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FSM 2018 e outras questões

Chico Whitaker

Recebemos todos a informação, divulgada na lista de discussão do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, e já repercutida por alguns de seus membros, que as organizações brasileiras que propuseram que o Fórum Social Mundial de 2018 fosse realizado no Brasil, em Salvador da Bahia, confirmaram sua disposição de efetivamente realiza-lo. A proposta tinha sido apresentada na reunião do CI de janeiro deste ano em Porto Alegre. Ela foi aceita em princípio, mas com reticências de muitos de nós (entre os quais eu mesmo), por várias razões que não cabe citar aqui, desde que no prazo de dois meses as organizações proponentes confirmassem se existia uma real possibilidade de realizar esse evento. O prazo teve que ser multiplicado por dois, e ao cabo de quatro meses elas nos deram uma resposta positiva, marcada pela firme disposição de enfrentar o desafio.

Vivemos assim um episódio semelhante ao que precedeu a realização do Fórum Social Mundial de 2018, em que coletivos de jovens canadenses conseguiram, depois de três anos de insistência, que o CI aceitasse sua proposta de organizar um FSM em Montreal, no Canadá. Sem vinculação com as grandes organizações sociais tradicionais mas sim com os chamados “novos movimentos sociais” que começaram a surgir no mundo em 2011 - como os Indignados na Espanha e o Occupy Wall Street nos Estados Unidos - eles conseguiram construir um Fórum com uma dimensão suficiente para que a tradição de um FSM cada dois anos fosse mantida (contra todos os ventos e marés provocados pelos insatisfeitos especialmente com esse protagonismo e com a decisão de realizar pela primeira vez um FSM no hemisfério Norte). É oportuno informar que esse mesmo coletivo acaba de anunciar, menos de um ano depois, sua transformação em coletivo permanente, para apoiar a continuidade do processo de reflexão e articulação de ações pela construção do “outro mundo possível”, iniciado em 2001.

Esses fatos (e muitos outros) demonstram bem que continua viva a vontade de mobilização e atuação a nível planetário para superar o capitalismo, apesar do seu avanço avassalador no processo de globalização da economia. Desde a queda do Muro de Berlim, em 1989, esta opção de organização social, política e econômica das sociedades vinha buscando impor ao mundo o “pensamento único” expresso na formula neoliberal “fora do mercado não há alternativa”. O FSM surgiu doze anos depois para se contrapor a essa opção, mas nossos movimentos e organizações sociais enfrentam hoje a total transformação do planeta em uma única praça de produção e consumo, submetendo-o à lógica capitalista suicida que está colocando em risco a própria continuidade da vida humana na Terra. Tais riscos inclusive já nos obrigaram a agregar ao chamamento “um outro mundo é possível” mais duas palavras: ele é cada vez mais “necessário e urgente”.

O Brasil vive hoje episódios agudos da luta de classes que pontua a História. Na metáfora que aqui usamos, a oligarquia instalada na Casa Grande retomou o poder político que estava nas mãos de forças que pretenderam defender os interesses das grandes maiorias, que permanecem na Senzala – a casa dos antigos escravos. Essa oligarquia, apoiada numa maioria parlamentar construída com métodos espúrios e com uma representatividade totalmente questionável, está atuando com a maior rapidez possível para que não se altere o padrão de escandalosa desigualdade social que caracteriza o país e para que seja bloqueada a luta contra a corrupção, que só se iniciou para valer quando tínhamos um governo que defendia os interesses da Senzala. Essa corrupção ganhou entre nós proporções inacreditáveis ao azeitar – como é sua função - o funcionamento das engrenagens capitalistas e a apropriação, pela oligarquia, dos recursos públicos. O resultado atual disso tudo são terremotos políticos que estão há mais de dois anos sacudindo o Brasil.

A organização que represento no CI é a Comissão Brasileira Justiça e Paz – CBJP. Ela está sediada em Brasília, no epicentro desses terremotos. A maior parte dos seus membros lá atuam. Em meio à intensa atividade necessária junto aos que procuram fazer com que o país saia minimamente incólume dos escombros desses terremotos, é difícil para eles dar atenção em mais detalhe a outras questões. Assim, eles só podem esperar que eu cumpra minha tarefa de representação junto ao CI da melhor forma possível. Escrevo portanto este texto ainda como uma reflexão somente pessoal, embora com base no pensamento que conduz o trabalho da CBJP, para discuti-lo mais adiante com seus demais membros.

