• salvador17 input18

last modified March 7, 2018 by facilitfsm


 

 EN - ES - FR - PT 

globe-logo.png

Fórum Social Mundial: espaço aberto ou organização? (descarregar)

Algumas ideias a respeito das discussões sobre o futuro do FSM

Chico Whitaker, Jorge Abrahão, José Correia Leite, Mauri José Vieira Cruz, Moema Miranda, Oded Grajew, Salete Valesan, Sergio Haddad.

 

Em fevereiro do ano 2000 representantes de oito movimentos sociais, sindicatos e ONGs brasileiros[1] atenderam ao convite de Oded Grajew, então coordenador do movimento “CIVES - Empresários pela Cidadania”, para discutir em seu escritório, em São Paulo, uma proposta de organização de um “Fórum Social Mundial”. Nenhum de nós imaginava, até então, a dimensão que esse Fórum ganharia. Nem que, na nossa diversidade de engajamentos e atuações, iriamos desenvolver juntos, ao longo de muitos anos, uma intensa reflexão sobre a forma e o sentido de realização da proposta e viver um reaprendizado na maneira de fazer politica.

Também não prevíamos que o FSM se transformaria num processo autônomo, como um “bem comum da humanidade”, usado livremente pelos coletivos que descobrissem sua utilidade para suas lutas, com Fóruns Sociais regionais, nacionais e locais e, ultimamente, temáticos. Nem que sua metodologia, horizontal e plural, passasse a ser adotada nos mais diferentes espaços, como símbolo de uma nova forma de organização. Menos ainda que, ao mesmo tempo, a forma e o sentido que deram à proposta encontrariam, continuamente e insistentemente, as mesmas resistências e incompreensões quanto à função do FSM na luta política. Até que, 18 anos depois de lançado o processo, surgissem propostas mais ousadas de remédios para crises vividas por uma das instâncias nele criadas, que podem matar o que nele não está doente...

Origem. Oded estava voltando da França, onde constatara a força nos meios de comunicação de massa do Fórum Econômico Mundial, que vinha se realizando anualmente, desde 1971, em Davos, na Suíça. Reunindo os líderes políticos dos países mais ricos e os dirigentes de grandes empresas e multinacionais, esse Fórum facilitava o contato entre eles para a solução de pendências e promoção de seus negócios, mas mais do isso, difundia no mundo, com o enorme apoio de todos os grandes meios de comunicação de massa, por eles controlados, o “pensamento único” da lógica capitalista do mercado. Depois da queda do Muro de Berlim, em 1989, esta lógica passara a dominar cada vez mais espaços, sob o nome de neoliberalismo.

Tornara-se necessário intensificar a denúncia da perversidade dessa lógica quanto à justiça social, à superação da desigualdade e o respeito à diversidade cultural, e mostrar que havia sim outros caminhos para a humanidade e gente por toda parte experimentando e lutando por alternativas. Era preciso, por outro lado, fazer renascer a esperança, que definhava. E a frase que acabou por ser adotada para resumir a mensagem do Fórum, quando se decidiu realizá-lo, afirmou a confiança que se tinha de que em : “um outro mundo é possível”.

 Segundo a proposta, o Fórum deveria visibilizar, mais além das fronteiras do seu próprio país, aqueles que estão construindo essas alternativas, e estimular alianças – inclusive planetárias - que aumentassem sua força. Ela incluía também a necessidade de conquistar espaço na grande mídia, o que seria facilitado se, numa operação de comunicação, o Fórum Social se realizasse exatamente nas mesmas datas do Fórum Econômico, contrapondo-se claramente a ele. A concomitância de datas deveria também obrigar as lideranças políticas a fazerem uma escolha entre participar de Davos ou de Porto Alegre. [2]

O desafio era grande, dada a diferença na própria natureza dos dois Fóruns: o de Davos, que se realizava desde 20 anos antes, era organizado por uma empresa de eventos e financiado com contribuições anuais de cerca de 1.000 grandes empresas do mundo e taxas de 20.000 dólares de cada participante – todos devidamente convidados; o de Porto Alegre seria um encontro de pessoas e organizações da sociedade civil interessadas em participar, às quais seria solicitada uma contribuição financeira simbólica para cobrir os custos do evento. Tornando o desafio ainda maior, tínhamos à frente um prazo curto: havia a promessa de apoio de um grande jornal francês, o “Le Monde Diplomatique”, mas para isso era importante que realizássemos nosso Fórum no início de 2001. Esse jornal já vinha participando decisivamente de outras mobilizações, então chamadas de anti-globalização neoliberal, como os protestos contra as decisões preparadas para a Assembleia da Organização Mundial do Comércio – OMC em Seattle, nos Estados Unidos, em 1999. Dele veio igualmente a sugestão de realizar o Fórum Social no Brasil, e em Porto Alegre, que se tornava mais conhecida no mundo pela sua experiência de orçamento participativo[3].

Características. Decididos a enfrentar o desafio, lançamo-nos no trabalho. Uma série de orientações quanto à modelagem do Fórum foram sendo definidas, pouco a pouco, e ao longo dos meses de que dispusemos. A primeira, logo adotada, foi a de caracterizá-lo como uma iniciativa independente de governos e partidos, isto é, como algo promovido autonomamente pela sociedade civil, esse novo ator político que emergia como sujeito autônomo em muitos lugares do mundo, quase como uma reação à manipulação das massas por diferentes projetos de poder de estado, que fizera o mundo viver grandes tragédias. Essa sociedade civil que se articulava internacionalmente tivera uma experiência bem-sucedida como ator político em Seattle, onde bloqueara as decisões da OMC.

Consultamos imediatamente o Governo do Rio Grande do Sul e a Prefeitura de Porto Alegre sobre seu eventual apoio dentro dessa condição[4]. Eles não só se dispuseram a apoiar a realização do evento como aceitaram nossa orientação, garantindo a autonomia da iniciativa, e que foi reafirmado pelo vice-governador do Estado[5], que integrou a comitiva que seguiu em Julho para Genebra para apresentar o projeto às organizações do movimento anti-globalização neoliberal, ali reunidas numa de suas assembleias.

A segunda orientação, mais de caráter organizativo, foi calcada na experiência de formação de redes, mais propícia à democracia, por sua horizontalidade, e que crescia no mundo e assegurara o sucesso das ações em Seattle. Era uma orientação ousada, que substituía a pirâmide de poder e seu verticalismo hierárquico autoritário, usada desde o nascimento das “sociedades de massas”, no final do século XIX, por sindicatos, partidos, empresas e instituições militares. Essa opção se inspirava também nas propostas do movimento zapatista, do México, que naqueles tempos surgia como uma grande inovação no modo de fazer política.

Quase naturalmente assumimos então que nosso próprio grupo de organizadores não teria um coordenador nem um porta-voz, o que criaria o risco de disputas pelo exercício da liderança, como é usual na prática politica. Seríamos um colégio de iguais - para o desespero dos jornalistas acostumados a ouvir somente a palavra dos líderes. Com isso, nossas decisões passaram a ser tomadas por consenso, um método possível quando se trabalha em corresponsabilidade. Deixamos assim de usar o voto para aferir a vontade majoritária, uma regra que é básica e uma conquista da democracia, mas que, na prática de quase todas as organizações sociais, leva a disputas indevidas de poder e a recorrentes divisões.

Essa orientação levou o grupo organizador a viver, ao longo dos meses de preparação do primeiro FSM e dos anos que se seguiram, a prática que propunha fosse experimentada no FSM: abandonar a habitual tendência a assegurar uma condição hegemônica para sua própria organização na construção de alianças e de frentes politicas. Isto permitiu construir laços de confiança e de cooperação, dentro da extrema diversidade quanto ao tipo e área de atuação de cada um e de cada uma, e superar, até nas suas relações pessoais, a competição, base da cultura do capitalismo.[6]

A mesma orientação horizontalizante, combinada com o princípio da autogestão – outra antiga experimentação social visando à superação do capitalismo – foi adotada na própria programação do evento: em vez de escolher temas, convidar expositores e cobrir suas despesas de deslocamento – como fazem os Fóruns em geral e, naturalmente, o de Davos - optamos por sugerir temáticas genéricas e oferecer espaços de discussão sobre elas, sem privilegiar nenhuma, aos movimentos sociais e populares, sindicatos e ONGs que se interessassem[7], Na lógica da autogestão, passava a ser deles a escolha de eventuais expositores e o próprio modo de organizar a atividade cabendo-lhes igualmente arcar com os custos de participação de convidados e militantes[8].

Na verdade, essas inovações organizativas pertenciam ao mundo alternativo ao “pensamento único” do mercado, da competição e do poder de estado. Se pretendíamos visibilizar o “outro mundo possível”, o próprio Fórum teria que expressar os seus valores, na linha gandhiana do “seja você mesmo o que você quer para o mundo”. E o acolhimento que muitos novos movimentos sociais surgidos nos últimos tempos deram ao princípio da horizontalidade adotado no FSM mostra bem que já está mais generalizada a percepção de que o “outro mundo” exige, para sua efetiva construção política, novos modos de agir.

Ao longo da preparação do evento foi ficando também cada vez mais clara a importância de outro princípio central que muitos setores da esquerda ainda relutavam em aceitar, o do respeito às diversidades, que, ademais, é condição básica de sobrevivência da própria Natureza. As diversidades de línguas, culturas e hábitos em eventos internacionais e mundiais eram crescentes. Mas era preciso respeitar as diversidades de análises e estratégias, de tipos e áreas de luta e da própria posição de cada um e de cada uma em sua caminhada – dos/as “iniciantes” aos/as mais radicalizados/as. Não se tratava de acolher somente lideranças ou pessoas que pensassem o mesmo e da mesma forma. Para algumas pessoas, o Fórum criaria uma oportunidade de reconhecimento mútuo entre elas e entre organizações e de superação de preconceitos e antagonismos, muitas vezes criados pela própria dominação enfrentada – “dividir para dominar” – assim como de identificação de convergências rumo a novas articulações. Para outras, ele seria um espaço de reflexão e debate sobre as necessidades e possibilidades de mudança, de aprofundamento do conhecimento e mesmo de descoberta ou simples formação. A própria experiência prática do convívio ganhava um papel central.

Essa reflexão abriu espaço para outra, com consequências ainda mais exigentes em termos de mudança da prática politica, sobre a natureza da construção do “outro mundo possível”. As mudanças – e as lutas – exigidas para isso teriam que ser de uma enorme variedade e de diversos níveis de profundidade. Não poderiam ser reduzidas a uma simples tomada do poder político, menos ainda dentro de um país de forma isolada dos demais, nem se tratava de atrelar a ação a governos de esquerda, por mais bem-sucedidos que fossem. Era necessária uma longa e extremamente diversificada sequência de ações políticas de várias gerações, com muitas vitórias e derrotas. Ainda mais depois que as intuições libertárias que o mundo conhecera – e que mal puderam ser experimentadas ou que foram desvirtuadas – afundaram na vala comum das propostas derrotadas na “Guerra Fria”. Durante os quase cinquenta anos da corrida armamentista que essa guerra durou, os governos do sistema capitalista desenvolveram um intenso trabalho de comunicação, visando transformar as propostas socialistas e comunistas em sinônimos do Mal. E conseguiram introjetar uma enorme resistência a elas – que dura até hoje - nos corações e mentes das pessoas pelo mundo afora.

Mas as intuições libertárias continuaram a surgir, reforçadas pelas transformações que estavam acontecendo no capitalismo da virada do milênio. De um lado, as novas tecnologias da informação e da comunicação permitiam o crescimento das relações horizontais, tornando mais difícil restringir o acesso a informações ou debates considerados indesejados: os protestos de Seattle são contemporâneos do auge dos movimentos de luta pelo software e pela cultura livres. De outro, a globalização neoliberal reforçava a importância da articulação internacional das lutas e impulsionava a criação de novas e diversificadas redes de movimentos sociais (facilitadas também pela internet). Por fim, se a globalização neoliberal trazia consequências muito negativas para o movimento operário fordista e para as correntes socialistas nas sociedades industriais, a continuidade da urbanização do planeta e as transformações na morfologia e nos territórios do mundo do trabalho também estimularam uma miríade de novos movimentos e experimentos políticos de retomada do espaço público – um processo que já víamos no Reclaim the Streets na Inglaterra dos anos 1990, um precursor dos Indignados e do Ocuppy Wall Street.

Reações, esperadas e inesperadas, e muitas descobertas. Era esse contexto e essas preocupações que tornavam natural nossa recusa à ideia do FSM ter um documento final ou tomar posições políticas enquanto Fórum. Esta foi e continua sendo uma das reivindicações que mais mobilizaram, de diferentes formas, desde o primeiro Fórum Social Mundial, aqueles e aquelas  participantes que não chegaram a tomar plena consciência do tamanho do desafio da construção do “outro mundo possível”. Como pretender que tudo convirja para um único documento final, curto, para que seja lido e difundido, ou para tomadas de posição subscritas por todos e todas, que acaba sendo formal e empobrecedor frente à riqueza das discussões feitas e das experiências vividas e à diversidade das dezenas de milhares de participantes dos FSM e dos milhares de debates e propostas que neles surgem? Nada impede que saiam do Fórum documentos assinados por quem os aprove. Mas uma única declaração conclusiva que abranja tudo de todos e todas abriria finalmente espaço, como há os/as que parecem desejar, para as manipulações enganosas, tão usuais na política de poder – inclusive porque nem se poderia cogitar de submeter democraticamente essa declaração aos milhares de participantes dos Fóruns convidados a subscrevê-la.

As “assembleias de movimentos sociais” no último dia dos Fóruns foram organizadas pelos que compartilhavam o sentimento de que era necessário um documento final, que desse a todos “orientações para a ação” antes que voltassem para suas casas, como se faz em toda boa assembleia ou convenção partidária ou religiosa. Como se as pessoas ali presentes fizessem parte de um único movimento, tivessem o mesmo nível de engajamento e precisassem ser estimuladas para tipos ou áreas de luta consideradas principais. Estas iniciativas eram legitimas enquanto conclusões coletivas das organizações que as subscreviam, mas não podiam pretender apresentá-las como as conclusões daquele Fórum como um todo (como frequentemente eram apresentadas), ou como as mais importantes em torno das ações mais estratégicas para construir o “outro mundo possível”. Foi nessa mesma perspectiva que em 2005 – que contou com 150.000 participantes - dezenove ativistas reconhecidos internacionalmente[9] lançaram um “Manifesto de Porto Alegre” (ou “Consenso de Porto Alegre”, para se contrapor ao Consenso de Washington) enumerando as doze mudanças de que o mundo precisava para ser mais igualitário.

 

Olhando retrospectivamente, essas iniciativas foram apenas aspectos do processo muito mais abrangente de espaço aberto do FSM, que permitia estas e inúmeras outras atividades auto-organizadas dos movimentos, pessoas e organizações. Bastaria que não procurassem “sequestrar” o FSM para a realização de suas perspectivas ou objetivos. E o que se verifica é que essa luta, quase permanente, quanto ao caráter a dar – diretivo ou não diretivo – à sessão final do FSM, recrudesce agora na discussão em curso em torno do último dia do Fórum de Salvador. Nele ressurgiu, sob outro nome, algo como uma assembleia de movimentos sociais, que ganhará um espaço privilegiado na programação do FSM, no seu final, em que provavelmente será afunilado o que seus organizadores consideram o mais importante do que foi discutido e decidido nas atividades do Fórum. 

 

Mas nesta rememoração do processo vivido na organização do primeiro Fórum Social Mundial, não podemos esquecer alguns fatos.

Primeiro, o resultado das escolhas feitas ao longo do ano 2000: para surpresa geral o Fórum resultante reuniu não as 2.500 ou 3.000 pessoas para as quais o espaço foi preparado – dimensão equivalente à do Fórum de Davos – mas 20.000. E 16.000 desse total, na maioria jovens, não vieram como membros de organizações – tínhamos pretendido que só nesta qualidade se poderia participar... - mas como interessados avulsos, para os quais foi improvisado um crachá de “ouvinte”. Esse sucesso levou o Le Monde Diplomatique a colocar como título do editorial do seu número de Janeiro de 2001, a frase: “o século XXI começa em Porto Alegre”.

