brasil. Nesse período o mecanismo de integração regional, como o MERCOSUL que antes visava só o comércio e economia desses países, teve um avanço dos governos progressistas e começaram a ter uma participação dos movimentos nacionais nesses espaços de articulação, faz com que se tenha movimento para além de governo, mercado, comercio. Nesse período também é necessário a participação de alguns fóruns sociais nas Américas, que eram são espaços importantes de articulação dos movimentos da América Latina e Caribe. Esse momento foi promissor de avanço das lutas e de conquistas de direitos.

Hoje vemos um retrocesso que começou com o golpe de Honduras e Paraguai as ameaças ao Equador, assim como o golpe no Brasil e a investida na Venezuela. Houve igualmente um retrocesso na Argentina. Hoje existe uma aliança do governo brasileiro com o argentino que esvaziou o MERCOSUL fazendo inclusive reuniões sem que os movimentos saibam. Isso mostra que cada vez ser precisa organizar para resistir. É importante que nesse processo de realização do FSM possa de fato retomar essa participação. Isso nos coloca que resistir é preciso. O que acontece na Venezuela não diz respeito somente ao povo da Venezuela, diz respeito ao povo da America Latina.

O governo brasileiro quer entregar a base de Alcântara e para esse momento também precisa de articulação dos movimentos sociais para fortalecer essa integração. Todas as organizações precisam respeitar as diversidades, mas construir a unidade de luta. Defender e definir bandeiras, a partir da defesa da democracia. A presença das mulheres na luta é importante. Finaliza dizendo que: “Resistir é fundamental, transformar é fundamental, criar é fundamental, mas principalmente a nossa união é fundamental”.

Jussara/Brasil – Inicia a fala, com o punho em riste: “Viva a Luta do Povo da Venezuela que resiste ao imperialismo!” A historia é sempre aliada, e num momento como esse é preciso reafirmar que “Outro mundo é possível”. O FSM com suas dinâmicas precisamos refletir e aprofundar os temas. As palavras têm que se transformar em ação, Morte e Vida Severina nos ensina isso. A temática  é um grande desafio regional versus a cotidiana e presente colonização de um projeto imperialista que responde com invasão militar, isolamento e ingerência na soberania nos povos. Estamos vivendo um fascismo na nação brasileira, a resposta é a resistência. Há um declínio da super potência e a emergência de novos, como a China. Criam-se projetos contra hegemônicos, quando surge essa perspectiva, o imperialismo se impõe e tenta regenerar a ordem conservadora. As transições não serão pacíficas pela agressividade da potência hegemônica porque tem que fabricar guerras. Estamos falando de uma guerra civil e tem aliados para isso.  

Essa ofensiva ao imperialismo desperta a luta democrática dos povos. O contraponto é a luta por libertação e essa é luta de classes multilateral imperialista. Cada um tem suas características, isso é riqueza para o contraponto ao império. É preciso reafirmar em cada país interação continental as forças populares progressistas e revolucionárias, porque não será qualquer briga de gente pequena com maiores, é briga por libertação e por direitos.

Edson Augusto Nogueira/Brasil - Porque estamos aqui e quem somos nós? Fala também pensando nos 3 bilhões de africanos que foram escravizados e povoaram a America Latina. Há meio milhão de unidades territoriais tradicionais no Brasil, que são locais que guardam o conhecimento vivencial e conseguem conexão no dia a dia com essa população. O Brasil se coloca como 54% da população negra, esse cenário diz respeito a população afro descendente porém, estão carentes de se entender como atores desse cenário. A migração que vivemos hoje é fruto da migração forçada antigamente, e é necessário pensar conjuntamente como enfrentar isso.

Mohammed/Saara Ocidental – os países africanos depois da independência iniciaram o processo de integração. Esse processo se busca uma direção entre consenso dos estados.

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11h – Democracia e comunicação: violação à liberdade de expressão e a importância das mídias alternativas;

Rita Freire/Brasil – essa mesa simboliza não só a aproximação, mas o compromisso com as lutas sociais. É um desafio para todos, não só de um segmento, mas a nossa necessidade de ter voz e nos colocar.