Ora, foi também dentro da agudização do quadro vivido no Brasil, depois da decisão tomada pelo CI em janeiro em Porto Alegre, que ganhou maior oportunidade a proposta de realizar no próximo ano um FSM em nosso país. Os atuais desafios dos movimentos sociais brasileiros e dos partidos que se opõem à política da Casa Grande são extremamente semelhantes aos desafios enfrentados hoje por movimentos e partidos de esquerda em outras regiões do mundo, em especial na América Latina mas também no próprio Hemisfério Norte. Os Estados Unidos sob Trump são um exemplo contundente mas em muitos lugares cresce o fascismo e a xenofobia e a direita toma o poder, mesmo no quadro de eleições livres. Torna-se assim extremamente oportuno um encontro mundial em que os militantes de ações de resistência no Brasil e em outros países possam intercambiar experiências e articular novas alianças, em torno do tema definido pela mensagem que está sendo escolhida como conteúdo principal para o Fórum de Salvador: “resistir é preciso – resistir é transformar”.

A questão que se coloca para o Conselho Internacional do FSM, se der ao Fórum de Salvador a convalidação que esperam as organizações que constituem o Comitê Facilitador que está sendo formado, é somente a de decidir romper, dessa forma, a tradição dos FSMs, que é a de serem espaços igualmente abertos a todos os temas, isto é, sem um tema único ou central.

Ora, esse tipo de discussão se situa bem dentro da reflexão que eu propus ao CI, em mensagem enviada aos seus membros através de nossa lista de discussão, em 4 de maio último (“Qual é nosso desafio hoje?”). Fiz essa proposta pensando no futuro do FSM, evento mundial que estamos promovendo há 16 anos. Sugeri também a ampliação da participação, nessa reflexão, dos facilitadores dos outros Fóruns que vêm se realizando no que estamos chamando de “processo do FSM”.

Na verdade a decisão tomada pelos promotores do Fórum de Salvador se situa dentro da intuição de um tipo novo de Fórum Social que vem sendo realizado no “processo do FSM”, além dos nacionais, regionais e locais: os “Fóruns Sociais Temáticos”.

A opção “fórum temático” tem como ponto de partida, como os demais Fóruns “Sociais”, o seu caráter de “espaço aberto”, criado de baixo para cima por “Comitês Facilitadores” (e portanto com atividades autogestionadas) e não de cima para baixo por “Comitês Organizadores” (que decidem quem fala o que). Em verdade é uma opção decorrente da constatação de que, ao se focar em lutas precisas – como o fazem as “assembleias de convergência” dos FSMs – se chega mais diretamente a propostas concretas e articuladas de ação.

Tais “fóruns temáticos” têm ainda outra vantagem: nada impede que, para que as pessoas voltem para suas casas com rumos comuns traçados, eles terminem com Declarações assumidas por todos, mas que se diz serem contrárias à Carta de Princípios do FSM. Pelo contrário, essa Carta de Princípios até estimula que se façam todas as Declarações, planos ou propostas de ação possíveis, em torno de cada uma das lutas discutidas, e mesmo estabelece que lhes deve ser dado o máximo possível de divulgação. As eventuais Declarações Finais dos Fóruns Temáticos seriam desse tipo. O que de fato a Carta de Princípios pretende impedir são as Declarações finais únicas, em nome de todos os participantes dos Fóruns, porque uma das características dos Fóruns “Sociais” é a de serem abertos à maior diversidade possível e tais Declarações, além de construção difícil dada essa diversidade, a atropelariam. Na verdade elas terminariam por ser impostas ou manipuladas, abrindo espaço para manobras típicas da “velha política”.

