Desenho Ciclo do Fórum Social Mundial

Conforme combinado na nossa reunião do GT Metodologia, eu estou enviando o novo desenho do Ciclo de participação no Fórum Social Mundial, com algumas explicações detalhadas e com ajustes baseados nas contribuições que me foram enviadas no email de Damien e Sheila. Quero salientar que eu incorporei a maioria destas sugestões na nova versão. Porém, antes de vê-la, peço que vocês leiam as minhas considerações sobre algumas questões citadas no referido email. Vejam as principais:

1. Concordo plenamente que “temos avançado na proposta de elaboração de calendário (agenda), e na concepção articulada da Ágora dos Futuros, das convergências e da Assembleia dos Movimentos”. No entanto, eu diria que o nosso desafio principal ainda é o de definir claramente os nossos acordos, acúmulos e resultados para poder comunicá-los “para fora” dos GTs e dos Comitês de Organização. Ou seja, devem ser publicadas urgentemente no site oficial do FSM e amplamente divulgadas para a imprensa mundial e nas redes formadas pelas diferentes organizações sociais (sites, blogs e ferramentas web).;

2. Concordo que devemos RESISTIR: Contra o que? Mas também precisamos dizer PARA QUE? Ou seja, precisamos ser propositivos no sentido mais amplo da palavra. Alguns destes propósitos estão citados claramente na Carta de Princípios. É importante destacar que não se trata de dizer algo muito específico, mas realizar um esforço de comunicação que seja capaz de traduzir o slogan “Um outro mundo é possível”. Ou melhor, devemos mostrar um pouco as características deste novo mundo possível (mais solidário, mais humano etc.);

3. Também concordo com o destaque às palavras CRIAR E TRANSFORMAR: Quais as ações propostas? Pois elas servirão para potencializar resistências a partir das ações concretas, realizadas nos diferentes territórios;

4. Sobre o Calendário (que agora será chamado de Agenda): Quando? (Ações distribuídas no tempo). Acredito que deve ser o OBJETIVO FINAL do evento de Salvador, pois ele irá traduzir e representar os nossos acúmulos por meio das diferentes ações realizadas nos diferentes territórios e regiões do planeta, assim como nos próprios eventos do FSM.

5. Concordo que a Agenda dos Futuros deve ser construída a partir dos relatórios, mas que também devemos adotar outras formas de “sistematização” (gravações em vídeo e áudio, por exemplo – para comunidades indígenas e quilombolas), e apresentá-las “prioritariamente” na Assembleia dos Povos, Territórios e Movimentos em Resistência. No entanto, ela também deve ficar disponível em algum lugar de destaque do evento e apresentada nos momentos finais. Talvez após a Ágora dos Futuros. Além disso, a agenda deve ser publicada no site oficial do FSM e amplamente divulgada para a imprensa mundial e nas redes sociais (sites, blogs e ferramentas web). Aproveito para dizer que eu defendo uma agenda aberta para novas adesões, ações, eventos e jornadas futuras, desde que estas estejam de acordo com os propósitos e os princípios do Fórum Social Mundial, descritos na Carta de Princípios. No movimento Fronteras Culturales aprendemos que quando o Propósito e os Princípios estão claros e difundidos, as manifestações surgem de todas as partes, sem pedir licença;

6. Entendo que a descrição da Ágora dos Futuros ainda não está comunicando com clareza, e que o GT Iniciativas e Ágora deve trabalhar junto com o GT Metodologia com a finalidade de esclarecer o formato e descrever em detalhes este importante momento do FSM; Sobre a primeira versão do desenho:

7. Concordo que não deve ser uma “mandala”, mas também que não é uma espiral sem direção e sem um propósito claro! Na verdade, o desenho é representado por círculos circunscritos e complementares, com um destaque para CICLO DE PARTICIPAÇÃO, formado pelos principais momentos do FSM (espaços de participação). Estes podem ser ampliados, ou diminuídos, de acordo com as decisões políticas de gestão e comunicação;

8. Portanto, o objetivo do desenho preliminar foi o de comunicar com clareza que trata-se de um Ciclo com vários “MOMENTOS” do FSM, e que estes servem para orientar os diferentes participantes, desde a preparação/organização do evento FSM, passando pelo próprio evento, e culminando com as atividades do período pós-evento FSM, que está representado por uma agenda local, nacional e internacional; 9. Cabe ressaltar que os círculos mais externos não representam “o mundo”, como foi dito no email, mas os propósitos (maiores) definidos na Carta de Princípios do FSM - Vejam mais adiante uma explicação sobre o que é o “propósito”; 10. No novo desenho eu acatei a sugestão de inserir como “ponto de partida” a dinâmica de mobilização, assembleias, GTs, comitês, que foram criados no processo de construção do evento FSM. Ou seja, concordo que o FSM não começa apenas com as inscrições;