Ele também empurrou os e as organizadores/as ao compromisso de promover um segundo Fórum Social Mundial em Porto Alegre no ano seguinte. E foi nessa ocasião que, para nossa própria orientação assim como por terem surgido propostas de realização de outros Fóruns a nível regional ou nacional e Fóruns Mundiais em outros países, começamos a redigir, junto com diversas outras organizações, o mais rapidamente que pudemos, algo que seria uma Carta de Princípios para os FSMs, enumerando as orientações que em nossa opinião explicavam o sucesso do primeiro. Ao mesmo tempo, sentindo que para assegurar uma continuidade ao processo que parecia se iniciar a responsabilidade não deveria ser somente de brasileiros e brasileiras, decidimos propor às grandes organizações internacionais participantes do primeiro Fórum a constituição de um Conselho capaz de acompanhar e animar o processo. A primeira decisão do Conselho assim formado, em julho de 2001, foi então a de discutir a Carta de Princípios e aprovar a redação resultante.

O FSM consolidaria seu apelo nos anos posteriores. Entre 2001 e 2004, protestos estavam acompanhando praticamente todos os encontros gerais e cúpulas das instituições multilaterais da globalização capitalista (reuniões da OMC, do FMI, do Banco Mundial, do G8 e também encontros regionais do Fórum de Davos). Porto Alegre e os Fóruns Sociais regionais que começaram a se realizar foram espaços muito úteis para organizar iniciativas de grande alcance, como a campanha contra o Acordo de Livre-Comércio das Américas (ALCA) e a gigantesca manifestação mundial de fevereiro de 2003 (15 milhões de pessoas nas ruas de todo o mundo) contra a invasão estadunidense do Iraque. E centenas de outras iniciativas encontraram no FSM seu lugar para ampliar parcerias, construir alianças e dialogar com outras questões.

Um tema polêmico foi, então, a proposta de internacionalização do Fórum, à qual se opuseram setores que achavam que sediar o evento mundial fora de Porto Alegre seria uma aventura. A realização, em 2003, de um exitoso Fórum Social Asiático, em Hyderabad, eliminou muitas dúvidas – mas o tema teve que ser decidido em um prolongado debate no Conselho Internacional, que percorreu várias reuniões. Afinal, o FSM de 2004, em Mumbai, foi uma empreitada muito empolgante, com a participação de 20.000 dalits e advasis (os “intocáveis” da Índia), possibilitando ques movimentos latino-americanos e europeus entrassem em contato com a experiência indiana – uma descoberta impactante de um mundo de opressões milenares e lutas inspiradoras, que se davam sob o signo de outras narrativas e performatividades. Depois de Mumbai, era evidente que o FSM estava, como formato e proposta, maduro.

Quase duas décadas de aprendizados. A riqueza viva de Mumbai era uma demonstração de como aquela experiência, nascida das propostas latino-americanas e europeias em Porto Alegre, era portadora de uma vocação mais ambiciosa, podendo auxiliar movimentos e lutas em contextos muito distintos – como veríamos, depois, na Tunísia, em 2013 e em muitas outras ocasiões. Mas tínhamos, em cada caso, não a repetição de uma mesma fórmula, mas um intenso trabalho de tradução de uma proposta que, sem perder sua natureza, se reinventava e podia avançar ou regredir em função desse trabalho, mas igualmente, do ambiente político que acolhia o evento FSM (nem todos os lugares podiam receber produtivamente um encontro mundial) e das injunções das conjunturas e das correlações de forças (particularmente desfavoráveis, globalmente, entre 2005 e 2013). Os Fóruns Mundiais ocorridos no Brasil e na Índia tinham tido uma participação cada vez maior, até o de 2009, em Belém do Pará, com seus 150.000 participantes, o mesmo número do realizado em 2005 em Porto Alegre. Nos intervalos houve um Fórum policêntrico, em 2006, em Caracas, Bamako e Karachi; um primeiro Fórum na África, em Nairóbi, no Quênia[10], com a metade dos participantes do Fórum da Índia; e um ano sem Fórum. Mas o Conselho Internacional tomou em 2011 uma decisão que consideramos equivocada: realizar o Fórum de Dakar, no Senegal, em data não coincidente com a de Davos. Foi o suficiente para o FSM desaparecer dos grandes meios de comunicação, há muito tempo interessados em não lhe dar espaço algum. Uma polarização global contra Davos permanece hoje mais necessária do que nunca[11].

A abertura para o novo e a experimentação foi parte integrante da vida do FSM nessa trajetória, mas três núcleos de tradições políticas confluíram no processo inicial: a experiência da esquerda latino-americana, que vivia o ciclo do progressismo e da conquista de governos; a experiência do setor mais dinâmico da esquerda europeia que se lançava no altermundialismo (e que, inicialmente, parecia abarcar também muitos movimentos norte-americanos); e a experiência de setores significativos do maoísmo indiano. Na formulação do modo de organizar o Fórum e sua horizontalidade influíram, por sua vez, ideias que tinham feito um grande caminho na organização popular brasileira, inspiradas no pensamento so educador Paulo Freire, com o apoio das Igrejas cristãs progressistas às comunidades de base[12].

Tivemos, em um segundo momento, um refluxo de importantes projetos à esquerda da social-democracia europeia e da esquerda indiana envolvida no FSM, justamente no auge do progressismo sul-americano, cuja face mais visível eram os governos neodesenvolvimentistas. Mas mesmo nessa conjuntura, o processo FSM não refluiu de sua ambição de ser um contraponto global aos donos do poder e foi capaz de dialogar com duas questões candentes da política global: de um lado, a questão ambiental, que emergia com destaque no ano de 2007 e que, em conjunto com o protagonismo dos povos indígenas e sua visão do “bem-viver”, seria a marca do FSM de 2009, em Belém (e que ecoaria também, em dezembro daquele ano, na contra-cúpula de Copenhagem, e na Conferência Mundial dos Povos sobre Mudança Climática e os Direitos da Mãe Terra, em abril de 2010, em Cochabamba);  de outro, a efervescência de lutas no mundo árabe, que explodiu em 2011, começando pela Tunísia (Túnis sediaria os FSMs de 2013 e 2015). Agora, o eclipse do ciclo do progressismo sul-americano – que se encerrou no Brasil e em boa parte do continente – se soma a uma conjuntura global ainda mais adversa em que, na ausência de saídas estratégicas da esquerda, uma ofensiva de extrema direita toma forma por muitos quadrantes do planeta – trazendo à lembrança fantasmas tenebrosos dos anos 1930. Vivemos uma situação global bastante defensiva e isso afeta demais o processo FSM.

O FSM, contudo, não cria lutas ou movimentos; apenas potencializa o que existe, aquilo que é construído na diversidade de resistências às opressões, injustiças e exploração, e de utopias pelo mundo. Ele expressa, e nele se expressam, os problemas das correlações de forças, da construção de ferramentas, da radicalização ou moderação ou da internacionalização ou nacionalização das lutas, da unidade ou dispersão dos movimentos, da estatização ou autonomia da ação política e dos fluxos e refluxos das conjunturas e períodos. Certamente no FSM foram cometidos erros e mais poderia ter sido feito, por exemplo, na comunicação para fora de suas iniciativas e debates, ou ampliando o aprendizado das experiências, ou mesmo a transmissão delas entre gerações e camadas de ativistas. Talvez o mais angustiante seja que, na medida em que o tempo passa, muito da riqueza do aprendizado gigantesco que realizamos deixa de ser retransmitido para novas gerações de ativistas e pode se perder. Lembremos do impacto que representou o contato com a luta dos dalits e dos adivasis em Mumbai, ou, em Belém, as trocas com os movimentos ecológicos e indígenas dos povos da floresta no questionamento dos desenvolvimentismos, ou ainda, em Túnis, o que significou o debate sobre a relação com o islamismo político, para tomarmos apenas uns poucos exemplos marcantes entre muitos outros. Como as pessoas que participaram dessas experiências e intercâmbios poderiam voltar a olhar o mundo da mesma maneira que antes, que ia parecendo cada vez mais provinciana?

Uma última observação sobre esta trajetória percorrida em quase duas décadas: quando o primeiro FSM foi realizado, em 2001, uma década tinha se passado do colapso da União Soviética, meia década da experiência zapatista e das lutas contra as reformas neoliberais dos serviços públicos na França e um ano das mobilizações de Seattle. Uma nova geração emergia nos movimentos contra a globalização neoliberal e era necessário sintonizar essas lutas com a das gerações políticas anteriores que tinham resistido à maré neoliberal. Duas décadas depois, o altermundialismo original refluiu e um novo ascenso de lutas, principalmente de movimentos autônomos, emergiu com força entre 2011 e 2013 como reação tardia às crises de 2008.

As culturas políticas na esquerda continuam se tornando qualitativamente mais diversas, com referências muito mais plurais. Tudo isso tornava a horizontalidade, a exemplaridade da prática, a luta contra o conservadorismo e o combate às múltiplas opressões reproduzidas no cotidiano, questões centrais para as novas gerações de ativistas. Da mesma forma, aqueles e aquelas que cresciam familiarizados com a internet e o mundo digital conhecem o poder dos googles e facebooks da vida e sabem que novas e poderosas estruturas de poder estão articuladas em redes e sabem que o combate a elas exige que levemos em conta a lógica dos sistemas complexos. Sem desprezar o acúmulo de lutas da esquerda do século XX, a esquerda contemporânea tem que pensar as lógicas sociais de forma mais abrangente do que as gerações cujo imaginário tinha sido galvanizado pelo “paradigma de Outubro”.

O CI: órgão colaborativo de governança ou direção? Na medida em que o Fórum se multiplicava, o CI começou a viver uma série de crises de funcionamento e de identidade. Por força da perspectiva política tradicional que dominava e ainda domina muitas cabeças, ele fora visto por muitos como constituindo o poder máximo no processo, e muitas organizações começaram a querer participar dessa suposta cúpula, sem que o próprio CI conseguisse, apesar dos muitos esforços nesse sentido, auto-definir de forma clara sua função e papel.

De lá para cá, um CI com muitos integrantes, mas com poucos presentes em suas reuniões, decidiu sobre datas do FSM sem maiores referências ou critérios. E os últimos se desligaram totalmente de Davos: o de 2016 em Montreal acabou se realizando em agosto e o de Salvador será realizado em março de 2018.

Embora continuem se multiplicando os outros tipos e níveis de Fóruns Sociais, e esteja se desenvolvendo a possibilidade de usar novos instrumentos na Internet para ampliar o número dos que acompanhem as análises e propostas feitas nos Fóruns, a redução da presença física de participantes nos FSMs facilitou, por outro lado, a difusão da imagem de esvaziamento do evento mundial, seguramente para grande alegria dos organizadores de Davos, que já não estão precisando introduzir nas temáticas de seus Fóruns os problemas sociais constrangedores para o mundo capitalista que eram denunciados nos Fóruns Sociais Mundiais... Essa diminuição já era devida a não aceitação, por muitos dos seus participantes, do caráter não-diretivo que tinha sido dado ao FSM. Mas aqueles mais conservadores, ou que de fato nunca tinham entendido muito bem ou concordado com o que era o FSM, se aproveitaram para aumentar sua pressão, dentro do próprio processo, para alterar a forma de organizá-lo e de existir, bem como sua função no bojo da luta política mundial. Apoiados nas incontestáveis mudanças ocorridas na realidade do mundo ao longo dos 18 anos transcorridos desde que surgiu o FSM, tais participantes, na verdade, continuam mais do que tudo a procurar fazer com que os organizadores de Fóruns Sociais – todos autogeridos pelos que se propõem a organizá-los - abandonem essa não-diretividade, que caracterizou a proposta FSM, e adotem os princípios da ação política hierárquica verticalizada.

Houve já quem imaginasse que seria possível transformar o FSM em um pretensioso “movimento dos movimentos”. E há agora aqueles e aquelas que, desprezando o papel político diferente que constitui sua vocação original, propõem que ele ou seu Conselho Internacional, se torne um organismo que tome posições e faça declarações, como se espera – usualmente no mundo velho – de toda organização política tradicional. Uma opção que o levará a se transformar em somente mais um núcleo de poder no mundo, para acabar por existir para si mesmo.

Seguramente aqueles e aquelas que vêm resistindo a essas pressões – que existem desde 2001, convém relembrar – acolheriam mudanças metodológicas que aumentassem a eficácia dos Fóruns, a todos os níveis e de todos os tipos, na sua função de construir uma cada vez maior união, no respeito da diversidade, daqueles e daquelas que lutam pelo “outro mundo possível”. Mas também, seguramente, continuarão a resistir a mudanças que podem levar o FSM à sua destruição – isto é, a deixar de ser um espaço aberto para a discussão e engajamento na enorme quantidade e diversidade de ações necessárias para a efetiva construção desse “outro mundo”, que acreditamos possível e cada vez mais necessário, para se tornar em uma outra coisa. O Fórum Social Mundial que precisamos tem que estar aberto ao novo da história, que não deixará de nos surpreender.

09/02/2018



[1]             As oito organizações eram as seguintes: abong — Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais, Attac sp — Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos, cbjp — Comissão Brasileira Justiça e Paz, da cnbb, Cives — Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania, cut — Central Única dos Trabalhadores, ibase — Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, mst — Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. Os representanes titulares dessas organizações eram, na mesma ordem: Sergio Haddad, Antonio Martins, Chico Whitaker, Oded Grajew, Kjeld Jakobsen, Candido Grzybowski, João Pedrto Stedile e Maria Luiza Mendonça.

[2]             Foi provavelmente para marcar sua escolha que três candidatos à Presidência da França vieram ao FSM de 2002.

[3]             Essa gestão foi facilitada por um acaso feliz: encontrava-se também na França Chico Whitaker (que depois participaria do grupo de organizadores do Fórum) que propôs que se aproveitasse uma entrevista que ele já tinha agendada sobre outro assunto com Bernard Casssen, diretor do Le Monde Diplomatique, para lhe apresentar a proposta. Cassen, que acolheu os brasileiros com interesse, veio a posteriormente participar, em Porto Alegre, de várias reuniões de organização do Fórum e foi quem obteve um espaço para a apresentação da proposta na assembleia de movimentos antiglobalização neoliberal em Genebra.

[4]             O governador do Estado e o Prefeito de Porta Alegre eram, respectivamente, Olivio Dutra e Tarso Genro, ambos do Partido dos Trabalhadores.

[5]             O vice-governador do Estado era então Miguel Rossetto.

[6]             Entres outras experiências de mesmo tipo vividas em outros Fóruns em vários níveis, o grupo organizador do primeiro Fórum Social Mundial Antinuclear realizado recentemente na França conseguiu juntar, no mesmo esforço, integrantes de organizações que quase se destruíam mutuamente na difícil luta contra usinas nucleares em seu país.

[7]             Dentro dessa perspectiva, a experiência de organização dos Fóruns levou-nos alguns anos depois a mudar o nome de nosso grupo: de Comitê Organizador passamos a nos identificar como Comité Facilitador ou Comitê de Facilitação, nome que exprimiria melhor sua função e que foi adotado de forma geral em todos os Fóruns Sociais que se organizam nos dias de hoje.

[8]             Essa é outra orientação que tem sido adotada em muitos dos Fóruns que se fazem hoje em dia. E foi aproveitando essa possibilidade que, em 2001, um grupo de jornalistas e ativistas organizou uma teleconferência entre Davos e Porto Alegre. Nela se viu que nem um nem outro dos Fóruns eram pirâmides de poder, com suas cúpulas falando em seu nome. Em Davos quatro de seus convidados, entre os quais dois funcionários das Nações Unidas e o megainvestidor George Soros, se dispuseram a ir ao local preparado para o debate. Em Porto Alegre os organizadores da atividade escolheram doze pessoas que, na opinião deles, melhor “representavam” os 20.000 participantes do Fórum. Entres estes, a argentina Hebe Bonafini, do movimento das Mães da Praça de Maio, que, num momento tenso do debate, chamou seus interlocutores de “hipócritas” e perguntou: “Quantas crianças vocês matam por dia?” A atividade, da qual restou um sucesso mediático, mostrou que esse tipo de diálogo de cúpulas era impossível e confundiu um pouco jornalistas e participantes do Fórum sobre o caráter do FSM. Mas foi respeitado o princípio da autogestão de iniciativas, consolidado depois na Carta de Principios.

[9]             Aminata Traoré, Adolfo Pérez Esquivel, Eduardo Galeano, José Saramago, François Houtart, Boaventura de Sousa Santos, Armand Mattelart, Roberto Savio, Riccardo Petrella, Ignacio Ramonet, Bernard Cassen, Samir Amin, Atilio Boron, Samuel Ruiz Garcia, Tariq Ali, Frei Betto, Emir Sader, Walden Bello e Immanuel Wallerstein foram as “personalidades” que apresentaram esse Manifesto, articulado e redigido por alguns deles, num grande hotel de Porto Alegre em que também estavam hospedados os principais jornalistas estrangeiros.