Por outro lado, todo Fórum “Social”, a qualquer nível, é necessariamente, pelo próprio caráter de nossa luta, aberto a participantes de outros países, ou seja, ele é sempre “internacional”. Nada impede portanto que os Temáticos possam ser também chamados de “mundiais”, quando pretenderem reunir participantes do maior número possível de países. É dentro dessa perspectiva que se realiza ainda este ano, em novembro na França, um primeiro Temático desse tipo, o Fórum Social Mundial Temático Antinuclear. E sabemos também que diferentes fóruns mundiais em torno de temas específicos vêm sendo realizados há muito tempo, paralelamente ou não a cada FSM, sem se apresentarem como Fóruns “Sociais” nem necessariamente procurarem seguir sua Carta de Princípios ou sua metodologia.

A multiplicação de Fóruns Sociais Mundiais Temáticos poderia ainda apoiar a expansão e a interconexão de todos esses outros fóruns, na construção das grandes redes planetárias exigidas para um enfrentamento eficaz do monstro capitalista mundial. E ampliaria o conhecimento de uma das propostas mais importantes do FSM, que é a da necessidade de construirmos uma nova cultura política – horizontalidade das redes, respeito à diversidade, cooperação em vez de competição, fim da mentira manipuladora.

Nessa perspectiva, não seria o caso de deixarmos de lado a necessidade de realizar eventos mundiais periódicos, como se começou a fazer a partir de 2001, e imaginarmos um futuro totalmente novo para esse processo? Na verdade, os FSM estão correndo o risco de se esvaziarem completamente, como um “mais do mesmo” de tempos em tempos (como disse um de nossos companheiros nas discussões sobre o FSM 2018), competindo entre si para ver qual deles consegue atrair mais participantes. Eles terminarão por não interessar a ninguém, burocratizando-se como uma obrigação administrativa a cumprir, ou ainda, o que seria pior, sendo “tomados” e instrumentalizados por interesses específicos, com o que perderiam totalmente seu caráter de espaço de encontro na diversidade.

Não sei se foi essa a perspectiva agora assumida pelos propositores de um FSM-2018 em Salvador. Mas se olharmos dessa forma o futuro, ele seria um Fórum híbrido: o último do antigo modelo, ao mesmo tempo que o primeiro FSM-Temático (ou o segundo, considerando-se o FSM-Antinuclear de Novembro próximo na França). E com isso se estimularia o surgimento de muitos mais, devidamente “facilitados” pelas organizações que sentirem a necessidade de encontros mundiais desse tipo, tanto no hemisfério sul como no hemisfério norte.

Então porque não pensar, também, que o “processo do FSM” pode se desenvolver sem a necessidade de instancias superiores que decidam sobre a realização de Fóruns Sociais Mundiais Temáticos e os controlem? Esta se suporia que fosse uma função do Conselho Internacional, em continuidade ao que ocorreu até agora com os FSMs. Mas isso não ocorre em relação aos demais tipos de Fórum. Dentro da cultura política de cooperação, não se poderia contar com a corresponsabilidade de todos que entrem nesse processo?

Nesse quadro o próprio CI, também extremamente necessitado de renovação, poderia ter um novo papel, transformando-se num espaço de reflexão intensa e aprofundada. Contando com uma grande diversidade de experiências, pontos de vista e perspectivas, ele poderia discutir, entre muitas outras coisas, a conjuntura mundial e as “movimentações” dos condutores do sistema capitalista que queremos superar; assim como conhecer o que está sendo discutido e proposto nos múltiplos Fóruns que vem sendo realizados, a metodologia que usam e suas contribuições para a eficácia da ação da esquerda no mundo e debater novas pistas de ação nessa ação, podendo até pensar na elaboração de uma “Carta de Princípios do processo FSM”.

Nessa linha de raciocínio, o CI deveria se reunir somente uma vez por ano, mas não mais por pouco mais de dia e meio ou dois dias, mas por toda uma semana, e agora sim precisamente na data de Davos, com a participação dos facilitadores de todos os Fóruns do processo e de pensadores e lideranças que vem se colocando a serviço da construção do outro mundo possível. E em algum momento imprevisível pode até surgir, naturalmente, a necessidade e a possibilidade de realização de um grande Fórum Social Mundial aberto a todas as temáticas, para alimentar a esperança de todos.

Se estas propostas forem consideradas razoáveis, porque não realizar a primeira reunião desse novo tipo de CI em janeiro de 2018 em Porto Alegre? Seguramente muitos dos seus membros reapareceriam...