11. A divulgação internacional e a participação em eventos mundiais deve fazer parte da Agenda dos Futuros e não é um “momento” do FSM, mas uma atividade ou ação específica;

12. Acatei a ideia de mostrar a diversidade de movimentos no centro dos círculos, pois entendo que eles, junto com os diversos coletivos e entidades sindicais, são os protagonistas do FSM;

13. Também acatei a sugestão de mencionar Assembleia das Mulheres como um momento destacado do Fórum Social Mundial. No entanto, entendo que outros momentos poderão co-existir com outras atividades e momentos, como por exemplo, marcha do movimento negro, dos povos indígenas em suas mais diferentes formas de manifestações. O Ciclo deve permanecer aberto para outras contribuições;

14. Entendo que o ato rumo ao FAMA e outros atos devem ser considerados como atividades autogestionadas ou fazer parte da Agenda dos Futuros. Quem vai organizar? Quando ocorre? Não tenho informações suficientes para avaliar.

15. Posso não utilizar as palavras iniciativas e nem inscrição de iniciativas, mas é importante definir quais serão as PALAVRAS. Serão atividades? Ações? Lembrem que o FSM não pode ser considerado apenas um evento. Para refletir!

16. Revisei os diversos círculos do desenho e concordo quer o 1º (mais próximo do centro) colocava juntas palavras que são muito diferentes. Isso tornava o significado confuso. Mas não concordo que sejam eixos, pois estes mudam de evento para evento e também podem limitar o universo de temas e a criatividade dos participantes. Eu entendo que a participação deva ser orientada apenas pelos Propósitos (maiores) e pelos Princípios (valores) definidos na Carta de Princípios, com total liberdade de manifestação;

17. Retirei o sinal + entre as palavras, e citei quem são os protagonistas... os coletivos, as entidades sindicais, os movimentos sociais. quem mais participa? governos eu sei que não!

18. Concordo que citar o imperialismo não é suficiente, mas está lá na Carta de Princípios. Acatei e inseri a luta anti-racista, anti-sexista, anti-colonial e a promoção dos direitos humanos e dos direitos ambientais, e destaquei outras aquelas que estão citadas na Carta de Princípios;

19. Gostei muito e acatei a ideia de inserir ilustrações simples (quase pictogramas) para expressar cada etapa/momento/grande atividade: assembleia das mulheres, inscrições, mobilizações, etc. Mas, como eu não sou um designer e nem um artista, sugiro que sejam utilizadas alguns grafismos baseados na iconografia baiana, substituindo as figuras (improvisadas) que eu utilizei.

O Ciclo do FSM

Este desenho do Ciclo do FSM serve para comunicar e orientar as pessoas, as organizações e os movimentos sociais sobre os “momentos” (espaços de participação) durante o pré-evento, o evento e o pós-evento Fórum Social Mundial. Ele também serve para informar qual é o Propósito maior do FSM (Pra que existe o FSM?) e quais são os protagonistas do FSM (quem pode participar do FSM?), conforme a Carta de Princípios.

Sobre o Propósito (maior): O propósito é algo que une todas as organizações e os participantes de um determinado evento, jornada, plano e/ou projeto. Não pode ser algo específico para uma ou outra categoria, um ou outro movimento social. Não pode ser confundido com um OBJETIVO. Por exemplo, a realização de uma manifestação com um determinado objetivo específico. Isto seria uma atividade e jamais um propósito. O propósito é algo amplo que funciona como uma utopia, que serve para caminharmos juntos, lado a lado. Resolvi adaptar os seguintes propósitos retirados da Carta de Princípios:

• O FSM opõem-se ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo. O FSM está empenhado na construção de uma sociedade planetária orientada a uma relação fecunda entre os seres humanos e destes com a Terra (diretriz nº 01).
• As alternativas propostas no Fórum Social Mundial contrapõem-se a um processo de globalização comandado pelas grandes corporações multinacionais e pelos governos e instituições internacionais a serviço de seus interesses, com a cumplicidade de governos nacionais. (...) uma globalização solidária que respeite os direitos humanos universais (diretriz nº 04).
• O Fórum Social Mundial é um processo que estimula as entidades e movimentos que dele participam a situar suas ações, do nível local ao nacional e buscando uma participação ativa nas instâncias internacionais, como questões de cidadania planetária, introduzindo na agenda global as práticas transformadoras que estejam experimentando na construção de um mundo novo solidário. (Diretriz nº14).

