• transicionci iniciativas e agora insumo metodologico fronteiras culturales

last modified January 16, 2018 by facilitfsm


Prezado Mauri

Favor enviar para os demais membros do GT metodologia. Após ver a programação que está publicada no site do FSM, de conversar contigo e com o GT Iniciativas e Ágora, eu resolvi refazer aquelas minhas considerações e sugestões que tu enviaste para o GT de Metodologia.

Resolvi fazer algumas mediações nas denominações para atender as diferentes expectativas e contradições existentes, pois entendo que elas precisam reconhecer o nosso acúmulo até este momento.Também estou sugerindo um desenho que traduza o processo solidário e colaborativo do FSM.

Veja as principais reflexões:

A diretriz nº 2 da Carta de Princípios orienta que o FSM deve ser compreendido como um processo permanente de busca e construção de alternativas, que “não se reduz aos eventos”.

Por seu lado, a diretriz nº 5 diz que o FSM “não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial”, e a diretriz nº 7 complementa ao dizer que o FSM “se compromete a difundir amplamente as decisões, pelos meios ao seu alcance, sem direcionamentos, hierarquizações, censuras e restrições, mas como deliberações das entidades ou conjuntos de entidades que as tenham assumido”.

A síntese que une o propósito, os princípios e a forma de organização está na diretriz nº 8, pois ela afirma que o FSM “articula de forma descentralizada, em rede, entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo.

A diretriz nº 12 destaca que o FSM é um “espaço de trocas de experiências, que estimula o conhecimento e o reconhecimento mútuo das entidades e movimentos que dele participam, valorizando seu intercâmbio”.

A diretriz nº 13 avança no mesmo sentido ao dizer que o FSM é um “espaço de articulação, que procura fortalecer e criar novas articulações nacionais e internacionais entre entidades e movimentos da sociedade, (...) que reforcem as iniciativas humanizadas em curso pela ação desses movimentos e entidades” e a 14ª mais ainda, ao dizer que o FSM deve estimular “as entidades e movimentos que dele participam a situar suas ações, do nível local ao nacional e buscando uma participação ativa nas instâncias internacionais, como questões de cidadania planetária, introduzindo na agenda global as práticas transformadoras que estejam experimentando na construção de um mundo novo solidário”.

Todas essas diretriz estão orientadas pelos propósitos de “opor-se ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital”, “opor-se a qualquer forma de imperialismo” e “construir uma sociedade planetária”.

 As autonomias (das organizações e das iniciativas) destacadas na diretriz nº 7 são importantes, e sabemos que jamais teremos ingerência sobre elas

. Segundo o mestre Paulo Freire “ninguém é dono da autonomia de ninguém”, e, portanto, as pessoas e organizações precisam ser tratadas como SUJEITOS dos processos programados ou não

Neste sentido, o papel dos “facilitadores” e GTs do FSM deve ser o de reconhecer todas as autonomias e, ao mesmo tempo, destacar os espaços (momentos) de construção de “possíveis convergências”, ao planejar a agenda multifacetada de lutas futuras.

Portanto, os “facilitadores” não irão disputar conteúdos, mas devem ficar atentos aos “momentos-atividades” definidos pela metodologia   e no esclarecimento dos propósitos e das diretrizes definidas na Carta de Princípios.

Oi seja, o [grupo facilitador do]FSM não definirá o conteúdo das iniciativas e/ou atividades, mas criará as condições para a construção da máxima convergência possível entre as pautas e as jornadas de lutas existentes)Isso vai se refletir claramente no calendário de lutas pós-evento

Desta maneira, com a clareza do propósito do FSM 2018, baseados na Carta de Princípios, os movimentos sociais e as organizações vão se preparar melhor para o FSM 2018, com suas pautas atuais e os seus planos de lutas futuros, para convergir ou não com as demais lutas nacionais e internacionais.

Acredito que a intenção de todos(as) os membros dos comitês do FSM é a de facilitar a construção da máxima convergência possível entre as lutas que já ocorrem nas regiões de origem dos movimentos e das entidades (Estados, países, etc.), mas dá pra perceber que a divulgação da programação e dos conteúdos que estão publicados no site do FSM 2018 não traduzem isso.

É preciso deixar muito claro para as novas organizações que o “evento FSM” está focado nas “formas de participação”, nos propósitos (pra que participar?) e também nas diretrizes definidas na Carta de Princípios.  

Não há dúvida de que todos(as) queremos reconhecer o que está ocorrendo em cada região do planeta e, ao mesmo tempo, queremos permitir que as organizações e entidades (de forma autônoma, como sujeitos) apontem para o futuro.