[10]             No FSM do Quênia  foi emocionante ver um grupo de antigos guerrilheiros Mao-Mao, já idosos, participarem com seus símbolos e fotos da Marcha de Abertura do Fórum.

[11]           Em viagem ao Brasil os organizadores de Davos quiseram se encontrar com organizadores do FSM, preocupados talvez em encontrar alguma forma de “dialogar”, não se sabe bem sobre o que... Nesse encontro, que foi civilizado, nos disseram que tínhamos “roubado” as datas de Davos...

[12]          A própria Igreja Católica tinha realizado a nível internacional, nos anos 70, no objetivo de denunciar a ditadura, uma experiência de intercomunicação horizontal de lutas contra a opressão e de aprofundamento do conhecimento dos mecanismos da dominação, apoiada no “mestre e aluno ensinam e aprendem” de Freire e em outros pensadores da linha da não-diretividade, como o americano Carl Rogers.

 

globe-logo.png

 World Social Forum: open space or organization? (download)

Some ideas about the discussions on the future of the WSF

Chico Whitaker, Jorge Abrahão, José Correia Leite, Mauri José Vieira Cruz, Moema Miranda, Oded Grajew, Salete Valesan, Sergio Haddad.

 

In February 2000, representatives of eight social movements, trade unions and Brazilian NGOs[1] attended the invitation of Oded Grajew, then coordinator of the "CIVES - Entrepreneurs for Citizenship" movement, to discuss in his office in São Paulo a proposal to organize a "World Social Forum". None of us imagined, until then, the dimension that this Forum would gain. Nor, in our diversity of engagements and actions, would we develop together, for many years, an intense reflection on the form and the sense of accomplishment of the proposal and live a relearning in the way of making politics.

We also did not anticipate that the WSF would be transformed into an autonomous process, as a "common good of humanity", freely used by collectives who discovered its usefulness to their struggles, with regional, national and local Social Forums, and ultimately thematic ones. Neither that its methodology, horizontal and plural, would be adopted in the most different spaces, as a symbol of a new form of organization. Even less, at the same time, the form and meaning they gave to the proposal would continually and insistently find the same resistance and incomprehension as to the role of the WSF in the political struggle. So much so that, 18 years after the launch of the process, would appear more daring proposals for remedies for crises lived by one of the instances created in it, which can kill what is not sick in it ...

Source. Oded was returning from France, where he had witnessed the strength in the mass media of the World Economic Forum, which had been held annually since 1971 in Davos, Switzerland. Bringing together the political leaders of the richest countries and the leaders of large corporations and multinationals, this Forum facilitated the contact between them for the solution of pending problems and the promotion of their businesses, but more than that, was spreading in the world, with the enormous support of all the mass media controlled by them, the "single thought" of the capitalist logic of the market. After the fall of the Berlin Wall in 1989, this logic had come to dominate more and more spaces under the name of neoliberalism.

It had become necessary to intensify the denunciation of the perversity of this logic with regard to social justice, overcoming inequality and respect for cultural diversity, and to show that there were other paths for humanity, as well as people everywhere experimenting and fighting for alternatives. It was necessary, on the other hand, to revive the hope that was languishing. And the phrase that was eventually adopted to summarize the message of the Forum, when it was decided to carry it out, affirmed the confidence one had, that "another world is possible".

According to the proposal, the Forum should make visible, beyond the borders of their own countries, those who are building these alternatives, and should encourage alliances - even planetary ones - that would increase their strength. It also included the need to gain space in the mainstream media, which would be facilitated if, in a communication operation, the Social Forum took place on precisely the same dates as the Economic Forum, clearly opposing it. The concomitance of dates should also compel political leaders to make a choice between participating in Davos or Porto Alegre[2].

The challenge was great, given the difference in the very nature of the two Forums: Davos, which had been held since 20 years earlier, was organized by an event company and financed with annual contributions from about 1,000 large companies in the world and $ 20,000 from each participant - all duly invited; the one in Porto Alegre would be a meeting of people and organizations of civil society interested in participating, which would be requested a symbolic financial contribution to cover the costs of the event. Making the challenge even greater, we had a short deadline ahead: there was the promise of support from a large French newspaper, the Le Monde Diplomatique[3], but for that it was important that we held our Forum in early 2001. That newspaper had been participating decisively in other mobilizations, then called anti-neoliberal globalization movement, such as the protests against the decisions prepared for the World Trade Organization – WTO Assembly in Seattle, United States, in 1999. From this newspaper came the suggestion to hold the Social Forum in Brazil, and in Porto Alegre, which became better known in the world for its experience of participatory budgeting.

Characteristics. Determined to face the challenge, we set to work. A series of guidelines on modelling the Forum were being defined, little by little, and over the months we had to prepare it. The first, soon adopted, was to characterize it as an initiative independent from governments and parties, that is, as something promoted autonomously by civil society, this new political actor who emerged as an autonomous subject in many places of the world, almost as a reaction to the manipulation of the masses by different projects of state power, that had made the world to live great tragedies. This internationally articulated civil society had had a successful experience as a political actor in Seattle, where it had blocked WTO decisions.

We immediately consulted the Rio Grande do Sul and City of Porto Alegre Governments[4] about their possible support under this condition. They were not only ready to support the event as to accept our aproach, and guaranteed the autonomy of the initiative, which was reaffirmed by the vice governor of the State[5], who joined the delegation that followed in July to Geneva to present the project to the organizations of the anti-neoliberal globalization movement, gathered there in one of their assemblies.

The second orientation, more of an organizational nature, was based on the experience of the networks, more conducive to democracy, through its horizontality, that were growing in the world and had ensured the success of the actions in Seattle. It was a daring orientation, replacing the power pyramid and its authoritarian hierarchical verticalism, used since the birth of "mass societies" in the late nineteenth century by trade unions, parties, companies, and military institutions. This option was also inspired by the proposals of the Zapatista movement of Mexico, which at that time appeared as a great innovation in the way of doing politics.

Almost naturally we assumed then that our own group of organizers would not have a coordinator or a spokesperson, which would create the risk of disputes over the exercise of leadership, as is customary in political practice. We would be a college of equals - to the despair of the journalists accustomed to hearing only the word of the leaders. With this, our decisions came to be taken by consensus, a possible method when working on co-responsibility. We thus discarded the use of vote to gauge the majority will, a rule that is basic and a conquest of democracy, but which, in the practice of almost all social organizations, leads to undue power disputes and recurrent divisions.

This orientation led the organizing group to live, during the months of preparation of the first WSF and in the years that followed, the practice it proposed to experience in the WSF: to abandon the usual tendency to assert a hegemonic condition for ehe own organization of each, in the construction of alliances and political fronts. This allowed us to build bonds of trust and cooperation, within the extreme diversity of type and area of action of each one, and to overcome, even in our personal relations, competition, the basis of the culture of capitalism[6].

The same horizontalizing orientation, combined with the principle of self-management - another old social experimentation aimed at overcoming capitalism - was adopted in the event's own programming: instead of choosing themes, inviting speakers and covering their travel expenses – as forums do in general and, of course, that of Davos - we have chosen to suggest generic themes and offer spaces for discussion about them, without privileging any, to social and popular movements, trade unions and NGOs that would be interested.[7] In the logic of self-management, it was theirs the choice of possible speakers and the way to organize the activity itself, and it was also up to them to bear the costs of participation of guests and militants[8].

In fact, these organizational innovations belonged to the world alternative to the "single thought" of the market, competition, and state power. If we wanted to make the "other possible world" visible, the Forum itself would have to express its values, in the Gandhian line of "be yourself what you want for the world." And the welcome that many new social movements have lately given to the principle of horizontality adopted in the WSF shows that is more generalized the perception that the "other world" requires, for its effective political construction, new ways of acting.

Throughout the preparation of the event, became increasingly clear the importance of another central principle, that many sectors of the left were still reluctant to accept, that of respect for diversity, which, in addition, is a basic condition for the survival of Nature itself. The diversity of languages, cultures and habits at international and world events was increasing. But it was necessary to respect the diversity of analyzes and strategies, types and areas of struggle, and the very position of each and every one in his or her walk, from the "beginners" to the more radical ones. It was not a matter of welcoming only leaders or people who thought the same and in the same way. For some people, the Forum would create an opportunity for mutual recognition among themselves and between organizations and overcoming prejudices and antagonisms, often created by the domination they face - "divide to dominate" - as well as the identification of convergences towards new articulations. For others, it would be a space for reflection and debate on the needs and possibilities of change, deepening of knowledge and even discovery or simple training. The very practical experience of living together gained a central role.

This reflection opened space for another, with even more demanding consequences in terms of changing political practice, on the nature of the construction of the "other possible world." The changes - and the struggles - required for this would have to be of a huge variety and of various levels of depth. They could not be reduced to a mere seizure of political power, least of all within a country in isolation from the others, nor was it about linking action to left-wing governments, however successful they might be. A long and extremely diversified sequence of multi-generational political actions with many victories and defeats was needed. Even more after the libertarian intuitions that the world had known – that were not entirely experienced or had been distorted – sank in the common grave of the proposals defeated in the Cold War.  During the almost 50 years of arms race that this war lasted, the governments of the capitalist system developed an intense communication work, aiming to transform the Socialist and Communist proposals in synonyms of Evil, and managed to introject a huge resistance to them – which lasts until today - in the hearts and minds of people all over the world.

 

Nevertheless, libertarian intuitions continued to emerge, reinforced by the transformations that were taking place in capitalism at the turn of the millennium. On the one hand, new information and communication technologies, allowed the growth of horizontal relations, making it more difficult to restrict access to information or debates considered undesirable: Seattle protests are contemporaneous with the heyday of the struggle for software and free culture. On the other, neoliberal globalization reinforced the importance of the international articulation of struggles and encouraged the creation of new and diversified networks of social movements (also facilitated by the internet). Finally, if neo-liberal globalization had very negative consequences for the Fordist labor movement and for socialists in industrial societies, the continuity of the planet's urbanization and transformations in the morphology and territories of the world of labour also stimulated a myriad of new movements and political experiments in public space revival - a process we already saw in Reclaim the Streets in England in the 1990s, a forerunner of the Indignados and the Occupy Wall Street.

Reactions, expected and unexpected, and many discoveries. It was this context and these concerns that made it natural for us to refuse the idea of the WSF to have a final document or take political positions as a forum. This has been and continues to be one of the most compelling claims, since the first World Social Forum, of those participants who have not been fully aware of the challenge of building the "other possible world". How can we hope that everything converges to a single final document, a short one, so that it can be read and disseminated, or to positions statements subscribed to by all, which ends up being formal and impoverishing in the face of the richness of discussions and experiences and diversity of the tens of thousands of participants in the WSF and the thousands of debates and proposals that emerge in them? Nothing prevents in the Forum the diffusion of documents signed by those who approve them. But a single conclusive statement covering everything for all would finally lead, as some seem to wish, to the misleading manipulations so common in politics of power – as well as one could not even consider submitting this statement democratically to thousands of participants in the Forums, invited to subscribe it.

The "social movement assemblies" on the last day of the Forums were organized by those who shared the feeling that a final document was needed, to give everyone "directions for action" before they returned to their homes, as in every good assembly or party or religious convention. As if people present were part of a single movement, all having the same level of engagement and needing to be encouraged for types or areas of struggle considered to be the most important.  These initiatives were legitimate as collective conclusions of the organizations that subscribed to them, but could not claim to present them as the conclusions of that Forum as a whole (as they were often presented), or as the most important ones or the more strategic actions to build the " another possible world. " It was in this same perspective that in 2005 - with 150,000 participants - nineteen internationally recognized activists[9] launched a "Porto Alegre Manifesto" (or "Porto Alegre Consensus" to counteract the Washington Consensus), enumerating the twelve changes that the world needed to be more egalitarian.

Looking back, these initiatives were only aspects of the much wider open space process of the WSF, which made possible these and many other self-organized activities of movements, people and organizations. It would be good if they did not seek to "hijack" the WSF for the realization of their perspectives or objectives. What happens is that this struggle, almost permanent, about the character to be given - directive or not directive - to the final session of the WSF, is renewed now in the ongoing discussion around the last day of the Salvador Forum. Something like an assembly of social movements, under another name, will probably gain a privileged space in the WSF closing day, where its organizers will “funnel” to it what they consider the most important of what was discussed and decided in the activities of the Forum.

But in this remembrance of the process lived in the organization of the first World Social Forum, we can not forget some facts.

First, the result of the choices made during the year 2000: to the general surprise the resulting Forum brought together not the 2,500 or 3,000 people for whom the space was prepared - a size equivalent to that of the Davos Forum - but 20,000. And 16,000 of this total, mostly young people, did not come as members of organizations - we had intended that only in this quality people could participate ... - but as individuals, for which a badge as “listener” was improvised. This success led Le Monde Diplomatique to put as title of the editorial in its January 2001 issue the phrase "the twenty-first century begins in Porto Alegre".

It also pushed the organizers to the commitment of preparing a second World Social Forum in Porto Alegre the following year. It was on this occasion that, for our own guidance as well as proposals were made to hold other regional or national forums and World Forums in other countries, we began to write, together with several other organizations, as soon as we could, something which would be a Charter of Principles for the WSF, enumerating the guidelines that in our opinion explained the success of the first edition. At the same time, feeling that, in order to ensure continuity in the process that seemed to initiate, responsibility should not stay only with Brazilians, we decided to propose to the large international organizations participating in the First Forum the constitution of a Council capable of accompanying and animating the process. The first Council decision thus formed, in July 2001, was then to discuss the Charter of Principles and approve its resulting wording.

The WSF would consolidate its appeal in later years. Between 2001 and 2004, protests were accompanying virtually every general meeting and summit of multilateral institutions of capitalist globalization (meetings of the WTO, the IMF, the World Bank, the G8 and also regional meetings of the Davos Forum). Porto Alegre and the Regional Social Forums that were beginning to take place were very useful spaces for organizing far-reaching initiatives, such as the campaign against the Free Trade Agreement of the Americas (FTAA) and the gigantic world demonstration of February 2003 (15 million of people on the streets around the world) against the US invasion of Iraq. And hundreds of other initiatives have found in the WSF their place to expand partnerships, build alliances and dialogue with other issues.

A controversial theme was then the proposal to internationalize the Forum, which was opposed by sectors that thought hosting the world event outside Porto Alegre would be an adventure. The successful holding of a successful Asian Social Forum in Hyderabad in 2003 put an end to many doubts - but the issue had to be decided in a protracted debate at the International Council, which had run through several meetings. After all, the 2004 WSF in Mumbai was a very exciting undertaking, involving 20,000 Dalits and Adivasis (the "untouchables" of India), enabling Latin American and European movements to get in touch with the Indian experience - a striking discovery of a world of millennial oppressions and inspiring struggles that took place under the sign of other narratives and performativities. After Mumbai, it was evident that the WSF was, as a format and a proposal, mature.

Almost two decades of learning. The living wealth of Mumbai was a demonstration of how that experience, born of the Latin American and European proposals in Porto Alegre, had a more ambitious vocation and could help movements and struggles in very different contexts - as we would later see in Tunisia, in 2013, and on many other occasions. But we had in each case not the repetition of the same formula, but an intense work of translating a proposal that, without losing its nature, reinvented itself and could advance or regress in function of that work, but also of the political environment that hosted the WSF event (not all places could productively host a world meeting) and the conjunctural injunctions and the correlations of forces (particularly unfavourable globally between 2005 and 2013). The World Forums in Brazil and India had a growing participation, until 2009, in Belém do Pará, with its 150,000 participants, the same number as in 2005 in Porto Alegre. In the intervals there was a polycentric Forum, in 2006, in Caracas, Bamako and Karachi; a first Africa Forum in Nairobi, Kenya[10], with half the participants of the India Forum; and a year without Forum. But the International Council took a decision in 2011 that we consider to be wrong: to hold the Dakar Forum in Senegal on a date not coincident with that of Davos. It was enough for the WSF to disappear from the mainstream media, which had long been interested in not giving it any space. A global polarization against Davos remains more necessary today than ever before[11].