Observação: como já foi dito, também foi inserida a “luta anti-racista, anti-sexismo, anti-colonial... e a promoção dos direitos humanos e dos direitos ambientais” que foi sugerida no referido email, pois ela está de acordo com o respeito aos “direitos humanos universais”, uma “globalização solidária” e a “relação fecunda entre os seres humanos e destes com a Terra”.

Sobre os Princípios: os princípios são os múltiplos valores que orientam a participação das pessoas e organizações no FSM. Podem ser muitos, mas eu destaquei os seguintes:

• O Fórum Social Mundial é um processo de caráter mundial. Todos os encontros que se realizem como parte deste processo tem uma dimensão internacional (diretriz nº 03).
• O Fórum Social Mundial será sempre um espaço aberto ao pluralismo e à diversidade de engajamentos e atuações das entidades e movimentos que dele decidam participar, bem como à diversidade de gênero, etnias, culturas, gerações e capacidades físicas, desde que respeitem esta Carta de Princípios (diretriz nº09).
• O Fórum Social Mundial, como espaço de articulação, procura fortalecer e criar novas articulações nacionais e internacionais entre entidades e movimentos da sociedade, (...) resistência social não violenta ao processo de desumanização que o mundo está vivendo e à violência usada pelo Estado (Diretriz nº13).

Momentos (espaços de participação):

O objetivo dos MOMENTOS (ou espaços de participação) é visualizar e comunicar “onde as pessoas e organizações podem participar?” e “onde é elaborada e sistematizada a Agenda dos Futuros?” Na verdade, o Ciclo do FSM representa um processo dinâmico de reuniões, marchas, atividades autogestionadas e de convergências, assembleias, Ágoras dos Futuros e Agendas dos Futuros, até a realização do próximo evento FSM, sempre recebendo ajustes e melhorias. Estes “MOMENTOS” podem ser ampliados e/ou suprimidos, conforme a metodologia adotada e os planos de comunicação, aprovados para a realização de cada novo evento do FSM.

Sujeitos (agentes políticos e culturais):

São diversas organizações. Podemos descrevê-las de uma forma genérica como sendo: coletivos, entidades sindicais, movimentos sociais e comunidades. Existem outras denominações?

Sobre a Agenda dos Futuros:

A diretriz nº02 da Carta de Princípios afirma que o FSM é um processo permanente de busca e construção de alternativas, que não se reduz aos eventos. Já nas diretrizes 13 e 14 é possível encontrar referências à criação de articulações ativas nas agendas nacionais e internacionais. Portanto, o evento Fórum Social Mundial destaca a importância das ações, eventos, jornadas de lutas etc que ocorrem nos territórios de origem das organizações, em todos as regiões e países. Veja o que diz a Carta de Princípios do FSM sobre a construção de uma Agenda (dos Futuros):

• O Fórum Social Mundial, como espaço de articulação, procura fortalecer e criar novas articulações nacionais e internacionais entre entidades e movimentos da sociedade, (...) resistência social não violenta ao processo de desumanização que o mundo está vivendo e à violência usada pelo Estado (Diretriz nº13).
• O Fórum Social Mundial é um processo que estimula as entidades e movimentos que dele participam a situar suas ações, do nível local ao nacional e buscando uma participação ativa nas instâncias internacionais, como questões de cidadania planetária, introduzindo na agenda global as práticas transformadoras que estejam experimentando na construção de um mundo novo solidário. (Diretriz nº14).

Enfim, considerando que as questões relativas às autonomias não podem ser “administradas” por nós e nem por terceiros, pois elas pertencem a cada organização participante do FSM, eu resolvi não abordar novamente este tema, pois entendo que ele já foi suficientemente debatido e assimilado pelos membros dos Gts, e que a divulgação antecipada e a liberdade de participação nos diferentes MOMENTOS do Ciclo do FSM será a maior garantia de reconhecimento das diferentes “autonomias”.

Vejam o novo desenho do Ciclo FSM (na próxima página):