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ENGLIH BELOW - FRANÇAIS EN BAS

Com os abraços do Chico Whitaker

PORTUGUES
Qual é nosso desafio, hoje?

Iniciativas sociais inovadoras surgem quando amadurecem na percepção dos que se interessam por elas. Tal foi o caso do Fórum Social Mundial em 2001, saudado pelo Le Monde Diplomatique com a frase: o século XXI nasce em Porto Alegre. Estávamos em plena afirmação do Fórum Econômico Mundial de Davos, como grande palanque do neoliberalismo, dez anos depois da queda do Muro de Berlim, e nosso Fórum surgia com a visão alternativa de futuro dos que lutavam pelo “outro mundo possível”.

Toda iniciativa desse tipo tem no entanto seu tempo de vida. Elas se enfraquecem quando mudam as circunstâncias que levaram ao seu surgimento. E podem até fenecer inteiramente, transformando-se num fantasma que insiste em aparecer sem assustar mais ninguém. Evidentemente isso pode ocorrer com o Fórum Social Mundial nas condições atuais, bastante diferentes daquelas em que nasceu.

O mundo mudou até nas perspectivas do neoliberalismo. Até o Fórum de Davos perdeu sua importância. Quase se torna pouco necessário fazer coincidir as datas do FSM com as de Davos, como muitos de nós vinhamos propondo, para reaparecermos como alternativa. Hoje esse Fórum fala para si mesmo, embora continue ajudando a expansão dos negócios entre empresários, um dos seus subprodutos. Enfrentamos nos tempos atuais problemas muito mais graves do que os acordos entre os “donos do mundo” podem pretender resolver – como os ecológicos, as guerras, os grandes fluxos migratórios, a austeridade exigida pelos interesses financeiros, e outros que vão mais além do neoliberalismo, como a xenofobia, a luta pela hegemonia no planeta, os limites de democracia representativa, etc.

Os apoiadores do FSM têm que ter portanto a coragem, se necessário, de aceitar o eventual esgotamento de seu evento, ainda mais porque ele não é, como Davos, uma empresa, condenada a lutar para sobreviver. Mas podemos também considerar que o FSM pode ainda ter um papel a cumprir.

Nessa perspectiva, temos diante de nós três ordens de questões: o evento Fórum Social Mundial propriamente dito; o “processo FSM”, nascido a partir de sua primeira edição, em 2001, pela multiplicação de Fóruns Sociais regionais, nacionais, locais e temáticos, inspirados pela sua Carta de Princípios - vários de dimensão mundial e com gente entusiasmada em sua organização; e o Conselho Internacional – CI do FSM, atualmente bastante esvaziado mas única instância de que dispomos para legitimar o evento mundial.

Temos problemas com o evento mundial e com o CI, enquanto o “processo” subsiste com uma certa força. Mas ele depende ainda de ser alimentado pelo evento mundial, cujo esgotamento ou desaparecimento poderá ser negativo porque o deixará órfão - muito embora já sejam muitas as iniciativas que optaram pelos princípios políticos do FSM sem necessariamente se referir a ele.

Precisamos então adaptar o evento mundial às novas circunstâncias. Para isso se exigirá, como em 2001, muita criatividade. Esse é o nosso desafio hoje. A enfrentar desde já, antes mesmo de decidir onde e quando realizar o próximo - um passo em falso pode levá-lo a cair no vácuo.

Nesse sentido proponho que iniciemos, a partir da lista de discussão do CI, um debate que vá mais além do já discutido pelos Grupos de Trabalho criados sobre o “futuro do FSM”. Uma revivificação dos debates nessa lista já será talvez um modo menos burocrático de identificar as organizações que ainda se consideram membros do CI. Mas precisamos criar a partir dela uma “lista ampliada”, incorporando o máximo possível de “facilitadores” de outros eventos que vem se realizando no “processo do FSM”. E à medida em que formos vendo mais claro, faremos também a revisão da função, composição e funcionamento do CI.

Eu pessoalmente me situo entre os que consideram que a renovação do evento mundial deve mantê-lo como instrumento de construção de uma nova cultura política – horizontal e auto-gestionária - que torne o “outro mundo” efetivamente possível, e ajude a que se articulem, construindo sua unidade mas respeitando sua diversidade, as organizações e movimentos e sociais que lutam por ele. A meu ver continua sendo necessária a criação de espaços abertos, sempre passíveis de melhorias metodológicas, com o objetivo de “facilitar” o reconhecimento e o apoio mútuos entre esses movimentos e organizações e a formação de redes em torno de objetivos comuns, nas diferentes lutas políticas, com os diversos instrumentos que existem. Não podemos nos esquecer também que o evento mundial tem tido o papel de instrumento para que a mensagem de esperança do FSM alcance as inúmeras e vastas regiões do mundo onde é ainda desconhecida.