Openness to the new and experimentation has been an integral part of the WSF's life in this trajectory, but three nuclei of political traditions converged in the initial process: the experience of the Latin American left, which lived the cycle of progressivism and the conquest of governments; the experience of the most dynamic sector of the European left that launched itself in the alterglobalization (which initially, also seemed to include many north American movements); and the experience of significant sectors of Indian Maoism. In the formulation of the way of organizing the Forum and its horizontality, swayed, in turn, ideas that had been very influential in the Brazilian popular organization, inspired by the thought of the educator Paulo Freire, with the support of the progressive Christian Churches to the base communities[12].

We had, in a second moment, a reflux of important projects of the left of the European Social Democracy and of the Indian Left involved in the WSF, precisely at the moment of South American progressivism, the most visible face of which was the neo-“developmentists” governments. But even at this juncture, the WSF process did not revert from its ambition to be a global counterpoint to power owners and was able to dialogue with two burning issues in global politics: on the one hand, the environmental issue, which emerged prominently in the year of 2007, and which, together with the indigenous peoples' “protagonism” and their vision of "well-living", would be the mark of the 2009 WSF in Belém (and that would also be echoed in December of that year at the Copenhagen summit, and at the World People's Conference on Climate Change and the Rights of Mother Earth in April 2010 in Cochabamba); on the other hand, the effervescence of struggles in the Arab world, which exploded in 2011, starting with Tunisia (Tunis hosting the 2013 and 2015 WSF). Now, the eclipse of the South American cycle of progressivism - which has ended in Brazil and much of the continent - is compounded by an even more adverse global conjuncture in which, in the absence of strategic leftist perspectives, an extreme right-wing offensive takes shape in many parts of the planet - bringing to mind ghastly ghosts of the 1930s. We live a fairly defensive global situation and this greatly affects the WSF process.

The WSF, however, does not create struggles or movements; it only potentializes what exists, what is constructed in the diversity of resistances to oppression, injustice and exploitation, and the utopias throughout the world. It expresses and in it are expressed the problems of the correlation of forces, the construction of tools, the radicalization or moderation or the internationalization or nationalization of struggles, of the unity or dispersion of movements, of nationalization or autonomy of political action and of flows and refluxes of conjunctures and periods. Certainly in the WSF, mistakes were made and more could have been done, for example, in communicating outwards its initiatives and debates, or broadening the learnings from experiences, or even transmitting them between generations and layers of activists. Perhaps most distressing is that, as time goes by, much of the gigantic wealth of learning that we achieved is no longer rebroadcast to new generations of activists and can be lost.  Let us mention the impact of contact with the struggle of the Dalits and Adivasis in Mumbai, or in Belém, the exchanges with the ecological and indigenous movements of the forest peoples in the questioning of developmentisms, or the meaning in Tunis, of the debate on the relationship with political Islam, to take just a few striking examples among many others. How could people who participated in these experiences and exchanges look back at the world in the same way as before, who seemed to them more and more provincial?

One last observation on this trajectory in almost two decades: when the first WSF was held in 2001, a decade had passed since the collapse of the Soviet Union, half a decade of the Zapatista experience and of the struggles against neoliberal reforms of public services in France and one year since Seattle mobilizations. A new generation emerged in the movements against neoliberal globalization and it was necessary to tune them to those struggles with previous political generations that had resisted the neoliberal tide. Two decades later, the original alterglobalism retreated and a new upsurge in struggles, mainly from autonomous movements, emerged strongly between 2011 and 2013 as a late reaction to the 2008 crises.

Political cultures on the left continue to become qualitatively more diverse, with much more plural references. All this has made horizontality, the exemplarity of practice, the struggle against conservatism and the struggle against the multiple oppressions reproduced in the daily life, issues central to the new generations of activists. Likewise, those who grew up familiar with the Internet and the digital world know the power of googles and facebooks on life and know that powerful new power structures are articulated in networks and know that fighting them requires that we take into account the logics of complex systems. Without neglecting the accumulation of struggles of the left of the twentieth century, the contemporary left has to think social logics more comprehensively than the generations whose imaginary had been galvanized by the "October paradigm."

The IC: a collaborative governance body or  a steering body? As the Forum multiplied, IC began to experience a series of crisis of functioning and identity. By virtue of the traditional political perspective that dominated and still dominates many consciences, it had been seen by many as constituting the maximum power in the process, and many organizations began to want to participate in this supposed summit, without the IC itself, despite the many efforts made in that sense, clearly define its function and role.

Since then, an IC with many members, but with few in attendance at its meetings, has decided on dates of the WSF without major references or criteria. And the last ones were totally disconnected from Davos: the one in 2016 in Montreal ended in August and the one in Salvador will be held in March 2018.

Although other types and levels of Social Forums continue to multiply, and the possibility of using new tools on the Internet to increase the number of those accompanying the analyzes and proposals made in the Forums is increasing, the reduction of the physical presence of participants in the WSFs has facilitated, on the other hand, the diffusion of the image of emptying of the world event, surely to the great joy of the Davos organizers, who no longer need to introduce in the themes of their Forums the social problems embarrassing the capitalist world that were denounced in the World Social Forums... This decline was already due to the non-acceptance by many of its participants of the non-directive character that had been given to the WSF. But those who were more conservative, or who in fact never understood very well or agreed with what the WSF was, took advantage of it to increase their pressure, within the process itself, to change the way of organizing it and to exist, as well as its role in the global political struggle. Based on the unquestionable changes that have taken place in the reality of the world over the 18 years that have passed since the first WSF, such participants, in fact, continue to strive to ensure that the organizers of Social Forums - all self-managed by those who organize them - abandon this non-directivity, which characterized the WSF proposal, and adopt the principles of vertical hierarchical political action.

It has already been imagined that it would be possible to turn the WSF into a pretentious "movement of movements". And there are now those who, disregarding the different political role that constitutes its original vocation, propose that the WSF or its International Council become a body that takes positions and makes statements, as it is expected - usually in the old world - of any traditional political organization. An option that will lead it to become just one more power nucleus in the world, to end up existing for itself.

Certainly those who have been resisting these pressures – which, it should be remembered, have existed since 2001- would welcome methodological changes that would increase the effectiveness of the Forums, at all levels and of all types, in its role of building an ever growing union, respecting diversity, of those who fight for the "other possible world". But they will surely continue to resist changes that may lead the WSF to its destruction - that is, to cease to be an open space for discussion and engagement in the enormous quantity and diversity of actions necessary for the effective construction of this "other world", which we believe possible and increasingly necessary, and to become something else. The World Social Forum we need has to be open to the newness in history, which will not fail to surprise us.

09/02/2018



[1]             The eight organisations were as follows: abong — Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais, Attac sp — Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos, cbjp — Comissão Brasileira Justiça e Paz, da cnbb, Cives — Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania, cut — Central Única dos Trabalhadores, ibase — Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, mst — Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. The corresponding representatives were: Sergio Haddad, Antonio Martins, Chico Whitaker, Oded Grajew, Kjeld Jakobsen, Candido Grzybowski, João Pedro Stedile e Maria Luiza Mendonça

[2]               It was probably to mark their choice that three candidates for the Presidency of France came to the WSF of 2002.

[3]          This management was facilitated by a happy chance: Chico Whitaker (who would later participate in the group of organizers of the Forum) was also in France and he proposed to take advantage of an interview that he had already scheduled on another subject with Bernard Casssen, director of Le Monde Diplomatique, to present the proposal. Cassen, who welcomed the Brazilians with interest, later came to Porto Alegre to participate in several organizing meetings of the Forum and was able to present the proposal to the Assembly of anti-neoliberal globalization movements in Geneva.

[4]             The state governor and the Mayor of Porto Alegre were, respectively, Olivio Dutra and Tarso Genro, both of the Workers Party.

[5]          The vice governor of the State was then Miguel Rossetto.

[6]             Among other similar experiences in other forums at various levels, the organizers of the first World Anti-Nuclear Social Forum recently held in France were able to join in the same effort members of organizations that almost destroyed each other in the difficult fight against nuclear power plants in their country.

[7]             In this perspective, the experience of organizing the Forums led us a few years later to change the name of our group: from the we began to identify ourselves not as Organizing Committee but as a Facilitating Committee, a name that would better express its function and which has been generally adopted in all the Social Forums that are organized today.

[8]           This is another guideline that has been adopted in many of the Forums that are done today. And it was taking advantage of this possibility that, in 2001, a group of journalists and activists organized a conference call between Davos and Porto Alegre. In it it was seen that neither of the Forums were pyramids of power, with their summits speaking in their name. In Davos four of their guests, including two United Nations officials and the mega-investor George Soros, accepted to go to the venue prepared for the debate. In Porto Alegre the organizers of the activity chose twelve people who, in their opinion, better "represented" the 20,000 participants of the Forum. Among them, the Argentinean Hebe Bonafini, of the Mothers of the Plaza de Mayo movement, who, in a tense moment of debate, called her interlocutors "hypocrites" and asked: "How many children do you kill a day?" The activity, a media success, showed that this kind of summit dialogue was impossible and confounded some journalists and Forum participants about the character of the WSF. But the principle of self-management of initiatives, consolidated later in the Charter of Principles, was respected.

[9]             Aminata Traoré, Adolfo Pérez Esquivel, Eduardo Galeano, José Saramago, François Houtart, Boaventura de Sousa Santos, Armand Mattelart, Roberto Savio, Riccardo Petrella, Ignacio Ramonet, Bernard Cassen, Samir Amin, Atilio Boron, Samuel Ruiz Garcia, Tariq Ali, Frei Betto, Emir Sader, Walden Bello and Immanuel Wallerstein were the "personalities" who presented this Manifesto, articulated and drafted by some of them, in a large hotel in Porto Alegre, where the main foreign journalists were also staying.

[10]          At the WSF in Kenya it was exciting to see a group of former Mao-Mao guerrillas, already elderly, participate with their symbols and photos of the Forum's Opening March.

[11]          On a trip to Brazil Davos organizers wanted to meet WSF organizers, perhaps concerned about finding some form of "dialogue", we do not know very well about what... In this meeting, which was civilized, we were told that we had "robbed" the dates of Davos ...

[12]          The Catholic Church itself had carried out at the international level in the 1970s, within the objective of denouncing the dictatorship, an experience of horizontal intercommunication of struggles against oppression,  deepening the knowledge of the mechanisms of domination, based on the "teacher and student teach and learn" of Freire and other thinkers from the non-directivity line, such as the American Carl Rogers.

globe-logo.png

 

 Forum Social Mondial: espace ouvert ou organisation? ( telecharger)

Quelques idées à propos des discussions sur l'avenir du FSM

Chico Whitaker, Jorge Abrahão, José Correia Leite, Mauri José Vieira Cruz, Moema Miranda, Oded Grajew, Salete Valesan, Sergio Haddad.

 

 

En février 2000, des représentant.e.s de huit mouvements sociaux, syndicats et ONG brésilien.ne.s[1] ont répondu à l'invitation d'Oded Grajew, alors coordinateur du mouvement "CIVES - Entrepreneurs pour la citoyenneté", pour discuter, dans son bureau de São Paulo, d’une proposition d’organisation d’un "Forum Social Mondial". Aucun d'entre nous n'imaginait, à l’époque, la dimension que prendrait ce Forum. Ni que, dans notre diversité d'engagements et d'actions, nous développerions ensemble, pendant de nombreuses années, une réflexion intense sur la forme et le sens de mise en œuvre de cette proposition de Forum, et vivrions un réapprentissage dans la façon de faire de la politique.

 

Nous ne prévoyions pas non plus que le FSM deviendrait un processus autonome, un «bien commun de l'humanité» utilisé librement par des collectifs découvrant son utilité pour leurs luttes, avec des forums sociaux régionaux, nationaux et locaux, et, dernièrement, thématiques. Ni que sa méthodologie, horizontale et plurielle, soit adoptée dans les espaces les plus divers, comme symbole d'une nouvelle forme d'organisation. Et encore moins, qu’en même temps, la forme et le sens donné à la proposition de Forum rencontrerait continuellement, avec insistance, toujours les mêmes résistances et incompréhensions sur la fonction du FSM dans la lutte politique. Jusqu’à ce que, 18 ans après le lancement du processus, surgissent des propositions plus osées de remède aux crises vécues par l'une des instances créées au sein du FSM, qui peuvent tuer ce qui n'y est pas malade ...

 

Origine. Oded revenait de France, où il avait constaté la force, dans les médias, du Forum Économique Mondial qui se tenait chaque année, depuis 1971, à Davos, en Suisse. Rassemblant les leaders politiques des pays les plus riches et les dirigeant.e.s des grandes entreprises et des multinationales, ce Forum facilitait le contact entre ses participant.e.s  pour la résolution de questions en attente et la promotion de leurs affaires Surtout, il répandait dans le monde, avec l’énorme soutien de tous les médias, contrôlés par ces mêmes participant.e.s, la "pensée unique" de la logique capitaliste du marché. Après la chute du mur de Berlin en 1989, cette logique a commencé à gagner de plus en plus d'espaces - et à en devenir la pensée dominante -, sous le nom de néolibéralisme.

 

Il était devenu nécessaire d'intensifier la dénonciation de la perversité de cette logique, du point de vue de la justice sociale, de la lutte contre les inégalités et du respect de la diversité culturelle, et de montrer qu'il y avait d'autres voies possibles pour l'humanité et que des personnes, partout,  expérimentaient et se battaient pour des alternatives. Il était par ailleurs nécessaire de ranimer l'espoir qui languissait. Et la phrase finalement adoptée pour résumer le message du Forum, quand la décision de l’organiser a été prise, affirmait la confiance qu’ "un autre monde est possible".

 

La proposition était que le Forum puisse rendre visibles les personnes qui construisent ces alternatives au-delà des frontières de leurs propres pays, et stimuler des alliances – y compris planétaires – pour augmenter leur force. Il y avait aussi l’idée de gagner de la visibilité dans les médias grand public, ce qui serait plus facile, en termes de communication, si le Forum Social se déroulait précisément aux mêmes dates que le Forum Économique, s'opposant ainsi nettement à ce dernier. La concomitance des dates devait également contraindre les dirigeant.e.s politiques à choisir entre participer à Davos ou à Porto Alegre[2].

 

Le défi était de taille, étant donné la différence dans la nature même des deux Forums : Davos, qui se tenait depuis 20 ans, était organisé par une société événementielle et financé par les contributions annuelles de près de 1 000 grandes entreprises dans le monde, et par des frais d’inscription de 20 000 $ par participant.e - tous dûment invités; celui de Porto Alegre serait une réunion de personnes et d'organisations de la société civile intéressées par participer au Forum, à qui l’on demanderait une contribution financière symbolique pour couvrir les coûts de l'événement. Le défi était encore plus grand, au vu des échéances, très courtes: un grand journal français, Le Monde Diplomatique, avait promis son soutien, tout en pointant l’importance de réaliser notre Forum au début de l'année 2001. Ce journal participait, de manière décisive, à d’autres mobilisations, appelées à l’époque anti-globalisation néolibérale, comme les protestations contre les décisions préparées par l'Assemblée de l'Organisation mondiale du commerce - OMC à Seattle, aux États-Unis, en 1999. C’est également ce journal qui a suggéré que le Forum Social se tienne au Brésil, et à Porto Alegre, qui était déjà bien connue dans le monde par son expérience de budget participatif[3].

 

Caractéristiques Déterminé.e.s à relever le défi, nous nous sommes mis au travail. Une série d'orientations concernant la forme du Forum ont été définies, petit à petit, au fil des mois que nous avons eu pour le préparer. La première orientation, adoptée rapidement, a été celle d’un Forum ayant pour caractéristique d’être une initiative indépendante des gouvernements et des partis, c'est-à-dire promu de manière autonome par la société civile, ce nouvel acteur politique qui émergeait comme sujet autonome dans de nombreux endroits du monde, presque comme en réaction à la manipulation des masses par différents projets de pouvoir d'État, qui ont fait vivre au monde de grandes tragédies. Cette société civile aux articulations internationales avait connu une expérience réussie en tant qu'acteur politique à Seattle, où elle avait bloqué les décisions de l'OMC.

 

Nous avons immédiatement consulté le gouvernement de Rio Grande do Sul et la ville de Porto Alegre au sujet de leur éventuel soutien dans les conditions définies ci-dessus[4]. Ils se sont montrés non seulement prêts à soutenir l'événement, mais ont également accepté l’orientation garantissant l'autonomie de l'initiative, comme l’a réaffirmé le vice-gouverneur de l’État du Rio Grande do Sul[5],  qui s'est joint à la délégation qui s’est rendue, en juillet, à Genève, pour présenter le projet aux organisations du mouvement anti globalisation néolibérale à l’occasion de l’une de leurs assemblées.