A mensagem, mesmo quando é pro próprio movimento não está chegando a todo o público, dependendo do que se publicar, não chega às vezes nem para a mãe. A preocupação de que não está chegando, requer estratégias e criar alternativas, que remetem não só a grupos voltados a comunicação que estão priorizando nos fóruns, mas só terá efeito se for compartilhada com pessoas comprometidas com a resistência.

No âmbito das mídias livres se fez ações, missões, visitas por exemplo para Palestina e Tunisia para dar visibilidade ao que não se tem visibilidade. Essas vozes e lutas precisam ter visibilidade. Muitas vezes essas vozes não chegam até nós mas precisamos romper com isso.

É preciso lembrar também que a mídia publica sempre teve um papel fundamental de levar a produção da comunicação para uma rede e veículos que estão no país. Foi feito um debate na Tunísia com representantes da Grécia que também tinham esse tema. A mídia publica também é uma questão do FSM, que estão sobre ataque. Não podemos perder a perspectiva da mídia publica sob gestão da sociedade também é livre. Encerra dizendo que: “Resistir é criar, resistir é transformar, nada disso se faz sem comunicação”.

Norma Fernandes – Universidade de Córdoba/Argentina – o capitalismo afetou todos os produtos, mercados e territórios e isto está baseado em tudo o que aconteceu na América Latina, com a pior direita de volta ao poder. Isso tudo esteve na base, na raiz, e essa espécie de manipulação midiática é perversa e eficaz. Isso é um dispositivo integral porque que vem através de todos os meios de comunicação e chega até o povo de forma permanente, sem que as pessoas possam refletir o que ouvem/lêem/vêem. Dizem as mesmas mentiras horas após horas e três dias depois essas mentiras desaparecem e surgem outras. Esse dispositivo está relacionado com a colonialidade, com uma resignação das populações diante do poder, mas acima de tudo a base desse dispositivo é a inoculação do ódio gota a gota que vai além dos aspectos racionais, daquilo que as pessoas nos convencem através dos seus discursos e do impulso a odiar o outro, a odiar o que é diferente. Os antropólogos propõem que diante de todas as crises econômicas esses grupos voltam mais resistentes.

Esse ódio que as mídias destilam em todos os diferentes formatos tinham como referência nossa frágil democracia. É muito difícil entender que na Argentina, por exemplo, um dos primeiros regulamentos foi cortar a pensão das pessoas com necessidades especiais, imaginem o nível de perversão e maldade.

Renata Miele - FNDC/Brasil – o FSM se construiu em torno de uma utopia de que é possível construir um novo mundo, porém pra construir isso, precisamos alterar as estruturas de poder da sociedade, que são várias: do Estado, judiciário, parlamento e da comunicação. É preciso avançar no ambiente de comunicação que temos na sociedade. O país teve a primeira vez na sua historia um governo que era oriundo do movimento social, que por mais que fosse um governo de coalizão, em disputa e que tinha dentro de si diversas contradições era um governo que poderia concretizar lutas históricas da população brasileira.

Muitas lutas conseguiram minimamente ter visibilidade nesses 13 anos. O tema da comunicação foi negligenciado nessa agenda de conquistas porque o próprio movimento social não compreendia de maneira mais ampla o papel da comunicação, que sempre foi visto como instrumento de luta política fragmentada (cada um no seu sindicato/partido/movimento), e não como debate político estruturante, por isso precisa ter uma agenda própria. Então o movimento não tinha essa compreensão nem o governo.

Houve num primeiro momento uma inocência política, que sempre cobra um preço caro, de que se podiam fazer alianças com os meios de comunicação privado.

Nesse tempo houve alguns avanços importantes:

1.       Criação da EBC - Empresa Brasil de Comunicação em 2008, que foi um embrião de um processo de enfrentamento, onde passamos a ter uma comunicação pública mas, com diversas dificuldades com a própria construção da programação, onde não havia um processo a ser seguido, estavam ainda entendendo como fazer comunicação publica.