Por isso é preciso deixar claro que os processos das “atividades auto-gestionadas”, das convergências, das assembleias e da Ágora do Futuro podem e devem somar-se, colaborando uma com as outras, e vice-versa. Todas focadas na construção de um único evento: o FSM 2018, e não de uma ou de outra “atividade” (momento) programada.

Ficou claro que as não dependem dos organizadores do FSM, mas das entidades e organizações e, principalmente dos seus planos e projetos futuros.

Mais ainda falta esclarecer que o evento anual FSM 2018 deverá construir um calendário aberto, em que todas as organizações deverão tomar conhecimento das lutas que cada uma está priorizando e tocando em frente, para poder dialogar e até se somar, no presente ou no futuro, criando novas redes nacionais e internacionais POR UM NOVO MUNDO POSSÍVEL.

Somente desta forma o FSM não será concebido e tratado apenas como um evento,  mas como um processo dinâmico e solidário de lutas nacionais e planetárias, para atender os propósitos definidos na Carta de Princípios.

Ao guiar-nos pela Carta de Princípios vamos evitar as “soluções” individualistas e de grupos, pois ela foi aprovada coletivamente e incentiva a dimensão mais ampla da solidariedade entre os movimentos e os povos do mundo inteiro.

Por fim, as iniciativas autogestionárias, as convergências, as Assembleias dos Povos, Movimentos e Territórios em Resistência e a Ágora do Futuro devem ser consideradas como momentos da metodologia, no mesmo grau de importância, e que precisam dialogar entre si

A realização de um grande ato ao final do FSM de Salvador também deve ser visto e tratado como um momento de grande celebração e de amadurecimento, além de servir para a divulgação dos nossos avanços em 2018.

Se conseguirmos DIVULGAR COM ANTECEDÊNCIA este conceito unitário e colaborativo do FSM  junto com o espírito de solidariedade presente na Carta de Princípios, as pessoas e as organizações irão mais preparadas para Salvador.

Assim, todas irão apresentar o que estão realizando e também o que estão planejando para o próximo período nas suas regiões e países. Portanto, o nosso desafio está na definição de uma metodologia que fique clara, objetiva e colaborativa, pela divulgação dos momentos e formas de participação colaborativas antes, durante e depois do evento FSM, passando pela participação de SUJEITOS POLÍTICOS (organizações e entidades) com suas ações, projetos e planos concretos, pela atenção dos facilitadores do FSM, e pela construção um grande calendário de lutas autônomas e/ou convergentes para o próximo período.

DESENHO PARA DIVULGAÇÃO: Sugestão - para ajustes e melhorias (para comunicar com clareza, as nomenclaturas precisam traduzir o que pode ser realizado na prática).

 ricardo-imagem2.jpg

Todas as fases, formas de participação, atividades são colaborativas ou convergentes para o próximo período. e convergem para o calendário de lutas pós-Fórum, desde as inscrições das iniciativas autogestionárias, passando pelas possíveis convergências, pelas Assembleias dos Povos, Movimentos e Territórios em Resistência e culminando com a Ágora do Futuro (a divulgação do calendário de lutas se dará ao final, durante a celebração).

Ou seja, todas colaboram com todas... E todas são preparadas com o máximo de antecedência, com um espírito de solidariedade, orientadas pelo propósito e as diretrizes definidas na Carta de Princípios. Em função da existência de culturas políticas que priorizam o “autonomismo” ou o “assembleísmo” será preciso enfatizar que tanto as Assembleias dos Povos, Movimentos e Territórios em Resistência (mulheres, movimento negro, povos indígenas, mudanças climáticas, fronteiras culturais, questões agrárias, mobilidade urbana, etc como a Ágora, são “momentos” colaborativos do FSM.

E que nestes momentos serão criadas e “costuradas” as iniciativas que formarão o calendário de lutas combativo (pós-FSM) em várias regiões do planeta. Portanto, vai depender do acúmulo construído antes e durante os três primeiros dias do FSM quando serão realizadas as Assembleias dos Povos, Movimentos e Territórios em Resistência e depois formada a Ágora do Futuro que será possível analisar quais foram os avanços e quais são os retrocessos das nossas organizações.

O espelho desta nova realidade será visto durante a celebração final, junto com a divulgação do calendário de lutasatividades e eventos a serem realizados nos diferentes países.

Correção: o Pierre me disse que concorda que as assembleias sejam tratadas como “atividades” e não sempre como “iniciativas”. Portanto, eu corrijo o meu comentário anterior sobre a opinião do Pierre sobre este assunto. Enfim, se estas reflexões forem aceitas, acredito que estaremos todos de acordo e construindo um novo mundo solidário e possível!

Um abraço fraterno, Ricardo