 

La deuxième orientation, d'ordre organisationnel, était basée sur l'expérience de constitution de réseaux, forme plus propice à la démocratie du fait de son horizontalité, qui se développait dans le monde et avait assuré le succès des actions à Seattle. C'était une orientation audacieuse, qui remplaçait la pyramide des pouvoirs et sa verticalité hiérarchique autoritaire, utilisée depuis la naissance des «sociétés de masse» à la fin du XIXe siècle, par les syndicats, partis, entreprises et institutions militaires. Cette option s'inspirait également des propositions du mouvement zapatiste mexicain qui, à cette époque, apparaissait comme une grande innovation dans les façons de faire de la politique.

 

Nous avons alors presque naturellement pris le parti que notre propre groupe d'organisateur.trice.s n'aurait pas de coordinateur.trice ni de porte-parole, afin de ne pas créer le risque de disputes pour l'exercice du leadership, comme c’est habituel dans la pratique politique. Nous serions un collège d'égaux - au désespoir des journalistes habitués à n'entendre que la parole des dirigeant.e.s. Ainsi, nos décisions étaient prises au consensus, une méthode possible dès lors que l'on travaille en coresponsabilité. Nous avons ainsi arrêté d'utiliser le vote pour mesurer la volonté de la majorité, règle fondamentale et conquête de la démocratie, mais qui, dans la pratique de presque toutes les organisations sociales, conduit à des conflits de pouvoir injustifiés et à des divisions récurrentes.

 

Cette orientation a conduit le groupe d'organisation à vivre, tout au long des mois de préparation du premier FSM et des années qui ont suivi, la pratique qu’ils proposaient d’expérimenter dans le FSM: abandonner la tendance habituelle à assurer une position hégémonique pour sa propre organisation dans la construction d'alliances et de fronts politiques. Cela leur a permis de construire des liens de confiance et de coopération, dans l'extrême diversité des formes et champs d'action de chacun.e, et même de dépasser, dans leurs relations personnelles, la compétition, fondement de la culture du capitalisme[6].

La même orientation d’horizontalité, combinée au principe d'autogestion - une autre vieille expérimentation sociale visant le dépassement du capitalisme - a été adoptée pour la construction du programme de l'événement: au lieu de choisir des thèmes, d’inviter des intervenants et de couvrir leurs frais de déplacement - comme le font les Forums en général et, bien entendu, celui de Davos - nous avons choisi de proposer des thèmes généraux et d'offrir aux mouvements sociaux, mouvements populaires, syndicats et ONG intéressé.e.s, des espaces de discussion autour de ces thèmes, sans en privilégier aucun[7]. Ainsi, dans cette logique d'autogestion, c'était à eux de choisir les éventuel.le.s intervenant.e.s et la manière d'organiser l'activité, et de prendre en change les coûts de participation des invité.e.s et des militant.e.s[8].

 

En réalité, ces innovations organisationnelles appartenaient au monde alternatif à celui de la «pensée unique» du marché, de la compétition et du pouvoir d'État. Si nous voulions rendre visible «l'autre monde possible», il fallait que le Forum lui-même exprime ses valeurs, suivant la pensée de Gandhi selon laquelle nous devons « être le changement que nous voulons voir dans le monde». Et l'accueil donné au principe d'horizontalité adopté dans le FSM par de nombreux mouvements sociaux nouveaux, montre bien que la perception que de nouvelles manières d'agir sont nécessaires pour la construction politique effective de « l'autre monde» se généralise.

 

Tout au long de la préparation de l'événement, l'importance centrale d'un autre principe, que de nombreux secteurs de la gauche hésitaient encore à accepter, est apparue de plus en plus clairement :  celui du respect des diversités, qui est aussi une condition fondamentale de la survie de la Nature. Les diversités des langues, des cultures et des habitudes étaient de plus en plus présentes  dans les événements internationaux et mondiaux. Mais il fallait aussi respecter les diversités des analyses et des stratégies, des formes et domaines de lutte, et de là où en était chacun.e dans son propre cheminement – des «débutant.e.s» aux plus radicalisé.e.s. Il ne s'agissait pas seulement d'accueillir des leaders ou des personnes qui pensaient la même chose et de la même manière. Pour certain.e.s, le Forum devrait pouvoir être une opportunité de reconnaissance mutuelle entre personnes et entre organisations, de dépassement des préjugés et des antagonismes, souvent créés par la domination - "diviser pour dominer" - et d’identification des convergences vers de nouvelles articulations. Pour d'autres, il serait un espace de réflexion et de débat sur les besoins et les possibilités de changement, d'approfondissement des connaissances et même de découverte ou de simple formation. L'expérience pratique de ce vécu commun de la diversité a pris une place centrale.

 

Cette réflexion a ouvert l'espace à une autre, dont les conséquences en termes d'évolution de la pratique politique étaient encore plus exigeantes : celle de la nature de la construction de « l'autre monde possible » et l’idée que des changements - et des luttes – très divers et à différents niveaux de profondeur seront nécessaires pour cette construction. Ils ne pourront être réduits à une simple prise du pouvoir politique, encore moins dans un pays isolé des autres. Il ne s’agit pas non plus d’être à la remorque de l’action de gouvernements de gauche, même de ceux dont l’action serait la plus réussie. Une longue séquence d'actions politiques extrêmement diversifiées, sur plusieurs générations, avec de nombreuses victoires et défaites, sera nécessaire. D’autant plus que les intuitions libertaires que le monde avait connu - et qui n’ont même pas pu être véritablement expérimentées ou qui ont été déformées - ont sombré dans la fosse commune des propositions vaincues par la « Guerre Froide ». Pendant les presque cinquante années de cette course aux armements, les gouvernements du système capitaliste on mené un intense travail de communication, dans le but de transformer les propositions socialistes et communistes en synonymes du Mal. Et ils ont réussi à introjecter une énorme résistance à ces propositions – résistance qui dure jusqu’à  aujourd’hui - dans les cœurs et les têtes des personnes, dans le monde entier.

 

Mais, malgré cela, les intuitions libertaires ont continué à émerger, renforcées par les transformations mêmes du capitalisme, au tournant du millénaire. Les nouvelles technologies de l'information et de la communication ont permis le développement des relations horizontales, qui ont rendu plus difficiles la restriction de l’accès à l'information ou aux discussions considérées comme indésirables : les manifestations de Seattle sont contemporains à l’apogée des mouvements de lutte pour les logiciels et la culture du libre. Par ailleurs, la globalisation néolibérale a renforcé l'importance de la coordination internationale des luttes et a conduit à la création de nouveaux réseaux de mouvements sociaux (également facilitée par Internet). Enfin, cette globalisation néolibérale a eu des conséquences très négatives pour le mouvement ouvrier fordiste et les courants socialistes dans les sociétés industrielles, et l'urbanisation continue de la planète et les changements dans la morphologie et les territoires du monde du travail ont stimulé l’émergence d’une myriade de nouveaux mouvements et expériences politiques de récupération de l'espace public -  processus qui était déjà à l’œuvre dans Reclaim the Streets en Angleterre dans les années 1990, et qui a été un précurseur des Indignados et  de Occupy Wall Street.

 

Des réactions, attendues et inattendues, et de nombreuses découvertes. C'est ce contexte et  ces préoccupations qui nous ont naturellement amenés à refuser l'idée d’un document final du FSM, ou de prises de position politiques en tant que Forum. Cela a été et continue à être l'une des revendications qui a le plus mobilisé, de différentes manières, depuis le premier Forum Social Mondial, ceux de ses membres qui n’ont pas pleinement conscience de l’ampleur du défi de la construction d’« un autre monde possible ». Comment prétendre que tout converge vers un seul document final, suffisamment court pour qu'il soit lu et distribué, ou base à des décisions souscrites par tous, sans que celui-ci ne soit purement formel et réducteur face à la richesse des discussions et expériences vécues, à la diversité des dizaines de milliers de participant.e.s au FSM et des milliers de débats et de propositions qui en émergent ? Cela n’empêche pas qu’il y ait des documents issus du Forum signés par ceux et celles qui les approuvent. Mais une déclaration unique qui couvre tout  de tout le monde, ouvrirait  l'espace, comme semblent le souhaiter certain.e.s, aux manipulations trompeuses si habituelles dans la politique de pouvoir – d’autant plus qu’il ne serait même pas possible de soumettre démocratiquement cette déclaration aux milliers de participant.e.s aux Forums pour qu’ils y souscrivent.

 

Les « assemblées des mouvements sociaux » organisées le dernier jour des forums, l’ont été  par ceux et celles qui partageaient le sentiment qu'un document final était nécessaire, un document qui donne les « orientations pour l’action » avant leur retour chez eux, comme cela se fait dans toutes les bonnes assemblées ou conventions de parti ou religieuses. Comme si tou.te.s les participant.e.s faisaient partie d'un même mouvement, avaient tou.te.s le même niveau d'engagement et avaient besoin d'être stimulé.e.s pour des types ou domaines de lutte considérés comme majeurs. Ces initiatives étaient légitimes en tant que conclusions collectives des organisations qui y souscrivaient, mais ne pouvaient prétendre à être présentées comme les conclusions du Forum dans son ensemble (comme elles ont souvent été présentées), ou comme les décisions les plus importantes et les actions les plus stratégiques pour construire l’ « autre monde possible ». C'est dans cette même perspective qu'en 2005 – édition du FSM qui a accueilli 150 000 participant.e.s - dix-neuf militant.e.s internationalement reconnu.e.s[9] ont lancé un «Manifeste de Porto Alegre» (ou «Consensus de Porto Alegre» pour contrecarrer le Consensus de Washington), qui énumérait les douze changements dont le monde aurait besoin pour être plus égalitaire.

 

Rétrospectivement, ces initiatives ont été seulement un des aspects du processus beaucoup plus vaste de l’espace ouvert qu’est le FSM, et qui rendait possible aussi bien ces initiatives que bien d’autres activités auto-organisées par les mouvements, organisations et participant.e.s. Il aurait suffi qu'ils ne cherchent pas à «séquestrer» le FSM pour la réalisation de leurs propres perspectives ou objectifs. Et ce que l’on voit aujourd’hui, c’est que cette lutte, presque permanente, sur le caractère – directif ou non directif – de la dernière session des FSM, s’intensifie dans la discussion en cours sur les sessions du dernier jour du Forum de Salvador. On a vu réapparaître, sous un autre nom, quelque chose comme une assemblée des mouvements sociaux, qui aura un espace privilégié dans le programme du FSM, dans sa session finale, et qui sera probablement resserrée sur ce que les organisateur.trice.s considèrent comme le plus important dans ce qui a été discuté et décidé dans les activités du Forum.


Mais, dans ce rappel du processus vécu lors de l'organisation du premier Forum Social Mondial, nous ne pouvons oublier certains faits.


D'abord le résultat des choix faits durant l'année 2000 : à la surprise générale, le Forum qui en a résulté n'a pas réuni les 2.500 ou 3.000 personnes pour lesquelles l'espace avait été préparé - une taille équivalente à celle du Forum de Davos - mais 20.000 personnes. Et 16 000 d’entre elles, principalement des jeunes, n’étaient pas venues en tant que membres d'organisations – notre intention première était que ne puissent participer que des membres d’organisations ... - mais en tant que participant.e.s individuel.le.s, pour lesquels un badge d’« auditeur » a été improvisé. Ce succès a conduit le Monde Diplomatique à donner comme titre à son éditorial du numéro de janvier 2001 «le XXIe siècle commence à Porto Alegre».

Ce succès a également poussé les organisateur.trice.s à s'engager à organiser un deuxième Forum Social Mondial à Porto Alegre l'année suivante. C'est à cette occasion que nous avons commencé à écrire – pour nous mêmes,  mais aussi parce que d’autre propositions de Forums, régionaux, nationaux, et de Forums Mondiaux dans d’autres pays, avaient émergé -, avec d'autres organisations, et aussi rapidement que possible, ce qui pourrait être une charte de principes pour le FSM, en énumérant les orientations qui, à notre avis, expliquaient le succès du premier Forum. En même temps, nous avions le sentiment que, pour assurer la continuité du processus qui démarrait, la responsabilité ne devrait pas être seulement dans les mains des Brésilien.ne.s. Nous avons donc décidé de proposer aux grandes organisations internationales ayant participé au premier Forum de constituer un Conseil capable de suivre, accompagner et animer le processus. La première décision du Conseil ainsi formé, en juillet 2001, a été de discuter de la Charte des Principes et d’en approuver la rédaction qui a résulté de ces discussions.

Le FSM a consolidé son appel les années suivantes. Entre 2001 et 2004, des manifestations avaient lieu à l’occasion de presque toutes les assemblées générales et réunions au sommet des institutions multilatérales de la globalisation capitaliste (réunions de l'OMC, du FMI, de la Banque mondiale, du G8, mais aussi rencontres régionales du Forum de Davos). Les Forums Mondiaux à Porto Alegre et les Forums Sociaux régionaux qui ont commencé à avoir lieu ont été des espaces très utiles pour organiser des initiatives de grande envergure, comme la campagne contre l'Accord de libre-échange des Amériques (ALCA) et la manifestation mondiale géante de Février 2003 (15 millions des personnes dans les rues du monde entier) contre l'invasion de l’Irak par les USA. Et des centaines d'autres initiatives ont trouvé dans le FSM un espace pour élargir les partenariats, construire des alliances et dialoguer avec d'autres questions.


La proposition d'internationalisation du Forum, à laquelle les secteurs qui pensaient que l'organisation d'un événement mondial en dehors de Porto Alegre serait une aventure étaient opposés, a été une question polémique. La tenue réussie d'un Forum Social Asiatique à Hyderabad en 2003 a dissipé de nombreux doutes - mais la question a dû être tranchée lors d'un long débat au Conseil international, débat qui s’est étendu sur plusieurs réunions. Et le FSM 2004 à Mumbai, a été une aventure passionnante, avec la participation de 20.000 Dalits et Advasis (les « intouchables » de l'Inde), qui a permis que les mouvements latino-américains et européens entrent en contact avec l'expérience indienne – découverte impactante d'un monde d'oppression millénaire et de luttes inspirantes qui se déroulent sous le signe d'autres récits et performativités. Après Mumbai, il était évident que le FSM était mûr, en tant que format et proposition.

 

Près de deux décennies d'apprentissages. La richesse vivante de Mumbai était une démonstration de la façon dont cette expérience née des propositions latino-américaines et européennes à Porto Alegre avait une vocation plus ambitieuse et pouvait aider les mouvements et les luttes dans des contextes très différents - comme nous le verrions par la suite en Tunisie, en 2013, et à plusieurs autres occasions. Nous avions, dans chaque situation, non pas la répétition de la même formule, mais un travail intense de traduction d'une proposition qui, sans perdre sa nature, se réinventait et pouvait avancer ou régresser en fonction de ce travail, mais aussi de l'environnement politique qui accueillait l'événement FSM (tous les lieux ne pouvaient pas accueillir de manière productive une réunion mondiale) et des injonctions conjoncturelles et des rapports de forces (globalement particulièrement défavorables entre 2005 et 2013). Les Forums Mondiaux qui se sont déroulés au Brésil et en Inde ont connu une participation croissante jusqu'en 2009 à Belém do Pará avec 150 000 participant.e.s, soit le même nombre qu'à Porto Alegre en 2005. Entre temps, il y a eu un Forum polycentrique, en 2006, à Caracas, Bamako et Karachi; un premier forum en Afrique à Nairobi, au Kenya[10], avec moitié moins de participant.e.s que le Forum en Inde; et une année sans Forum. Mais le Conseil International a pris une mauvaise décision en 2011: organiser le Forum de Dakar au Sénégal, à une date qui ne coïncidait pas avec celle de Davos. Cela a été suffisant pour que le FSM disparaisse des médias traditionnels, qui souhaitaient, depuis longtemps, ne plus lui laisser aucun espace. Une polarisation globale contre Davos est aujourd'hui plus nécessaire que jamais[11].