2.       Aprovação da lei que prevê cotas de conteúdo independente na TV por assinatura. A TV por assinatura veicula 90% de conteúdo norte americano que não dialogam em nada com a realidade do povo brasileiro.

3.       Aprovação do marco civil da internet – tida como uma das referencias internacionais na questão.

Avanços esses frutos da luta, pós Conferencia Nacional de Comunicação, mas isso é insuficiente diante de um país que vive um monopólio que está a serviço de um poder econômico que dirigiu o país diante séculos e que invisibiliza a luta do povo brasileiro, que impõe padrões sociais e culturais. Passou então a disseminar os discursos de ódio na sociedade brasileira para criar medo na sociedade, mas principalmente para dividir a luta e impedir os avanços políticos e sociais que vinham acontecendo.

Os nossos governos abdicaram da estratégia de fazer disputa política e ideológica dentro da sociedade, fazendo com que não se enxergue a realidade como algo sendo diferente. Ao não fazer esse discurso permitiu-se que os meios de comunicação fizessem o discurso de ódio onde se abriu caminho para a construção e legitimação de um golpe que foi dado no país em 2016.

Acreditavam que podiam ganhar as eleições, mas conseguiram a partir do discurso midiático, dar um golpe, que foi dado porque o governo ousou enfrentar minimamente os interesses econômicos e só foi possível porque o governo inclusive não enfrentou as reformas estruturantes, como a democratização da comunicação.

A única emissora de televisão que tem ouvidoria é a EBC, e que foi atacada como uma das primeiras medidas do governo Temer. A partir do golpe os poucos avanços conquistados começaram ser destruídos como todas as políticas publicas conquistas. As medidas administrativas pioraram de maneira mais grave, porque é preciso pagar a fatura do golpe. A mídia esta no centro do golpe.

Renata diz que: “É preciso dar recursos para as mídias alternativas, fortalecendo os veículos alternativos. Como fica a luta pela democratização num país onde vivemos um golpe de estado e não reconhece o presidente da republica? Vivemos num estado de exceção onde a liberdade de expressão vive ataques emblemáticos”.

Uma maneira de chamar atenção da importância da comunicação como instrumento e agenda política é mostrar que a liberdade de expressão está no centro dessa luta política. Sem um ambiente diverso e plural o que floresce é o fascismo e o discurso de ódio.

Procurem no youtube vídeos da Campanha Calar Jamais

Bia Barbosa – Intervozes/Brasil – Apresentou o relatório de um ano da Campanha Calar Jamais, que recebeu quase 80 denuncias de liberdade de expressão e que nunca foi garantida de maneira plena no nosso país. Não se começou a apanhar em protestos agora, sempre se apanhou no Brasil.

Num contexto de golpe se percebeu que com o lançamento da campanha, houve uma escalada do cerceamento da liberdade de expressão, que atinge todas as regiões do país, desde as capitais as pequenas cidades. Houve uma ampliação do uso do judiciário para calar vozes e uma diversificação do tipo de liberdade de expressão.

O Brasil sempre esteve no ranking dos países mais violentos para quem trabalha com comunicação. Houve uma escalada e uma diversificação, o relatório traz essas informações e está virtualmente disponível no site da campanha.

Categorias que são apontados no relatório:

1.       Cerceamento a comunicadores e jornalistas que trabalham com comunicação, não só dentro das redações, mas dos comunicadores alternativos, blogueiros, radialistas;

2.       Cerceamento à diversidade cultural com todos os casos da exposição que começou no Santander em Porto Alegre e no MAM e que hoje motivou a diversos projetos de lei em municípios proibindo tais manifestações;

3.       Cerceamento aos servidores públicos que ousaram erguer suas vozes contra o desmonte do país;

4.       Cerceamento às redes sociais onde o cidadão passou a ser cerceado à liberdade de expressão no pouco espaço que tem, é preciso questionar o poder dessas redes, que utilizavam o poder judiciário e também as próprias plataformas.