(4 de junho de 2017).

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WSF 2018 and other issues

Chico Whitaker

We all received the information, published on the mailing list of the World Social Forum International Council, and already diffused by some of its members, that the Brazilian organizations having proposed that the 2018 World Social Forum would be in Salvador da Bahia, Brazil, confirmed their willingness to actually perform it. The proposal was presented at the IC meeting in January of this year, in Porto Alegre. It was accepted in principle, but with reservations of many of us (including myself), for various reasons which don't need to be quoted here, provided that within two months the organisations proposing it would confirm the real possibility of this event. The delay had to be multiplied by two, and after four months they gave us a positive answer, marked by their firm resolution to face the challenge.

We live an episode similar to the one that preceded the realization of the 2016 World Social Forum, in which a young Canadians Collective have achieved, after three years of insistence, the acceptance by the IC of their proposal to host a WSF in Montreal, Canada. Without been linked with the big traditional social organizations but with the so-called "new social movements" that began to emerge in the world in 2011 - as the Outraged in Spain and the Occupy Wall Street in United States - they managed to build a forum with a sufficient size to maintain the tradition of a WSF held every two years (against all the winds and tides caused by dissatisfied especially with this role gave to them and with the decision to carry out for the first time a WSF in the northern hemisphere). It is appropriate to inform that this Collective has just announced, less than an year later, their transformation in something permanent, to support the continuation of the process of reflection and articulation of actions for the construction of "another possible world", started in 2001.

These facts (and many others) show well that the will of mobilization and action worldwide to overcome capitalism is alive, despite of the overwhelming advancement in the process of globalization of the economy. Since the Berlin Wall fall in 1989, this option of social, political and economic organization was seeking to impose to the world the "unique thought" expressed in the neoliberal formula "outside the market there is no alternative". The WSF emerged 12 years later to oppose that option, but our social movements and organizations face today the total transformation of the planet in a single square of production and consumption, subjecting it to the capitalist suicidal logic that is putting at risk the continuity of human life itself on Earth. Such risks even forced us to add to the message "another world is possible" two more words: it is increasingly "necessary and urgent".

Brazil lives today acute episodes of the class struggle that punctuates the History. In the metaphor we use here, the oligarchy installed in the Master’s Mansion (Casa Grande) resumed the political power that was in the hands of forces that wished to defend the interests of the great majority, who remain in the quarters of the former slaves (Senzala). This oligarchy, sustained by a parliamentary majority built with spurious methods and with a totally questionable representativeness, is acting as quickly as possible so as not to change the pattern of scandalous social inequality that characterizes the country and to block the struggle against corruption, which only began to be worth when we had a Government which defended the interests of slave quarters. This corruption won between us unbelievable proportions to lubricate – which is its function – the functioning of the capitalist gears and the appropriation, by the oligarchy, of public resources. The current result of all this are political earthquakes that are over two years shaking Brazil.

The organization I represent in the IC is the Brazilian Justice and Peace Commission – CBJP. Its headquarters are in Brasilia, at the epicentre of these earthquakes. Most of its members are acting there. In the midst of the intense activity required with those who seek to make the country leave the ruins of those earthquakes minimally unscathed, it is difficult for them to pay attention in more detail to other issues. Thus, they can only hope that I will fulfil in the best possible way my task of representation in the IC. So, I write this text as a personal reflection, although based on the thinking that drives the CBJP work, to discuss it further with its other members.

Now, it was also within the exacerbation of the context lived in Brazil, after the decision taken by the IC in January in Porto Alegre, which gained greater opportunity the proposal to hold a WSF next year in our country. The current challenges of Brazilian social movements and parties opposed to the policy of the “Casa Grande” are extremely similar to the challenges faced today by left parties and movements in other regions of the world, particularly in Latin America but also in the northern hemisphere. The United States under Trump are an overwhelming example but in many places fascism and xenophobia are growing and the Right takes the power, even in the context of free elections. Thus, it becomes extremely timely a world meeting in which the militants of resistance actions in Brazil and in other countries can exchange experiences and articulate new alliances, around the topic defined by the message being chosen as primary content for the Forum of Salvador: "resisting is needed - resisting is transforming".