L'ouverture vers le nouveau et l’expérimentation a été une part intégrante de la vie et trajectoire du FSM, mais trois traditions politiques avaient convergé dans le processus initial: l'expérience de la gauche latino-américaine, qui vivait un cycle de progressisme et de conquêtes gouvernementales; l'expérience du secteur le plus dynamique de la gauche européenne qui se lançait dans l'altermondialisation (et qui, dans un premier temps, semblait également englober de nombreux mouvements américains); et l'expérience de secteurs significatifs du maoïsme indien. La formulation des modes d'organisation du Forum et son horizontalité, ont été, pour leur part, influencé par des idées qui avaient fait leur chemin dans l’organisation populaire brésilienne, inspirée de la pensée de l'éducateur Paulo Freire, et soutenue par l’appui des églises chrétiennes progressistes aux communautés de base[12].

Nous avons connu, dans un deuxième temps, un reflux d’importants projets de la gauche de la social-démocratie européenne et de la gauche indienne impliquées dans le FSM, au moment même de l’apogée du progressisme sud-américain, dont la facette la plus visible était celles des gouvernements néo-développementistes. Mais même dans cette conjoncture, le processus du FSM n'a pas reflué dans son ambition à être un contrepoids global aux maîtres du pouvoir, et il a été capable de dialoguer avec deux questions brûlantes de la politique globale : d'une part, la question de l'environnement, qui a émergé avec force en 2007 et qui a été, avec la présence centrale des peuples autochtones et leur vision du «bien vivre», la marque du FSM 2009 à Belém (et qui résonnera également, en décembre de cette même année, lors du contre-sommet de Copenhague, et en avril 2010, à Cochabamba, lors de la Conférence mondiale des peuples sur le changement climatique et les droits de la Terre mère); et, d'autre part, l'effervescence des luttes dans le monde arabe, qui a explosé en 2011, en démarrant par la Tunisie (Tunis accueillera les FSM de 2013 et 2015). Maintenant, l'éclipse du cycle de progressisme sud-américain - qui a pris fin au Brésil et dans une grande partie du continent - s’ajoute à une conjoncture mondiale encore plus défavorable où, en l'absence de solutions stratégiques de la gauche, l’offensive de l’extrême-droite prend forme à différents endroits de la planète, rappelant à la mémoire le souvenir des fantômes ténébreux des années 30. Nous vivons dans une situation mondiale assez défensive et cela affecte grandement le processus du FSM.

 

Cependant, le FSM ne crée pas des luttes ou des mouvements; il ne fait que renforcer ce qui existe, ce qui se construit dans la diversité des résistances à l'oppression, à l'injustice et à l'exploitation, et des utopies, à travers le monde. Il exprime, et dans lui s’expriment, les questions de rapport de forces, de construction d’outils, de radicalisation ou modération, d'internationalisation ou nationalisation des luttes, d'unité ou  dispersion des mouvements, d’étatisation ou  autonomie de l'action politique, et des flux et reflux des conjonctures et des périodes. Certes, des erreurs ont été commises au FSM, et davantage aurait pu être fait, par exemple dans la communication sur ses initiatives et débats, ou dans l’élargissement de l'apprentissage des expériences, ou dans la transmission entre générations et couches d'activistes. Ce qui est peut-être le plus désolant, c'est que, avec le temps, une grande partie de la richesse du gigantesque apprentissage que nous avons vécu n’est plus transmise aux nouvelles générations d'activistes, et peut être perdue. Rappelons-nous de l'impact qu’a été le contact avec la lutte des Dalits et des Adivasis à Mumbai, ou des échanges avec les mouvements écologiques et autochtones des peuples de la forêt dans la remise en question du développement, à Belém, ou du débat sur la relation avec l'islam politique à Tunis, pour ne prendre que quelques exemples frappants parmi tant d'autres. Comment les personnes qui ont participé à ces expériences et échanges pourraient-elles continuer à regarder le monde de la même manière qu'avant, manière qui paraît alors de plus en plus étroite ?

Une dernière observation sur cette trajectoire parcourue durant presque deux décennies : le premier FSM, en 2001, arrivait une décennie après l'effondrement de l'Union soviétique, une demi-décennie après l'expérience zapatiste et les luttes contre les réformes néolibérales des services publics en France, et une année après les manifestations de Seattle. Une nouvelle génération émergeait des mouvements contre la globalisation néolibérale et il était nécessaire de relier ces luttes avec celles des générations politiques précédentes qui avaient résisté à la marée néolibérale. Deux décennies plus tard, l'altermondialisme original a reflué et une nouvelle montée des luttes provenant principalement des mouvements autonomes a émergé avec force entre 2011 et 2013, comme une réaction tardive aux crises de 2008.

Les cultures politiques à gauche se diversifient qualitativement, de plus en plus, et ont des références plurielles. Tout cela rend l'horizontalité, l'exemplarité de la pratique, la lutte contre le conservatisme et contre les multiples oppressions vécues au quotidien, des questions centrales pour les nouvelles générations d'activistes. De même, ceux et celles qui ont grandi avec Internet et le monde numérique connaissent la puissance de googles et facebooks et savent que de nouvelles et puissantes structures de pouvoir sont articulés en réseaux et savent que la lutte contre elles nous oblige à prendre en compte la logique des systèmes complexes. Sans négliger les très nombreuses luttes de gauche du XXe siècle, la gauche contemporaine doit réfléchir aux logiques sociales de manière plus large que les générations précédentes, dont l'imagination avait été galvanisé par le « paradigme d'Octobre. »


Le CI: un organe collaboratif de gouvernance ou une direction ? Au fur et à mesure que le Forum se multipliait, le CI a commencé à connaître une série de crises de fonctionnement et d'identité. Du fait de la perspective politique traditionnelle qui a dominé et domine encore dans beaucoup de têtes, il a été vu par beaucoup comme étant le lieu de pouvoir maximal du processus, et de nombreuses organisations ont commencé à vouloir participer à cette supposée « instance au sommet », sans que le CI n’arrive à définir lui-même clairement sa fonction et son rôle, malgré de nombreux efforts dans ce sens.

 

Depuis lors, un CI avec de nombreux membres, mais avec peu de présents lors de ses réunions, a décidé des dates du FSM sans références ou critères majeurs. Et les derniers FSM ont été totalement déconnectés de Davos: celui de 2016 à Montréal s'est réalisé en août, et celui de Salvador aura lieu en mars 2018.

 

Malgré la multiplication des autres types et niveaux de forums sociaux, et le développement de la possibilité d’utilisation de nouveaux outils sur Internet pour augmenter le nombre de ceux et celles qui accompagnent les analyses et propositions faites durant les forums, la réduction de la présence physique des participant.e.s au FSM a facilité la diffusion de l'image d’un événement mondial vidé, sûrement pour la plus grande joie des organisateur.trice.s de Davos, qui n’ont plus besoin d’introduire dans les thématique traitées par leur Forum les problèmes sociaux embarrassants pour le monde capitaliste qui étaient dénoncés dans les Forums Sociaux Mondiaux ... Cette baisse était dûe, déjà, à la non-acceptation, par beaucoup de ses participant.e.s, du caractère non-directif qui avait été donné au FSM. Mais les plus conservateur.trice.s, ou ceux et celles qui en réalité n’ont jamais bien compris ou accepté ce qu’était le FSM, en ont profité pour augmenter leur pression, à l’intérieur même du processus, pour changer la façon de l'organiser et d'exister, et son rôle dans la lutte politique mondiale. En s’appuyant sur les changements incontestables de la réalité du monde au cours des 18 années qui se sont écoulées depuis l’émergence du FSM, ces participant.e.s continuent plus que tout à essayer que les organisateur.trice.s des Forums Sociaux - tous autogérés par ceux et celles qui se proposent pour l’organiser – abandonnent cette non-directivité qui caractérise la proposition du FSM et adoptent les principes de l'action politique hiérarchique verticale.

Certain.e.s ont déjà imaginé la possibilité de transformer le FSM en un prétentieux « mouvement des mouvements ». Et maintenant, il y a ceux et celles qui, au mépris du rôle politique différent qui constitue sa vocation originale, proposent que le Forum ou son Conseil international devienne un organisme qui prenne des positions et fasse des déclarations, comme ce qu’on attend - le plus souvent dans le vieux monde – de toute organisation politique traditionnelle. Une option qui le conduira à devenir juste un noyau de pouvoir de plus dans le monde, et ne plus exister que pour lui-même.


Sans doute ceux et celles qui résistent à ces pressions - qui existent depuis 2001, il convient de rappeler - accueilleraient favorablement des changements méthodologiques qui permettraient d'accroître l'efficacité des forums, à tous les niveaux et de toutes sortes, dans sa fonction de construction d’une unité toujours plus grande, dans le respect de la diversité, entre ceux et celles qui luttent pour « l'autre monde possible ». Mais ils et elles continueront sans doute aussi à résister aux changements qui peuvent conduire le FSM à sa destruction - c'est-à-dire cesser d'être un espace ouvert pour la discussion et l'engagement dans l'énorme quantité et diversité des actions nécessaires à la réelle construction de cet « autre monde » que nous croyons possible et de plus en plus nécessaire - pour le faire devenir autre chose.  Le Forum Social Mondial dont nous avons besoin doit être ouvert au nouveau de l'histoire, qui ne manquera pas de nous surprendre.

 

09/02/2018



[1]     Les huit organisations étaient : abong — Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais, Attac sp — Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio aos Cidadãos, cbjp — Comissão Brasileira Justiça e Paz, da cnbb, Cives — Associação Brasileira de Empresários pela Cidadania, cut — Central Única dos Trabalhadores, ibase — Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas, mst — Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Rede Social de Justiça e Direitos Humanos. Les représentants de ces organisations étaient, dans le même ordre : Sergio Haddad, Antonio Martins, Chico Whitaker, Oded Grajew, Kjeld Jakobsen, Candido Grzybowski, João Pedrto Stedile e Maria Luiza Mendonça.

[2]     C’est probablement pour marquer ce choix que trois candidats aux élections présidentielles françaises sont venus au FSM de 2002.

[3]     Cette rencontre a été facilitée par un heureux hasard ; Chico Whitaker (qui participera par la suite du groupe d’organisateur.trice.s du Forum) se trouvait également en France. Il avait un rendez-vous déjà fixé avec Bernard Cassen, directeur du journal Le Monde Diplomatique, pour traiter d’autres sujets. Il a proposé de profiter de ce rendez-vous pour présenter la proposition à Cassen, et celui-ci a accueilli avec intérêt l’idée des brésiliens. Il a ensuite participé, à Porto Alegre, de plusieurs réunions pour l’organisation du Forum, et a obtenu l’espace pour la présentation de la proposition à l’assemble des mouvements anti-globalisation néolibérale à Genève.

[4]     Le gouverneur de l’État du Rio Grande do Sul et le Maire de Porta Alegre étaient, respectivement, Olivio Dutra e Tarso Genro, tous deux du Parti des Travailleurs.

[5]     Le vice-governeur de l’État du Rio Grande do Sul était alors Miguel Rossetto.

[6]     Des expériences du même type ont été vécues dans d’autres Forums, à différents niveaux, comme, entre autres, celle du le groupe organisateur du premier Forum Social Mondial Antinucléaire - qui s’est tenu récemment en France - qui a réussi à réunir dans un même effort, pour l’organisation du Forum,  des personnes issues d’organisations qui en étaient presque au point de se détruire mutuellement, dans la difficile lutte contre les usines nucléaires dans ce pays.

[7]     C’est dans cette perspective, et avec l’expérience d’organisation des Forums, que nous avons, quelques années plus tard, changé le nom de notre groupe : nous avons changé l’appellation Comité d’Organisation en Comité de Facilitation, appellation qui exprimait mieux sa fonction, et qui a été  généralement adopté dans tous les Forums Sociaux qui on été organisés depuis.

[8]     C’est une orientation qui est maintenant adoptée dans plusieurs Forums qui s’organisent de nos jours. Et c’est en s’appuyant sur cette possibilité qu’en 2001 un groupe de journalistes et d’activistes a organisé une téléconférence entre Davos et Porto Alegre. Lors de cette conférence, on a vu qu’aucun de ces deux Forums n’était une pyramide de pouvoir, avec une tête parlant en son nom. Quatre invités de Davos, dont deux fonctionnaires des Nations Unies et le mégainvestisseur George Soros, ont accepté de se rendre sur le lieu du débat. A Porto Alegre, les organisateur.trice.s de ce débat avaient choisi douze personnes qui, de leur point de vue, « représentaient » le mieux les 20.000 participant.e.s du Forum. Il y avait entre ces douze personnes l’argentine Hebe Bonafini, du mouvement des Mères de la Place de Mai et qui, lors d’un moment assez tendu du débat, a traité ses interlocuteurs d’hypocrites, et leur a demandé « combien d’enfants tuez-vous par jour ? ». Cette activité, qui a été un succès médiatique, a montré que ce type de dialogue entre « dirigeants » était impossible, et a crée de la confusion chez les journalistes et participant.e.s du Forum sur le caractère de celui-ci. Mais le principe d’auto-gestion des initiatives a été respecté et consolidé après dans la Charte de Principes.

[9]     Les « personnalités » qui ont présenté ce manifeste, rédigé par certains d’entre eux.elles, dans un grand hôtel de Porto Alegre où étaient également hébergés les principaux journalistes étrangers sont : Aminata Traoré, Adolfo Pérez Esquivel, Eduardo Galeano, José Saramago, François Houtart, Boaventura de Sousa Santos, Armand Mattelart, Roberto Savio, Riccardo Petrella, Ignacio Ramonet, Bernard Cassen, Samir Amin, Atilio Boron, Samuel Ruiz Garcia, Tariq Ali, Frei Betto, Emir Sader, Walden Bello e Immanuel Wallerstein

 

[10]   Lors du FSM du Kenya, la participation d’anciens guerriers Mao Mao, très âgés, à la marche d’ouverture du Forum, avec leurs symboles et photos, a été très émouvante.

[11]   Lors d’un voyage au Brésil, les organisateur.trice.s de Davos ont voulu rencontrer des organisateur.trice.s du FSM, dans l’idée peut-être de trouver une façon de « dialoguer », on ne sait pas bien sur quoi…. Lors de cette rencontre, très courtoise, ils nous ont dit que nous avions « volé » les dates de Davos.

[12]   Dans les années 70, l’Église Catholique avait mené, au niveau international, et dans l’objectif de dénoncer la dictature, une expérience d’intercommunication horizontale des luttes contre l’oppression et d’approfondissement des connaissances des mécanismes de domination, basée sur la pensée de Freire « maître et élève enseignent et apprennent » et sur d’autres penseurs de la non-directivité, comme l’américain Carl Rogers..

 

globe-logo.png

 Foro Social Mundial: espacio abierto u organización?

Algunas ideas acerca de las discusiones sobre el futuro del FSM


Chico Whitaker, Jorge Abrahão, José Correia Leite, Mauri José Vieria Cruz, Moema Miranda, Oded Grajew, Salete Valesan, Sergio Haddad.


En febrero del año 2000 representantes de ocho movimientos sociales, sindicatos y organizaciones no gubernamentales brasileños han atendido a la invitación de Oded Grajew, entonces coordinador del movimiento "CIVES - Empresarios por la Ciudadanía", para discutir en su oficina, en São Paulo, una propuesta de organizar un "Foro Social Mundial". Ninguno de nosotros imaginaba, hasta entonces, la dimensión que este Foro iba a ganar. Aun menos que, en nuestra diversidad de compromisos y actuaciones, íbamos a desarrollar juntos, durante muchos años, una intensa reflexión sobre la forma y el sentido de la realización de la propuesta y vivir un re-aprender en la forma de hacer política.


Tampoco hemos previsto que el FSM se convertiría en un proceso autônomo, como un "bien común de la humanidad", utilizado libremente por los colectivos que descubriesen su utilidad para sus luchas, con foros sociales regionales, nacionales y locales y, últimamente, temáticos. Ni también que su metodología, horizontal y plural, pasaría a ser adoptada en los mas diferentes espacios, hacia una nueva forma de organización. Aun menos que, al mismo tiempo, la forma y el sentido que han dado a la propuesta encontrarían, insistentemente y continuamente, las mismas resistencias y malentendidos en cuanto a la función del FSM en la lucha política. Hasta que, 18 años después de iniciado el proceso, surgieran propuestas más osadas de remedios para la crisis experimentada por una de las instancias en el creadas, que puede matar lo que en el no está enfermo...