5.       Cerceamento aos protestos e manifestações, com mortes inclusive.

6.       Desmonte da comunicação pública no país que dá voz a diversidade, não é só a constituição que é desrespeitada, é a liberdade de expressão da sociedade como um todo. A violação publica é cotidiana.

Esse relatório não só da visibilidade, mas se espera que esse relatório seja levado às autoridades competentes, mesmo que o judiciário seja, às vezes, o agente de violação a liberdade, mas será enviado aos organismos internacionais especialmente para ONU e OEA. Esse relatório mostra a gravidade do Estado que nos encontramos.

Denunciem, pois se precisa sistematizar essas denuncias para dar visibilidade a esse tema, assim como todas as retiradas de direitos que temos.

Finalizando, dizendo: “Não há sociedade democrática sem mídia democrática.”

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15h – A onda de intolerância no Brasil e no mundo;

 

18h – Gênero em Movimento: a revolução dos gêneros e o impacto sobre a cultura social dominante;

 

20h – Cultura de Resistência – Criação e diversidade em campo por transformações.

 

18 de outubro de 2017

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8h30 – A quarta revolução industrial e a precarização do trabalho

Inalba Fontenelle/CTB –Reforçou que a construção deve ser coletiva e é preciso agregar-se aos grupos de trabalho para contribuir com o FSM.

A participação cada vez mais se dê não só no mundo do trabalho mas em toda a sociedade, é preciso usar da união e também do ser mulher para ser diferente.

Tivemos as revoluções industriais, mas a mulher não evoluiu no sentimento de sair do mundo privado e ir pra sociedade. Sair de um pensamento individual e ir para o coletivo. Há um pensamento de que não iremos fazer só um movimento feminista, mas de um entendimento a questão de gênero, que não é somente feminino e masculino, mas é como cada um/a se identifica. Não se pode perder de vista a construção de uma sociedade emancipada e que encare uma transformação diferente. Enquanto a mulher não existe um papel elevado de uma mulher não existirá conscientização de que a mulher tem o mesmo direito dos homens.

Que papel as mulheres vão ter diante dessa transformação no mundo do trabalho. Que papel assumirão?

O golpe contra a Dilma foi também simbólico, pois ela assumiu um papel onde nunca foi espaço de mulher.

É preciso construir espaço onde a mulher não pensa só na luta pela questão da educação, da moradia, dos direitos sociais, mas pensa muito mais em constituir-se como ser humano que precisa do trabalho para conquistar as relações humanas e independência.

As mulheres consigam se reafirmar dentro de suas organizações, mas além de tudo que possamos ajudar a luta das mulheres pela emancipação de toda sociedade e seja refletido também pelo suporte que os sindicatos podem dar nesse processo.

A revolução deve vir, mas muito mais do que as discussões de ser contrário ou a favor, é que tipo de revolução irá acontecer e como a mulher será inserida.

Hamoud/Marrocos – esse debate ajudará para nós desenvolvermos juntos, uma visão para o futuro das novas formas de luta que vão instalar de fato um processo para chegar a desenvolver essa concepção como foi chamada de ser “cidadão do mundo”. Essa identidade ligada à nação pode através do FSM desenvolver uma identidade própria para cada u para que possamos caminhar a outro o qual vamos lutar juntos. Estamos num processo para criar, transformar e resistir. O essencial que atinge o trabalho e direito de nossos filhos de ir para a escola e o direito integral ou a mudança do seu país/nação, portanto é um trabalho que vai exigir muito mais, se formos unidos podemos como nossos ancestrais desenvolver nossa concepção nova e instalar nosso plano de ação e de trabalho. Devemos começar baseando-se sobre tudo aquilo que capitalizamos e criar para o futuro. Conta-se muito com o FSM e é uma nova abordagem que deve-se usar para juntar. Deve-se colocar a juventude no centro da ação do FSM da Bahia.

(...) – CUT/Brasil – Não adianta termos trabalho se não termos trabalho seguro. A reforma trabalhista afasta o trabalho do real espaço de luta que é o espaço sindical. Tem se colocado na cabeça do/a trabalhador/a de que “Prefiro ter um trabalho que estar filiado a sindicato”. Percebe-se que de agora para frente os/as trabalhadores precisam cada vez mais dos sindicatos que é quem combate as reformas e a precarização do trabalho. É onde se dialogam juntos todas essas pautas. É importante que possamos continuar debatendo isso para ter mais mesas de debate e construções.