Mas é certo que tudo isso pode continuar a ser feito com os vários e diferentes eventos do “processo”. O evento mundial agora tem que passar a ser algo diferente e novo dentro do processo de que faz parte. Sem adotar o verticalismo nem as estruturas piramidais das instâncias únicas de convergência articuladora, que sabemos não levam à mudança, ele tem que abrir novas pistas para que a luta pelo “outro mundo possível” ganhe mais eficácia do que está tendo. E para isso será preciso realmente “inventar”. Valeria a pena esse esforço?

1º. de maio de 2017.


ENGLISH
Which is our challenge today?

Innovative social initiatives arise when they mature in the perception of those interested in them. Such was the case with the World Social Forum in 2001, hailed by Le Monde Diplomatique with the phrase: the 21ST century is born in Porto Alegre. We were facing a strong affirmation of the World Economic Forum in Davos, as great stage of neoliberalism, ten years after the fall of the Berlin Wall, and our forum arose with the alternative vision of future of those fighting for "another possible world".

Any initiative of this type has yet its time of life. They weaken when the circumstances that led to their appearance change. In addition, they may even collapse entirely, becoming a ghost who insists on appearing without scaring anyone else. Of course, this can occur with the World Social Forum under current conditions, which are quite different from those in which it was born.

The world has changed even in the perspectives of neoliberalism. The Davos Forum itself lost its importance. Almost becomes not so necessary to match again the dates of the WSF with those of Davos, as many of us were proposing, to make our Forum reappear as an alternative. Today the Davos Forum speaks for itself, although helping the business networking of entrepreneurs, one of its by-products. We face nowadays problems far more serious than the agreements of the “owners of the world " may think they can solve – such as the ecological, the wars, the large migration flows, the austerity required by financial interests, and others that go beyond neoliberalism, as xenophobia, the struggle for hegemony on the planet, the limits of representative democracy. etc.

The supporters of the WSF must therefore have the courage, if necessary, to accept the eventual break down of their event, even more because it is not, like Davos, a company, condemned to fight to survive. However, we can also consider that the WSF can still have a role to play.

In this perspective, we have before us three orders of questions: the World Social Forum event itself; the "WSF process", born from its first edition in 2001, by the multiplication of regional, national, local and thematic social forums, inspired by its Charter of Principles - several having global dimension and with excited people in their organization; and the WSF International Council - IC, currently quite emptied but only instance available for legitimizing the worldwide event.

We have problems with the world event and with the IC, while the "process" exists with a certain amount of force. However, it still needs to be powered by the worldwide event, whose emptying or disappearance may be negative because it will leave orphan the process - although already many initiatives decided to follow the WSF political principles without necessarily referring to it.

We need then to adapt the worldwide event to the new circumstances. For this, we will need, as in 2001, a lot of creativity. This is our challenge today. And we have to face it now, even before we decide about where and when realize the next one - a false step might lead it to fall in a vacuum.


Accordingly, I propose that we start, with the IC mailing list, a debate that goes beyond the already discussed by the working groups created on the "future of the WSF." A revival of discussions on this list will already be perhaps a less bureaucratic way to identify organizations that still consider themselves IC members. But, we need to create from it an "extended list", incorporating as much as possible of "facilitators" of other events been held in the “WSF process" .Then, as we see things more clear, we will review the function, composition and functioning of the IC.

I personally am among those who believe that the renewal of the worldwide event has to keep it as a tool for the construction of a new political culture – horizontal and self-organized – to make the "other world" effectively possible, and to help to articulate social organisations and movements that are struggling for it, building their unity while respecting their diversity. In my view it is still required the creation of open spaces - methodological improvements being always possible - aiming to "facilitate" the mutual recognition and support between these movements and organizations and creating networks around common goals, in the various political fights, with the various instruments that exist. We cannot forget that the worldwide event has also been an instrument to make the WSF message of hope reach the numerous and vast regions of the world where it is still unknown.

But it is certain that all this can continue to be made through the various and different events of the "process". The worldwide event now has to be something different and new within the process, which includes it. Without adopting the verticalism nor the pyramidal structures of the single instances of articulated convergences, that we know do not lead to change, he has to open new leads to increase the effectiveness of the struggle for "another possible world". To do it we will need to actually "to invent". Is it well worth the effort?


1st. may 2017.


FRANCAIS
Quel est notre défi aujourd'hui ?

Initiatives sociales novatrices surgissent quand elles murent dans la perception de ceux qui s’y intéressent. Ce fut le cas avec le Forum Social Mondial en 2001, salué par Le Monde Diplomatique avec la phrase : le XXIe siècle est né à Porto Alegre. Nous étions en pleine affirmation du Forum Économique Mondial à Davos, en tant que grande scène du néolibéralisme, dix ans après la chute du mur de Berlin, et notre forum faisait jour avec l’autre vision de l’avenir de ceux qui luttaient pour « un autre monde possible ».