Origen. Oded regresaba de Francia, donde había constatado la fuerza, en los grandes medios de comunicación, del Foro Económico Mundial, que se realizaba anualmente, desde 1971, en Davos, Suiza. Reuniendo a los líderes políticos de los países más ricos y los líderes de grandes empresas y multinacionales, ese Foro facilitaba el contacto entre ellos para la solución de asuntos pendientes y la promoción de sus negocios pero, más que eso, difundía en el mundo, con el gran apoyo de todos los principales medios de comunicación masiva, controlados por ellos, el "pensamiento único" de la lógica capitalista del mercado. Después de la caída del muro de Berlín en 1989, esta lógica pasara a dominar cada vez más espacios, bajo el nombre de neo liberalismo.


Se tornara necesario intensificar la denuncia de la perversidad de esa lógica en cuanto a la justicia social, a la superación de la desigualdad y el respeto por la diversidad cultural, y demostrar que si, había otros caminos para la humanidad y por toda parte había personas que experimentaban y luchaban por alternativas. Por otro lado, era necesario hacer revivir la esperanza, que desvanecía. Y la frase que al final ha sido adoptada para resumir el mensaje del Foro, cuando se ha decidido realizar lo, ha afirmado la confianza que se tenia de que un "otro mundo es posible".


Según la propuesta, el Foro debería tornar visibles, mas allá de las fronteras de sus propios países, los que están construyendo estas alternativas y fomentar alianzas – incluso planetarias – que aumentaran su fuerza. Ella también incluía la necesidad de conquistar el espacio en los medios masivos, lo que seria facilitado si, en una operación de comunicación, el Foro Social se realizara exactamente en las mismas fechas del Foro Económico, contraponiéndose claramente a él. La concomitancia de fechas también debería obligar a los líderes políticos a elegir entre participar en Davos o en Porto Alegre.


El desafío era grande, teniendo en cuenta la diferencia en la naturaleza de los dos Foros: lo de Davos, que se realizaba desde 20 años antes, era organizado por una empresa de promoción de eventos y era financiado por contribuciones anuales de unas 1.000 grandes empresas en el mundo y tasas de 20.000 dólares de cada participante – todos debidamente invitados; lo de Porto Alegre sería una reunión de personas y organizaciones de la sociedad civil interesadas en participar, a las cuales seria solicitada una contribución financiera simbólica para cubrir los costos del evento. Aumentando la dimensión del desafío, teníamos por delante un plazo corto: había la promesa de apoyo de un gran periódico francés, "Le Monde Diplomatique", pero para eso era importante que realizáramos nuestro Foro a principios de 2001. Ese periódico ya participaba de forma decisiva de otras movilizaciones, llamadas entonces de anti- globalización neoliberal, como las protestas contra las decisiones preparadas para la Asamblea de la Organización Mundial del Comercio – OMC, en Seattle, en Estados Unidos, en 1999. De el vino también la sugerencia de realizar el Foro Social en Brasil, y en Porto Alegre, que se tornaba más conocida en el mundo por su experiencia de presupuesto participativo .


Características. Decididos a enfrentar el desafío, nos lanzamos al trabajo. Una serie de orientaciones sobre el modelaje del Foro han sido definidas poco a poco, y a lo largo de los meses de que disponíamos. La primera, luego adoptada, fue la de caracterizarlo como una iniciativa independiente de gobiernos y partidos, es decir, como algo promovido autonomamente por la sociedad civil, ese nuevo actor político que emergía como sujeto autónomo en muchos lugares del mundo, casi como una reacción a la manipulación de las masas por diferentes proyectos de poder de estado, que había hecho el mundo vivir grandes tragedias. Esta sociedad civil que se articulaba internacionalmente había tenido una experiencia exitosa como actor político en Seattle, donde bloqueó las decisiones de la OMC.


Consultamos entonces inmediatamente el gobierno de Rio Grande do Sul y la Alcaldía de Porto Alegre sobre su eventual apoyo segundo esta condición. No sólo se han dispuesto a apoyar el evento como han aceptado nuestra orientación, garantizando la autonomía de la iniciativa, lo que ha sido reafirmado por el Vicegobernador del Estado, que formaba parte de la comitiva que siguió en julio a Ginebra para presentar el proyecto a organizaciones del movimiento antiglobalización neoliberal, reunidas allí en una de sus asambleas.


La segunda orientación, de carácter más organizacional, se basó en la experiencia de trabajo en red, más favorable a la democracia por su horizontalidad, y que crecía en el mundo y había asegurado el éxito de las acciones en Seattle. Era una orientación osada, que sustituía la pirámide de poder y su verticalismo jerárquico autoritario, utilizado desde el nacimiento de las "sociedades masivas", a finales del siglo XIX, por sindicatos, partidos políticos, empresas e instituciones militares. Esta opción fue inspirada también por las propuestas del movimiento zapatista, de México, que en aquellos tiempos surgía como una gran innovación en el modo de hacer política.


Casi naturalmente hemos asumido entonces que nuestro propio grupo de organizadores no tendría un coordinador ni un portavoz, lo que crearía el riesgo de disputas por el ejercicio del liderazgo, como es habitual en la práctica política. Seríamos un colegio de iguales, para la desesperación de los periodistas acostumbrados a escuchar solo la palabra de los líderes. Con esto, hemos pasado a tomar nuestras decisiones por consenso, un método posible cuando se trabaja en corresponsabilidad. Dejamos asi de utilizar el voto para verificar la voluntad mayoritaria, una regla que es básica y una conquista democrática pero que, en la práctica de casi todas las organizaciones sociales, conduce a disputas indebidas de poder y a recurrentes divisiones.


Esta orientación ha llevado el grupo organizador a vivir, a lo largo de los meses de preparación del primer FSM y de los años siguientes, la práctica que proponía para el FSM: abandonar la tendencia habitual de asegurar una condición hegemónica para su propia organización en la construcción de alianzas y frentes políticos. Esto ha permitido construir lazos de confianza y de cooperación, dentro de la extrema diversidad en cuanto al tipo y área de actuación de cada uno y de cada una, y superar, incluso en las relaciones personales, la competición, base de la cultura del capitalismo


La misma orientación horizontalizante, combinada con el principio de la auto gestión – otra antigua experimentación social visando la superación del capitalismo – fue adoptada en la programación misma del evento: en vez de elegir temas, invitar a expositores y cubrir sus costos de desplazamiento – como lo hacen los foros en general y, por supuesto, lo de Davos – optamos por sugerir temáticas genéricas y ofrecer espacios de discusión acerca de ellas, sin privilegiar ninguna, a los movimientos sociales y populares, sindicatos y organizaciones no gubernamentales que se interessaran. En la lógica de la auto-gestión, pasaba a caber a ellos la elección de expositores y la manera misma de organizar la actividad, encargándose también ellos de los costos de participación de los invitados y militantes.


De hecho, estas innovaciones organizativas pertenecían al mundo alternativo al "pensamiento único" del mercado, de la competición y del poder del Estado. Si pretendíamos visibilizar el "otro mundo posible", el propio Foro tendría que expresar sus valores, en la linea del pensamiento gandhiano del  "sé tú mismo lo qué quieres para el mundo". Y la acogida que muchos nuevos movimientos sociales que han surgido en los últimos tiempos han dado el principio de horizontalidad adoptado en el FSM muestra bien que ya está más generalizada la percepción de que el "otro mundo" requiere, para su efectiva construcción política, nuevos modos de actuar.


A lo largo de la preparación del evento ha quedado cada vez más evidente la importancia de otro principio central que muchos sectores de la izquierda todavía eran reacios a aceptar, lo del respeto de la diversidad que, además, es condición básica de supervivencia de la propia Naturaleza. La diversidad de lenguas, culturas y hábitos en eventos internacionales y mundiales era creciente. Pero era necesario respetar la diversidad de análisis y estrategias, tipos y áreas de lucha y la posición de cada uno en su caminar – de los "principiantes" a los/as más radicalizado/as. No se trataba de acoger solamente lideres o personas que piensan lo mismo y de la misma manera. Para algunas personas, el Foro crearía una oportunidad de reconocimiento mutuo entre ellas y entre organizaciones y de la superación de prejuicios y antagonismos, creados a menudo por la propia dominación enfrentada -"divide y dominarás" - así como de identificación de convergencias hacia nuevas articulaciones. Para otras, sería un espacio de reflexión y debate sobre las necesidades y posibilidades de cambio, de profundización de conocimiento y mismo de  descubrimiento o simple formación. La propia experiencia práctica de convivencia ganaba un papel central.


Esta reflexión abrió un espacio para otra, con consecuencias aún más exigentes en términos de cambio de la práctica política, sobre la naturaleza de la construcción del "otro mundo posible". Los cambios - y las luchas - exigidas para eso tendrían que ser de una gran variedad y de diferentes niveles de profundidad. No podrían reducirse a una simple toma del poder político, menos aún dentro de un país de forma aislada de los demás, así como no se trataba de ponerse al remolque de gobiernos de izquierda, por más éxito que tuvieran. Era necesaria una larga y muy diversificada secuencia de acciones políticas de varias generaciones, con muchas victorias y derrotas. Aún más después que las intuiciones libertarias que el mundo conociera – y que han sido muy poco experimentadas  o fueron desvirtuadas – se hundió en la fosa común de las propuestas derrotadas en la “Guerra Fría”. Durante los casi 50 años de carrera armamentista que ha durado esta guerra, los gobiernos del sistema capitalista desarrollaron un trabajo intenso de comunicación, con el objetivo de transformar las propuestas socialistas y comunistas en sinónimos del Mal. Y han conseguido introyectar una enorme resistencia a ellas – que dura hasta hoy - en los corazones y las mentes de las personas en todo el mundo.


Pero las intuiciones libertarias han continuado a emerger, reforzadas por las transformaciones  que ocurrían en el capitalismo en el cambio del Milenio. Por otro lado, las nuevas tecnologías de la información y de la comunicación permitian el crecimiento de las relaciones horizontales, haciendo más difícil restringir el acceso a la información o a las discusiones “no deseadas”: las protestas en Seattle son contemporáneas del auge de los movimientos de  lucha por software y por la cultura libres. Por otro lado, la globalización neoliberal reforzaba la importancia de la coordinación internacional de las luchas y impulsaba la creación de nuevas y diversificadas redes de movimientos sociales (facilitadas también por la internet). Por último, si la globalización neoliberal traería consecuencias muy negativas para el movimiento obrero fordista y para las corrientes socialistas en las sociedades industriales, la continuidad de la urbanización del planeta y las transformaciones o cambios en la morfología y en los territorios del mundo del trabajo estimulaban también una multiplicación de nuevos movimientos y experimentos políticos de retomada del espacio público – un proceso que ya se había visto en el Reclaim the Streets en la Inglaterra de los años 1990, un precursor de los Indignados y del Ocuppy Wall Street.


Reacciones, esperadas e inesperadas, y muchos descubrimientos. Era ese contexto y esas preocupaciones que hacían natural nuestro rechazo a la idea del FSM de tener un documento final o tomar posiciones políticas como Foro. Esta fue y sigue siendo una de las reivindicaciones que más movilizaron, de diferentes maneras, desde el primer Foro Social Mundial, aquellos y aquellos participantes que no llegaban a tomar conciencia plena del tamaño del desafío de la construcción del "otro mundo posible ". ¿Cómo querer que todo converja en un único documento final, corto, para que sea leído y difundido, o para posiciones suscritas por todos y todos, que termina siendo formal y empobrecedor frente a la riqueza de las discusiones hechas y las experiencias vividas y la diversidad de las decenas de miles de participantes del FSM y de los miles de debates y propuestas que surgen en ellos? Nada impide que en el Foro sean firmado documentos por quienes los aprueban. Pero una única declaración concluyente que cubra todo de todos y todas abriría finalmente espacio, como hay los que parecen desearlo, para las manipulaciones engañosas tan usuales en la política de poder, incluso porque ni se podría pensar en someter democraticamente esa declaración a los miles de participantes de los foros, invitados a suscribirla.


Las "asambleas de movimientos sociales" en el último día de los foros fueron organizadas por los que compartían el sentimiento de que era necesario un documento final, que diera a todos "orientaciones para la acción" antes de que volvieran a sus casas, como se hace en toda buena asamblea o convención partidista o religiosa. Como si las personas allí presentes formara parte de un solo movimiento, tuvieran el mismo nivel de compromiso y necesitaban ser estimuladas para tipos o áreas de lucha consideradas principales. Estas iniciativas eran legítimas como conclusiones colectivas de las organizaciones que las suscribían, pero no se podía pretender presentarlas como las conclusiones del Foro como un todo (como a menudo se presentaban), o como las más importantes o la más estratégicas acciones para construir el " otro mundo posible ". Ha sido en esa misma perspectiva que en 2005 - que contó con 150.000 participantes - diecinueve activistas reconocidos internacionalmente lanzaron un "Manifiesto de Porto Alegre" (o "Consenso de Porto Alegre", para contraponerse al Consenso de Washington) enumerando los doce cambios de que el mundo necesitaba para ser más igualitario.


Mirando retrospectivamente, esas iniciativas fueron sólo aspectos del proceso mucho más amplio de espacio abierto del FSM, que permitía éstas e innumerables otras actividades auto organizadas de los movimientos, personas y organizaciones. Bastaría que no buscaran "secuestrar" el FSM para la realización de sus perspectivas u objetivos. Y lo que se verifica es que esa lucha, casi permanente, en cuanto al carácter a dar - directivo o no directivo - a la sesión final del FSM, recrudece ahora en la discusión en curso en torno al último día del Foro de Salvador. En él resurgió, bajo otro nombre, algo como una asamblea de movimientos sociales, que ganará un espacio privilegiado en la programación del FSM, en su final, en el que probablemente será ahusado lo que sus organizadores consideran lo más importante de lo que fue discutido y decidido en las actividades del Foro.


Pero en esta rememoración del proceso vivido en la organización del primer Foro Social Mundial, no podemos olvidar algunos hechos.


En primer lugar, el resultado de las opciones adoptadas a lo largo del año 2000: para sorpresa general el Foro resultante reunió no a las 2.500 o 3.000 personas para las cuales el espacio fue preparado - dimensión equivalente a la del Foro de Davos - pero 20.000. Y 16.000 de ese total, en su mayoría jóvenes, no vinieron como miembros de organizaciones - habíamos pretendido que sólo en esta calidad se podría participar ... - pero como interesados sueltos, para los cuales fue improvisado una tarjeta de identificación de "oyente". Este éxito llevó Le Monde Diplomatique a colocar como título del editorial de su número de enero de 2001, la frase: "el siglo XXI comienza en Porto Alegre".


El también empujó a los/as organizadores/as al compromiso de promover un segundo Foro Social Mundial en Porto Alegre al año siguiente. Y fue en esa ocasión que, para nuestra propia orientación así como por que surgieron propuestas de realización de otros Foros a nivel regional o nacional y Foros Mundiales en otros países, comenzamos a redactar, junto con varias otras organizaciones, lo más rápidamente que pudimos, algo que sería una Carta de Principios para los FSM, enumerando las orientaciones que en nuestra opinión explicaban el éxito del primero. Al mismo tiempo, sintiendo que, para asegurar una continuidad al proceso que parecía iniciarse, la responsabilidad no debería ser sólo de brasileños y brasileñas, decidimos proponer a las grandes organizaciones internacionales participantes del primer Foro la constitución de un Consejo capaz de acompañar y animar el proceso. La primera decisión del Consejo así formado, en julio de 2001, fue entonces la de discutir la Carta de Principios y aprobar la redacción resultante.


El FSM consolidaría su llamamiento en los años posteriores. Entre 2001 y 2004, las protestas estaban acompañando prácticamente a todos los encuentros generales y cumbres de las instituciones multilaterales de la globalización capitalista (reuniones de la OMC, del FMI, del Banco Mundial, del G8 y también encuentros regionales del Foro de Davos). Porto Alegre y los Foros Sociales regionales que comenzaron a realizarse fueron espacios muy útiles para organizar iniciativas de gran alcance, como la campaña contra el Acuerdo de Libre Comercio de las Américas (ALCA) y la gigantesca manifestación mundial de febrero de 2003 (15 millones de personas en las calles de todo el mundo) contra la invasión estadounidense de Irak. Y cientos de otras iniciativas encontraron en el FSM su lugar para ampliar asociaciones, construir alianzas y dialogar con otras cuestiones.