Nivaldo Santana – CTB/Brasil – a grande crise do capitalismo nos anos 30 desembocou na guerra mundial. Agora vivemos o mesmo tempo.

Não há justiça social se não houver desenvolvimento. Em 1980 o parque industrial brasileiro era superior ao da China, hoje eles se transformaram na maior potencia mundial. Nos últimos 10 anos triplicou o salário chinês. Existe uma guerra ideológica que pode ter alguma distorção com relação a China.

Infelizmente o problema da precarização do trabalho, o Brasil aprovou a tercerização e a reforma trabalhista que em certa medida torna o trabalho precário. Como enfrentar a precarização do trabalho nos processos produtivos?

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11h – Terras, territórios e justiça social e climática

Clarice Linspector – Das vantagens de ser bobo

Francine – Justiça Social em nível mundial/Bélgica – A justiça climática é uma justiça social. Neste momento é muito importante concentrarmos toda nossa atenção na justiça social, porque também é um tema da agenda internacional. Para nós isso não é suficiente, queremos mais. Queremos passar de um sistema de proteção social e para transformação social.

Tarefas que temos:

1.       Urgência de dar proteção as pessoas, através dos direitos econômicos e sociais. O sistema neoliberal em todo o mundo está desmantelado, queremos fortalecer esses direitos para que possamos enfatizar os fatos para que precisemos dessa proteção em todas as partes do mundo. Não precisamos só lutar contra a pobreza, queremos prevenir ou evitar a pobreza, fazer com que ninguém conheça a pobreza.

2.       Não é suficiente ter o sistema que temos na América Latina e Europa. A economia e a sociedade mudaram e precisamos de mais, as mudanças ecológicas também precisam de outra conceituação a parti da proteção climática.

3.       Ao falar das mudanças climáticas, muitas vezes pensa-se que as medidas para promover a justiça climática têm que levar em conta as diferentes necessidades dos pobres, que as medidas adotadas não afetem determinados grupos sociais. Por exemplo: se o governo dá subsídios para comprar veículos elétricos não vai servir aos pobres, muito melhor subsidiar transporte público, mas também se pode investir no meio ambiente. O que percebemos agora é que as organizações internacionais como o Banco Mundial o que fazem é publicar números com relação a pobreza extrema mas o que vemos é que há um pequeno grupo riquíssimo de 1% que está no topo. O grupo de 10% de pobreza extrema na base da pirâmide. Um grupo enorme que está acima da base só que esse grupo ainda é muito vulnerável.  Não se pode continuar dessa forma do ponto de vista ambiental, essas conseqüências se mostram de diversas maneiras como o fluxo migratório que se vê em todo o mundo e também sobre o dano ecológico e sobre a conseqüência que tem no sistema econômico e também que traga danos às praticas do direito. Os pobres não têm alternativas, eles têm que utilizar produtos mais nocivos, comer uma alimentação menos saudável, tendem a usar um transporte mais poluente. Essa questão de mudar o sistema de proteção social além disso pode-se proteger o meio ambiente e contribuir com a justiça social. Por isso pensamos que precisamos reconceitualizar a proteção social para que envolva os diferentes pontos que possam levar a uma justiça ambiental melhor.

4.       Temos que nos perguntar como fazer isso, como proteger as pessoas e como fazer com que a proteção possa contribuir com a justiça social e ambiental?

O principal objetivo é promover uma filosofia diferente em termos de proteção social que vá muito além dos direitos tradicionais que inclua as necessidades do meio ambiente e reduza esse hiato da proteção.

O objetivo é romper esse novo paradigma que foi introduzido em todos os continentes é um sistema de proteção social que está a serviço do mercado e da economia.