Toute initiative de ce type a cependant son temps de vie. Elles s’affaiblissent lorsque les circonstances qui ont conduit à son surgissement changent. Et elles peuvent disparaitre entièrement, devenant un fantôme qui insiste à apparaitre sans effrayer personne. Bien sûr, cela peut se produire avec le Forum Social Mondial dans les conditions actuelles, très différentes de celles quand il est né.

Le monde a changé, même dans les perspectives du néolibéralisme. Le Forum de Davos lui-même a perdu de son importance. Il est presque devenu peu nécessaire de faire coïncider les dates du FSM avec celles de Davos, comme beaucoup d'entre nous envisageaient, pour nous faire réapparaitre comme alternative. Aujourd'hui ce Forum parle à lui-même, tout en aidant l’expansion des affaires entre entreprises, l’un de ses sous-produits. Nous sommes confrontés aujourd'hui à des problèmes beaucoup plus graves que les accords entre les « seigneurs du monde » pourraient prétendre à résoudre – tels que les écologiques, les guerres, les grands flux migratoires, l’austérité exigée par des intérêts financiers, et d’autres qui vont au-delà du néolibéralisme, comme la xénophobie, la lutte pour l’hégémonie sur la planète, les limites de la démocratie représentative, etc.

Ceux qui appuient le FSM doivent donc avoir le courage, si nécessaire, d’accepter l’épuisement éventuel de son évènement, encore plus parce qu’il n’est pas, comme Davos, une entreprise, condamnée à se battre pour survivre. Mais nous pouvons également considérer que le FSM peut encore avoir un rôle à jouer.

Dans cette perspective, nous avons devant nous trois ordres de questions : l’événement Forum Social Mondial lui-même ; le « processus FSM », né à partir de sa première édition en 2001, par la multiplication des Forums Sociaux régionaux, nationaux, locaux et thématiques, inspirés par sa Charte de Principes - plusieurs de dimension mondiale et avec des gens très enthousiasmés dans leur organisation; et le Conseil International – CI du FSM, actuellement très vidé mais unique instance disponible pour légitimer l’événement mondial.

Nous avons des problèmes avec l’événement mondial et avec le CI, tandis que le « processus » continue à exister avec une certaine force. Mais il dépend encore d’être alimenté par l’événement mondial, dont la perte d’importance ou la disparition peut être négative car il peut le laisser orphelin, bien que de nombreuses initiatives aient déjà fait l’option pour les principes politiques du FSM sans nécessairement lui faire référence.

Nous devons alors adapter l’événement mondial aux circonstances nouvelles. Pour ce faire, nous aurons besoin, comme en 2001, de beaucoup de créativité. C’est notre défi aujourd'hui. A envisager tout de suite, avant même de décider où et quand réaliser le prochain - un faux-pas peut le faire tomber dans le vide.

En conséquence, je propose que nous commencions, à partir de la liste de discussion du CI, un débat qui va au-delà de ce qui a été déjà discuté par les Groupes de Travail créés sur « le futur du FSM ». Une reprise des discussions sur cette liste sera déjà peut-être un moyen moins bureaucratique d’identifier les organisations qui se considèrent encore comme des membres du CI. Mais nous devons créer, à partir de cette liste, une « liste élargie », en y intégrant le plus possible des « facilitateurs » d’autres événements ayant lieu dans le « processus du FSM ». Et au fur et à mesure qu’on voit plus clair, nous passerons aussi en revue la fonction, la composition et le fonctionnement du CI.

Moi personnellement je fais partie de ceux qui croient que le renouvellement de l’événement mondial doit le garder comme un outil pour la construction d’une nouvelle culture politique – horizontale et autogestionnaire – qui rende effectivement possible l’ « autre monde » et aide l’articulation, en construisant leur unité dans le respect de leur diversité, des organisations et mouvements sociaux qui se battent pour lui. À mon avis la création d’espaces ouverts continue nécessaire, toujours passibles d’améliorations méthodologiques, visant à « faciliter » la reconnaissance et le soutien mutuels entre ces mouvements et organisations et la formation de réseaux autour d’objectifs communs, dans les luttes politiques diverses, avec les différents instruments qui existent. N’oublions pas non plus que l’événement mondial a été un instrument pour que le message d’espoir du FSM atteigne les nombreuses et vastes régions du monde où il est encore inconnu.

Mais il est certain que tout cela pourra continuer à se faire avec les divers et différents événements du « processus ». L’événement mondial doit maintenant être quelque chose de différent et de nouveau dans le processus dont il fait partie. Sans adopter le verticalisme ni les structures pyramidales des instances uniques de convergence, que nous savons ne conduisent pas aux changements, il doit ouvrir des nouvelles pistes pour que la lutte pour l’« autre monde possible » gagne plus d’efficacité que celle qu’elle a maintenant. Et pour cela vous nous devrons effectivement « inventer ». En vaut la chandelle cet effort ?

le 1er. mai 2017.