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DECLARAÇÃO SOBRE O FSM – UM DIÁLOGO NECESSÁRIO

(Documento aberto a adesões)

As organizações abaixo assinadas, acordam em encaminhar esta mensagem a todas e todos os movimentos sociais globais, em especial, aqueles que seguem acreditando que um outro mundo é possível, urgente e necessário. O objetivo é colaborar com o debate que têm ocorrido no processo de reflexão sobre o papel dos movimentos sociais e, @1 em especial, do próprio FSM neste contexto global de crises sobrepostas e que foi agudizado pela pandemia. Para nós, todas e todos são legítimas/os para pensar e propor alternativas para o futuro comum da humanidade. Por isso, louvamos as iniciativas que apelam para um diálogo sobre as mudanças necessárias nas dinâmicas do FSM frente a um mundo cada vez mais desigual, insustentável e autoritário. Enaltecemos as iniciativas que apelam para um debate franco, aberto, sem dogmas e preconceitos.

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Declaramos que @2 não vemos contradição entre o FSM ser um espaço de encontro, um espaço de articulação de ações e um ator no cenário internacional. Entendemos como ricas as experiências de diálogo, elaboração de propostas e construção de estratégias comuns que os fóruns sociais têm propiciado ao longo destes 20 anos. São incontáveis as redes e articulações surgidas nos espaços do Fórum Social e inúmeras as propostas elaboradas e implementadas ao longo destas décadas, muitas delas, se tornando políticas públicas implementadas por governos em vários Continentes.

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@3 Entendemos também que o FSM já atuou como ator global, publicando declarações, liderando ações globais, defendendo ideias e valores. Tem sido um espaço da diversidade, da riqueza e amplitude dos movimentos sociais, como ocorreu no FSM2018 em Salvador. No entanto, é inegável que isso não tem dado conta dos enormes desafios apresentados pela conjuntura internacional. A vida pede pressa.

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A radicalidade das crises planetária exige que os movimentos sociais se tornem uma vanguarda consciente de seu papel na defesa da vida e do planeta, na superação urgente do modo de vida capitalista e da necessidade de espaços de diálogos e articulações radicalmente democráticos, horizontais e diversos. @4 Uma das formas de buscarmos a construção das convergências é listarmos aquilo que nos une, nos agrega, nos aproxima. Deixando em segundo plano, antigas rusgas e divergências. O FSM, por sua história e legitimidade, pode cumprir um importante papel de articulação de todas as formas de resistências neste sentido. Acreditamos que para isso é preciso que haja mudanças no ambiente do FSM.

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@5 Uma delas é a ampliação dos protagonismos e o empoderamento daquelas redes e movimentos que tem liderado as lutas internacionais anticapitalistas, notadamente as mobilizações contra o cambio climático, pela igualdade de gênero, antirracista, antipatriarcal, contra as políticas de austeridade e o desmonte das proteções sociais e econômicas das populações. É preciso reconhecer o envelhecimento de certas formas de lutas e a novidade das novas estratégias. O FSM deve buscar ter a amplitude e a representatividade dos movimentos de resistência globais.

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A nossa diversidade também está nas formas como pensamos, organizamos e exercemos o poder. Há culturas políticas muito distintas, umas mais centralizadoras e outras mais horizontais. @6 Por isso, junto com este empoderamento, é preciso aprofundar uma metodologia de tomada de decisões que parta da valorização da diversidade, que respeite o direito a divergência, que esteja baseada no respeito e na solidariedade. Ter uma metodologia não hegemonista, profundamente democrática, reconhecendo e valorizando as diversidades. Ter uma metodologia de tomada de decisões que respeita as divergências, mas que não seja interditada por elas. Não às ditaduras da maioria ou das minorias.

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@7 Reconhecer que a superação do método é a porta para a construção das convergências na diversidade. Esse é um sentido fundamental para a construção de convergências respeitando nossas diversidades. Como somos diversos, não podemos partir da premissa da necessidade da uniformização dos pensamentos, das estratégias e das formas de ações. É preciso o exercício da escuta e um compromisso radical com o respeito ao olhar do/a outro/a.

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Dito isso, as organizações abaixo assinadas estão abertas para o diálogo sobre as mudanças necessárias nos processos do FSM, @8 desde a busca ativa para a ampliação das representações dos movimentos e mobilizações internacionais, passando pela reestruturação da lógica de facilitação e governança dos processos. Desde que estas mudanças venham no sentido de garantir o empoderamento das mulheres, das mulheres negras, das comunidades LGBTQI+, dos povos indígenas, dos movimentos antirracistas, dos movimentos sociais de defesa de direitos e de todos os movimentos populares do mundo.

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@9 Estamos abertas a discutir a atualização da metodologia do FSM e seu papel no processo de luta anticapitalista global. Não somos dogmáticos sobre as metodologias.

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@10 Só não abrimos mão da radicalidade da democracia.

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@11 Se o novo FSM proposto alargar os horizontes democráticos nas relações entres nossos movimentos sociais, já teremos dado um passo fundamental para a construção deste outro mundo possível, tão urgente e necessário.


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