Ivo – Deseer Assessoria/Brasil – a terra é finita e limitada, para o capitalismo se quer produzir sem cessar para que as pessoas consumam incessantemente. A terra será inabitável, desmata-se de maneira incrível, a água doce está sendo consumida de maneira que não se repõe. (Ver o artigo de Roberto Malvezzi – Hidrocídio). Os alimentos são envenenados por agrotóxicos, o brasileiro consome 5,8 litros de agrotóxicos por ano. A principal fonte de energia utilizada no mundo são os combustíveis fosseis. O sistema econômico quer ser produtivista e consumista, se continuar nessa maneira a vida na terra será morta. É preciso pensar outro tipo de modelo, outra forma de organizar a sociedade.

Boa parte da esquerda e dos movimentos sociais consciente da gravidade enfrenta a contradição principal. O Brasil podia ser o maior produtor de energia solar, as o governo não investe.

Precisa-se mudar a maneira de produzir alimentos a partir da agroecologia. Infelizmente não é assumida como política pública, em contrapartida o que é, é o agronegócio.

A importância da Amazônia não e valorizada, visto a recente “quase” entrega do território.

Ressaltou a importância da Articulação do Semi árido que permitiu mudar a situação das pessoas que convivem nessa região. Há saídas, através das tecnologias sociais, que precisam ser ampliadas.

As cidades precisam ser pensadas para as pessoas e não para os carros. Se tivéssemos transporte publico suficiente, as pessoas não utilizariam tantos veículos.

Os bens hoje são feitos para não durar. Temos que acabar com as propagandas, como acabamos com a de remédio, a dirigida para as crianças, pois é isso que impulsiona o consumo.

É preciso construir outra concepção de desenvolvimento que permita as pessoas bem viver.

Antonio Zambrano – Forum Social Panamazonico/Peru – o que é mudança climática? Quando se pergunta para um campesino ele responde que a mudança climática é uma rã pequena pois ela permitia entender quando iria chover, quando deveria semear, hoje ela já não existe mais nas comunidades do Peru, então isso é mudança climática. A mudança climática não é uma luta contra os gases que estão presentes na atmosfera, é uma luta em defesa do que significa o território com aquilo que construímos no nosso entorno. Nos últimos 50 anos perderam 56% de toda massa de água que estava armazenada nas geleiras, 20 bilhões de m³ que não chegaram a lugar nenhum, nem na Amazônia, nem em SP. A mudança climática começa a ser não apenas motivo de luta para as organizações ela começa a ser uma necessidade que não podemos deixar passar de nossas lutas feministas, sindicais, de jovens.

Pedro Romildo – Sindae - FAMA/Brasil – Em março de 2018 em Brasília acontecerá o grande mercadão da água. Enquanto sociedade civil e movimento ambientalista têm que elaborar um documento de contraposição ao mercadão da água.

Porque o Brasil foi escolhido para sediar esse mercadão? O Brasil é detentor hoje das maiores reservas de água do planeta, há quem diga que 16% de toda a água do planeta estão concentradas no Brasil.

Foi descoberto o novo lençol freático, chamado SAGA, essa reserva de água dará para abastecer parte da America latina por mais 450 anos.

O FAMA está fazendo uma contraposição ao FMA, foi feito um debate em Salvador e estão acontecendo nas demais regiões do país sobre o que vamos defender em Brasília.

O Estado deveria cuidar da saúde, da educação, das questões relativas ao meio ambiente e da água, mas a experiência que se teve nos anos 70 e 80 é que a gestão das águas foi privatizada. Essa onda acabou atingindo a AL como um todo e vivemos a experiência de privatização da água no Chile, Argentina, Peru e em vários países na África. Passando 30 anos, recentemente a mídia inglesa sinalizou que as experiências de privatização foram negativas, isso é um dado real. Os serviços prestados pelas companhias internacionais não deram conta daquilo que colocaram que fariam que era a universalização da água. As tarifas nesses países subiram de forma absurda. O processo de privatização na Europa aumentou as tarifas em 70%. Na França, foram 200%, países aonde a inflação não chega a 1%.