Un tema polémico fue, entonces, la propuesta de internacionalización del Foro, a la que se opusieron sectores que creían que albergar el evento mundial fuera de Porto Alegre sería una aventura. La realización, en 2003, de un exitoso Foro Social Asiático en Hyderabad eliminó muchas dudas - pero el tema tuvo que ser decidido en un prolongado debate en el Consejo Internacional, que recorrió varias reuniones. Al final, el FSM de 2004, en Mumbai, fue un emprendimiento muy emocionante, con la participación de 20.000 dalits y advasis (los "intocables" de la India), posibilitando a los movimientos latinoamericanos y europeos entrar en contacto con la experiencia india - un descubrimiento impactante de un mundo de opresiones milenarias y luchas inspiradoras, que se daban bajo el signo de otras narrativas y performatividades. Después de Mumbai, era evidente que el FSM estaba, como formato y propuesta, maduro.


Casi dos décadas de aprendizaje. La riqueza viva de Mumbai era una demostración de cómo la experiencia del FSM, nacida de las propuestas latinoamericanas y europeas en Porto Alegre, era portadora de una vocación más ambiciosa, pudiendo auxiliar movimientos y luchas en contextos muy distintos - como veríamos después en Túnez en 2013 y en muchas otras ocasiones. Pero, en cada caso, no teníamos la repetición de una misma fórmula, sino un intenso trabajo de traducción de una propuesta que, sin perder su naturaleza, se reinventaba y podía avanzar o retroceder en función de ese trabajo, pero también del ambiente político que acogía el evento FSM (no todos los lugares podían recibir productivamente un encuentro mundial) y de las injunciones de las coyunturas y de las correlaciones de fuerzas (particularmente desfavorables, globalmente, entre 2005 y 2013). Los Foros Mundiales ocurridos en Brasil e India habían tenido una participación cada vez mayor, hasta el de 2009, en Belém do Pará, con sus 150.000 participantes, el mismo número del realizado en 2005 en Porto Alegre. En los intervalos hubo un Foro policéntrico, en 2006, en Caracas, Bamako y Karachi; un primer Foro en África, en Nairobi, en Kenia, con la mitad de los participantes en el Foro de la India; y un año sin Foro. Pero el Consejo Internacional tomó en 2011 una decisión que consideramos equivocada: realizar el Foro de Dakar, en Senegal, en una fecha no coincidente con la de Davos. Fue suficiente para que el FSM desapareciera de los grandes medios de comunicación, hace mucho tiempo interesados ​​en no darle espacio alguno. Una polarización global contra Davos sigue siendo hoy más necesaria que nunca.


La apertura hacia el nuevo y la experimentación fue parte integrante de la vida del FSM en esa trayectoria, pero tres núcleos de tradiciones políticas confluyeron en el proceso inicial: la experiencia de la izquierda latinoamericana, que vivía el ciclo del progresismo y de la conquista de gobiernos; la experiencia del sector más dinámico de la izquierda europea que se lanzaba en el altermundialismo (y que, inicialmente, parecía abarcar también muchos movimientos norteamericanos); y la experiencia de sectores significativos del maoísmo indio. En la formulación del modo de organizar el Foro y su horizontalidad influyeron, a su vez, ideas que habían hecho un gran camino en la organización popular brasileña, inspiradas en el pensamiento del educador Paulo Freire, con el apoyo de las Iglesias cristianas progresistas a las comunidades de base.


En un segundo momento, un reflujo de importantes proyectos a la izquierda de la socialdemocracia europea y de la izquierda india implicada en el FSM, precisamente en el auge del progresismo sudamericano, cuya cara más visible eran los gobiernos neodesarrollistas. Pero incluso en esta coyuntura, el proceso FSM no refluyó de su ambición de ser un contrapunto global a los dueños del poder y fue capaz de dialogar con dos cuestiones candentes de la política global: por un lado, la cuestión ambiental, que emergía con destaque en el año de 2007 y que, en conjunto con el protagonismo de los pueblos indígenas y su visión del "buen-vivir", sería la marca del FSM de 2009 en Belém (y que resonaría también, en diciembre de ese año, en la contra-cumbre de Copenhague, y en la Conferencia Mundial de los Pueblos sobre Cambio Climático y los Derechos de la Madre Tierra, en abril de 2010, en Cochabamba); de otro, la efervescencia de luchas en el mundo árabe, que estalló en 2011, empezando por Túnez (Túnez albergaría los FSMs de 2013 y 2015). Ahora, el eclipse del ciclo del progresismo sudamericano - que se encerró en Brasil y en buena parte del continente - se suma a una coyuntura global aún más adversa en la que, en ausencia de salidas estratégicas de la izquierda, una ofensiva de extrema derecha toma forma por muchos cuadrantes del planeta - trayendo al recuerdo fantasmas tenebrosos de los años 1930. Vivimos una situación global bastante defensiva y eso afecta demasiado el proceso FSM.


El FSM, sin embargo, no crea luchas o movimientos; sólo potencia lo que existe, lo que se construye en la diversidad de resistencias a las opresiones, injusticias y explotación y de utopías por el mundo. El expresa, y en él se expresan, los problemas de las correlaciones de fuerzas, de la construcción de herramientas, de la radicalización o moderación o de la internacionalización o nacionalización de las luchas, de la unidad o dispersión de los movimientos, de la estatización o autonomía de la acción política y de los flujos y reflujos de las coyunturas y períodos. Ciertamente en el FSM se cometieron errores y más podría haber sido hecho, por ejemplo, en la comunicación hacia afuera de sus iniciativas y debates, o ampliando el aprendizaje de las experiencias, o incluso la transmisión de ellas entre generaciones y capas de activistas. Quizás el más angustioso sea que, en la medida en que el tiempo pasa, mucho de la riqueza del aprendizaje gigantesco que realizamos deja de ser retransmitido para nuevas generaciones de activistas y puede perderse. Recordemos el impacto que representó el contacto con la lucha de los dalits y de los adivasis en Mumbai o, en Belém, los intercambios con los movimientos ecológicos e indígenas de los pueblos del bosque en el cuestionamiento de los desarrollismos, o aun, en Túnez, lo que significó el debate sobre la relación con el islamismo político, para tomar sólo unos pocos ejemplos marcantes entre muchos otros. ¿Cómo las personas que participaron de esas experiencias e intercambios podrían volver a mirar al mundo de la misma manera que antes, que iba apareciendo cada vez más provinciana?


Una última observación sobre esta trayectoria recorrida en casi dos décadas: cuando el primer FSM se realizó en 2001, una década se había pasado del colapso de la Unión Soviética, media década de la experiencia zapatista y de las luchas contra las reformas neoliberales de los servicios públicos en Francia y un año de las movilizaciones de Seattle. Una nueva generación emergía en los movimientos contra la globalización neoliberal y era necesario sintonizar esas luchas con la de las generaciones políticas anteriores que habían resistido a la marea neoliberal. Dos décadas después, el altermundialismo original refluyó y un nuevo ascenso de luchas, principalmente de movimientos autónomos, emergió con fuerza entre 2011 y 2013 como reacción tardía a las crisis de 2008.


Las culturas políticas a la izquierda siguen siendo cualitativamente más diversas, con referencias mucho más plurales. Todo esto hacía la horizontalidad, la ejemplaridad de la práctica, la lucha contra el conservadurismo y el combate a las múltiples opresiones reproducidas en el cotidiano, cuestiones centrales para las nuevas generaciones de activistas. De la misma forma, aquellos y aquellos que crecían familiarizados con Internet y el mundo digital conocen el poder de los googles y facebooks de la vida y saben que nuevas y poderosas estructuras de poder están articuladas en redes y saben que el combate a ellas exige que tengamos en cuenta la lógica de los sistemas complejos. Sin despreciar el acúmulo de luchas de la izquierda del siglo XX, la izquierda contemporánea tiene que pensar las lógicas sociales de forma más amplia que las generaciones cuyo imaginario había sido galvanizado por el "paradigma de Octubre".


El CI : ¿cuerpo colaborativo de gobernanza o dirección? A medida que el foro se multiplicaba, el CI comenzó a vivir una serie de crisis de funcionamiento y de identidad. En virtud de la perspectiva política tradicional que dominó y sigue dominando a muchas cabezas, fue visto por muchos como el poder máximo en el proceso, y muchas organizaciones empezaron a querer participar en esta supuesta cumbre, sin que el propio CI lograra, a pesar de los muchos esfuerzos en ese sentido, auto-definir de forma clara su función y papel.  

De allá para aquí, un CI con muchos integrantes pero con pocos presentes en sus reuniones, ha decidido sobre fechas del FSM sin mayores referencias o criterios. Y los últimos se desligaron totalmente de Davos: el de 2016 en Montreal terminó realizándose en agosto y el de Salvador será realizado en marzo de 2018.

Aunque continúen se multiplicando los otros tipos y niveles de Foros Sociales y se esté desarrollando la posibilidad de usar nuevos instrumentos en Internet para ampliar el número de los que acompañan los análisis y propuestas hechas en los Foros, la reducción de la presencia física de participantes en los FSMs facilitó  por otro lado, la difusión de la imagen de vaciamiento del evento mundial, seguramente para gran alegría de los organizadores de Davos, que ya no están necesitando introducir en las temáticas de sus Foros los problemas sociales embarazosos para el mundo capitalista que eran denunciados en los Foros Sociales Mundiales ... Esta disminución ya era debida a la no aceptación, por muchos de sus participantes, del carácter no directivo que se había dado al FSM. Pero los más conservadores, o que de hecho nunca habían entendido muy bien o concordado con lo que era el FSM, se aprovecharon para aumentar su presión, dentro del propio proceso, para alterar la forma de organizarlo y de existir, así como su función en el seno de la lucha política mundial. Apoyados en los incontestables cambios ocurridos en la realidad del mundo a lo largo de los 18 años transcurridos desde que surgió el FSM, tales participantes, en realidad, continúan más que todo buscando llevar a que los organizadores de Foros Sociales - todos autogeridos por los que se proponen a organizarlos - abandonen esa no-directividad, que ha caracterizado la propuesta FSM, y adopten los principios de la acción política jerárquica verticalizada.

Hubo ya quien imaginara que sería posible transformar el FSM en un pretencioso "movimiento de los movimientos". Y hay ahora aquellos y aquellas que, despreciando el papel político diferente que constituye su vocación original, proponen que él o su Consejo Internacional, se convierta en un organismo que tome posiciones y haga declaraciones, que es lo que se espera - usualmente en el mundo viejo - de toda organización política tradicional. Una opción que lo llevará a transformarse en sólo un núcleo más de poder en el mundo, para acabar por existir para sí mismo.

Seguramente aquellos y aquellas que vienen resistiendo a esas presiones - que existen desde 2001, conviene recordar - acogerían cambios metodológicos que aumentaran la eficacia de los Foros, a todos los niveles y de todos los tipos, en su función de construir una cada vez mayor unión, en el respeto de la diversidad, de aquellos y de aquellas que luchan por el "otro mundo posible". Pero también, seguramente, seguirán resistiendo a cambios que pueden llevar al FSM a su destrucción - es decir, a dejar de ser un espacio abierto para la discusión y compromiso en la enorme cantidad y diversidad de acciones necesarias para la efectiva construcción de ese "otro mundo ", que creemos posible y cada vez más necesario, para convertirse en otra cosa. El Foro Social Mundial que necesitamos tiene que estar abierto al nuevo de la historia, que no dejará de sorprendernos.

09/02/2018

 1 Las ocho organizaciones eran las siguientes: Abong - Asociación Brasileña de Organizaciones No Gubernamentales, Attac SP - Acción por la Tributación de las Transacciones Financieras en Apoyo a los Ciudadanos, CBJP - Comisión Brasileña Justicia y Paz, de la CNBB, CIVES - Asociación Brasileña de Empresarios por la Ciudadanía, CUT — Central Única de los Trabalhadores, IBASE — Instituto Brasileño de Análisis Sociales y Económicas, MST - Movimiento de los Trabajadores Rurales Sin Tierra, Red Social de Justicia y Derechos Humanos.Los representantes de estas organizaciones eran, en el mismo orden: Sergio Haddad, Antonio Martins, Chico Whitaker, Oded Grajew, Kjeld Jakobsen, Candido Grzybowski, João Pedro Stedile y Maria Luiza Mendonça.

 2  Probablemente ha sido para marcar su opción que tres candidatos a la presidência de Francia han venido al FSM de 2002 .

3  Esta gestión ha sido facilitada por una casualidad feliz: se encontraba también en Francia Chico Whitaker (que luego participaría del grupo de organizadores del Foro) que propuso que se aprovechara una entrevista que él ya había programado sobre otro asunto con Bernard Cassen, director de Le Monde Diplomatique, para presentarle la propuesta. Cassen, que acogió a los brasileños con interés, vino a posteriormente participar en Porto Alegre de varias reuniones de organización del Foro y fue quien obtuvo un espacio para la presentación de la propuesta en la asamblea de movimientos de antiglobalización neoliberal en Ginebra

4  El gobernador del Estado y el Alcalde de Porto Alegre eran, respectivamente, Olívio Dutra y Tarso Genro, ambos del Partido de los Trabajadores

.5  El vicegobernador del Estado era entonces Miguel Rossetto. 

6 Entre otras experiencias de mismo tipo vividas en otros Foros en diversos niveles, el grupo organizador del primer Foro Social Mundial Anti-nuclear realizado recientemente en Francia logró juntar, en un mismo esfuerzo, a integrantes de organizaciones que casi se destruían mutuamente en la difícil lucha contra las centrales nucleares en su país.  

7 En esta perspectiva, la experiencia de organización de los Foros nos llevó algunos años después a cambiar el nombre de nuestro grupo: de Comité Organizador pasamos a identificarse como Comité Facilitador o Comité de Facilitación, nombre que expresaría mejor su función y que ha sido adoptado de forma general en todos los Foros Sociales que se organizan en los días de hoy.

8 Esta ha sido otra orientación que ha sido adoptada en muchos de los Foros que se hacen hoy en día. Y fue aprovechando esa posibilidad que, en 2001, un grupo de periodistas y activistas ha organizado una teleconferencia entre Davos y Porto Alegre. En ella se vio que ni uno ni otro de los Foros eran pirámides de poder, con sus cúpulas hablando en su nombre. En Davos cuatro de sus invitados, entre los cuales dos funcionarios de Naciones Unidas y el mega investidor George Soros, se dispusieron a ir al lugar preparado para el debate. En Porto Alegre los organizadores de la actividad eligieron a doce personas que, en su opinión, mejor "representaban’ a los 20.000 participantes del Foro. Uno de ellos, la argentina Hebe Bonafini, del movimiento de las Madres de la Plaza de Mayo, en un momento tenso del debate llamó a sus interlocutores de "hipócritas" y preguntó: "¿Cuántos niños matan ustedes al día?" La actividad, de la cual ha quedado un éxito mediático, ha mostrado que ese tipo de diálogo de cumbres era imposible y ha confundido un poco a periodistas y participantes del Foro sobre el carácter del FSM. Pero se ha respetado el principio de la auto gestión de iniciativas, consolidado después en la Carta de Principios

 9 Aminata Traoré, Adolfo Pérez Esquivel, Eduardo Galeano, José Saramago, François Houtart, Boaventura de Sousa Santos, Armand Mattelart, Roberto Savio, Riccardo Petrella, Ignacio Ramonet, Bernard Cassen, Samir Amin, Atilio Boron, Samuel Ruiz Garcia, Tariq Ali, Frei Betto, Emir Sader, Walden Bello e Immanuel Wallerstein fueron las "personalidades" que presentaron ese Manifiesto, articulado y redactado por algunos de ellos, en un gran hotel de Porto Alegre en el que también estaban alojados los principales periodistas extranjeros.

10 En el FSM de Kenia fue emocionante ver a un grupo de antiguos guerrilleros Mao-Mao, ya ancianos, participar con sus símbolos y fotos de la Marcha de Apertura del Foro. 

11 En viaje a Brasil los organizadores de Davos quisieron reunirse con organizadores del FSM, preocupados talvez en encontrar alguna forma de "dialogar", no se sabe bien sobre que ... En ese encuentro, que fue civilizado, nos han dicho que habíamos "robado" las fechas de Davos ...

 12 La propia Iglesia Católica había realizado a nivel internacional, en los años 70, en el objetivo de denunciar la dictadura, una experiencia de intercomunicación horizontal de luchas contra la opresión y de profundización del conocimiento de los mecanismos de la dominación, apoyada en el "maestro y alumno enseñan y aprenden” de Freire y otros pensadores de la línea de la no-directividad, como el americano Carl Rogers