O desafio era garantir até 2.033 que todo povo brasileiro tivesse acesso a água e esgoto com investimento de 510 bilhões, o governo golpista não destinou nenhum centavo para saneamento, ou seja, o BNDES será banco de fomento para fazer o processo de privatização da água no Brasil

A água não é mercadoria, é um direito de todos e a todos pertence.

Severino Souto - MTST/Brasil – A importância da luta de classes no chão de fabrica está tal quanto na dinâmica da luta pelo território da cidade. O direito a cidade vem ganhando espaço, mas é preciso ampliar essa jornada de lutas.

Para debater é preciso saber quem tem a terra urbana e a quem ela serve que é ao grande capital. O domínio dessa cidade e a disputa dela pelos trabalhadores é desigual, porque quem domina são os empreiteiros e dentro dessa realidade é importante colocar que o capital tem avançado nesse processo de geocentrificação da população, que expulsa os povos do centro da cidade para as periferias.

Onde mora o povo desse solo urbano? O que sobra é as periferias, que é o único reduto que os trabalhadores têm, com uma estrutura precária e desumana. Essa expulsão não é feita por nada, é para fazer da cidade, um centro exclusivo do capital.

A moradia popular, que é uma luta que mexe na correlação de forças real dessa condição de emaranhado do capital. Para isso precisa-se compreender o déficit habitacional que há no país. Existem 6 milhões de famílias sem terra no país, há 7 milhões de imóveis vazios, existe tanta terra sem gente e tanta gente sem terra. Há quem está a serviço as prefeituras e estados brasileiros?

Cleiton – Povo Tradicional de Matriz Africana/Brasil – O holocausto da escravidão retirou os povos de seus territórios que eram sagrados e esse processo continua hoje. Se comemos comida que não foi produzida em território sagrado nós estamos em insegurança alimentar. Então não ter terra é a continuação de nosso extermínio. Além da terra, a poluição nos extermina porque rompe nossa conexão com o território sagrado.

Sem território e sem terra já estamos. O FSM é um espaço para garantir essa pauta internacional das políticas publicas para as comunidades tribais e tradicionais. É importante que se crie um espaço para todos os povos tradicionais, pois existe uma diversidade de povos no Brasil (quilombolas, faxinalenses, quebradeiras de coco, indígenas...).

A tradição alimenta não violenta!

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15h – O papel do FSM na construção das convergências dos movimentos sociais no mundo

Apresentação do trabalho em grupo (imagens)

Gustave Massiah - Attac/França - Porque nós frisamos de forma tão importante a questão das resistências, porque precisamos ter vontade de resistir. A revolução não é como uma grande tarde que vai mudar tudo, é um processo descontínuo e contínuo. É aquilo que o fórum social de Belém afirmou, há a necessidade de uma transição ecológica e democrática, então temos um projeto e podemos relacionar a resistência e a criação. Esse laço é muito importante, a idéia que os movimentos juntos definam uma estratégia, que é de relacionar a questão da urgência da resistência às alternativas de projeto. Belém propôs medidas de urgência com a questão dos paraísos fiscais, da divida, do poder financeiro, mas de abrir a perspectiva de transição ecológica e democrática, mas de novas maneiras de pensar o bem comum. O bem viver e radicalizar a democracia.

O mundo está mudando e devemos responder a essa questão da mudança do mundo é aquesto da modernização, porque o capitalismo moderniza a sociedade? O capitalismo é capaz de se revolucionar ele própria pra se transformar a um novo capitalismo. Nós não respondemos bem a modernização. Gramsci diz que a modernização sempre da mais poder ao capital, a idéia do crescimento, do produtivisimo. Devemos propor uma modernização progressista, não podemos dizer que o capitalismo propõe uma modernização regressiva. Devemos inventar uma nova modernização.

Para nós os atores são os movimentos, classes, povos, e a partir dessa revolução que temos que debater.

As revoluções sempre são curtas, mas as contra revoluções são longas e que não anulam nunca a revolução, principalmente aquilo que nasceu na revolução, às novas idéias, as novas formas.

Cinco revoluções que estão acontecendo:

1.       Revolução dos direitos das mulheres

2.       Revolução dos direitos dos povos

3.       Revolução do mundo digital

4.       Revolução da ecologia

5.       Revolução das migrações

Há uma grande violência porque aqueles que dominam o mundo têm medo dessas revoluções.

Salete – Clacso/Brasil – são quatro pontos que devemos dar atenção daqui até março:

1.       Queremos um FSM que tenha significado, precisa ter pra nós que já estamos no processo há muito tempo, continuar tendo significado para quem veio se agregando ao processo, ganhar um novo significado para este momento, e ter um novo significado para quem chegará em março.

2.       A participação da diversidade com significado e atuação. A metodologia sempre vem agregando propostas novas para garantir isso.

3.       Convergência do que é possível, pois não obrigada nenhuma organização/movimento. Mas a metodologia consegue congregar e facilitar para quem participar consiga fazer as incidências nesse mundo que dissemos que não queremos.

4.       O respeito a pluralidade e a diversidade. Isso é condição de participação, não é fácil pra ninguém, mas é um espaço de aprendizagem. Requer coragem de quem vai trazer suas causas e lutas.

Três áreas que precisam dialogar com a metodologia e o programa:

1.       A cultura – esse espaço e essa forma de interação da cultura precisam dialogar desde já com a metodologia para que a sintonia aconteça, que é um espaço de pluralidade e diversidade e precisa ter um mínimo de organicidade para que as pessoas se sintam incluídas.

2.       Espaço inter religioso – Esse lugar pulsa muito as questões religiosas, então precisa ser fundamental esse diálogo para garantir as demais coisas.

3.       A comunicação – não é só pegar um microfone, mas aquilo tudo que envolve uma política de comunicação. Muitas coisas nasceram nos FSM e tornaram-se políticas públicas e práticas dos movimentos sociais. Que a comunicação seja democrática e que busque fortalecer as lutas pelas mídias livre e fortalecer as vozes que fazem essas lutas.

O que nós temos e que nos une em nossas lutas? As diferenças que fiquem em outro lugar.

O que temos de fortaleza em nossa luta e que possamos ajudar outras lutas?

É preciso cuidar da ficha de inscrição da atividade para que seja sinal da busca de articulação, identidade das lutas que estão vindo, e possíveis convergências.

Eduardo Tadeu – Fórum de Autoridades Locais de Periferias/Brasil – necessidade de formação da militância, pois no período de Ascenso estávamos ganhando espaço, saímos da defesa que estávamos e avançamos muito e talvez esquecessem que precisávamos fortalecer: formação da militância e garantia das estruturas das organizações.

Em um ano não saberemos o que será desse país, diante do tal avanço neoliberal.

Anne – UNISOL/Brasil – o FSM é um espaço de interação e impulsionar a transversalidade das lutas para outros campos. É preciso fazer um debate de convergência real, não só nas mesas, mas entre os espaços. A convergência se dará na prática e como ela está conduzindo essas práticas. O espaço é aberto para a escuta e tende-se a ampliar. Sentem falta da juventude para que possam repensar as políticas. Como se consegue realmente universalizar a comunicação. Que as pessoas possam fazer sua prática de atuação diária.

Quando estamos na crise é que nos fortalecemos.

Mauri do coletivo brasileiro do FSM finalizou o Seminário com os seguintes informes:

·         Foram propostos dois novos GTs: Mulheres e Povos Tradicionais.

Esses e os outros GTs não são para fazer os temas, ele é autogestionado, cada segmento irá organizar suas atividades no fórum. A tarefa do comitê é facilitar que as atividades autogestionadas aconteçam.

As inscrições estarão abertas para que as organizações.

Amanhã haverá reunião do coletivo brasileiro. A plenária será no SINDAE, ao lado da Biblioteca Central no Bairro Barris. A partir das 9h até as 17h.

Foi aprovado também uma moção em defesa da educação pública e gratuita em homenagem ao reitor da UFSC e também um moção de aplauso pelos irmãos e irmãs mortos na Somália.

Para as mulheres que quiserem participar do GT enviar e-mail para info@fsm2018.org