The question for the WSF International Council, if it gives to the Salvador Forum the agreement its Facilitator Committee being formed is waiting for, is only to decide to break the WSF tradition, which is to be a space equally opened to all themes, i.e. without a single or central theme.

Now, this kind of discussion is well within the reflection that I proposed to the IC, in a message sent to its members through our mailing list, on the 4th may ("what is our challenge today?"). I did it thinking about the future of the WSF, the world event that we're promoting for 16 years. I suggested also the expansion of participation, in this reflection, to the facilitators of the other forums that have been performing in what we're calling "the WSF process".

In fact the decision taken by the promoters of the Forum of Salvador lies within the intuition of a new kind of Social Forum that is being held in the "WSF process", in addition to the national, regional and local ones: the" Thematic Social Forums ".

The "Thematic Forum" has as a starting point, like the other "Social Forums", the character of "open space", created from the ground up by "Facilitation Committees” (and therefore with self-organized activities) and not from the top down by "Organizing Committees" (which decide who speaks what). In truth, it's an option due to the fact that, focusing on specific struggles – as do the "convergence assemblies” in the WSF – we go more directly to concrete proposals and articulated actions.

Such "thematic forums" have still another advantage: nothing prevents, for people to return to their homes with designed common objectives, they finish with declarations assumed by all, but which is said are in contradiction with the WSF Charter of Principles. On the contrary, this Charter of Principles stimulates the making of all possible statements, plans or proposals for action, around each of the struggles discussed, and even states that the maximum possible disclosure must be given to them. The eventual Final Declarations of the Thematic forums would be of this type. What in fact the Charter seeks to prevent are the single final Statements, on behalf of all the Forums participants, because one of the main features of the “Social” Forums is their openness to the greatest diversity possible, and such statements, in addition to their difficult construction given this diversity, would trample it. In fact they would end by being imposed or manipulated, making room for typical "old politics" manoeuvres.

On the other hand, all "Social” Forums, at any level, are necessarily, by the character of our struggle, open to participants from other countries, that is, they are always international. Nothing prevents the Thematic to be also called "world Forums", when they wish to gather participants from the largest possible number of countries. It is within this perspective that takes place later this year in November, in France, a first Anti-nuclear Thematic World Social Forum. And we also know that different world forums around specific themes have been realized for a long time, in parallel or not to every WSF, without presenting themselves as "Social" Forums nor necessarily seek to follow its Charter of Principles or its methodology.

The multiplication of Thematic World Social Forums could in addition support the expansion and the interconnection of all these other forums, in the construction of the great planetary networks required for an effective confrontation of the global capitalist monster. And it would expand the knowledge of one of the most important WSF proposal, which is the need to build a new political culture – horizontal networks, respect for diversity, cooperation instead of competition, end of the manipulative lies.

In this perspective, it would not be the case we leave aside the need to perform periodic world events, as we started making from 2001, and imagine a whole new future for this process? In fact, the WSF is running the risk of being completely emptied, as a "more of the same" from time to time (as it was said by one of our companions in the discussions about the 2018 WSF), competing with each other to see which of them can attract more participants. They will finish by meaning nothing, being bureaucratized as an administrative obligation to fulfil, or, what's worse, being "taken" and abused by specific interests, losing their free space character, as well as losing completely the role they play to make possible the meetings in the diversity.

I don't know if this was the perspective now adopted by the proponents of a 2018 WSF in Salvador. But if we look like this at the future, it would be an hybrid Forum: the last one of the old model, while at the same time the first Thematic WSF (or the second, considering the Anti-nuclear WSF in November in France). And that would stimulate the emergence of many more, properly "facilitated" by the organizations feeling the need of world meetings of this type, both in the southern hemisphere as in the northern hemisphere.

So why not think, too, that the "process of the WSF" can develop without the need of higher instances who decide on the holding of Thematic World Social Forums and control them? This would be the assumed function of the International Council, in the continuity of what has occurred so far with the WSF. But this does not occur already in relation to other types of Forum. Within the political culture of cooperation, could we not count on the co-responsibility of all those entering in this process?

Within this framework even the IC, also extremely in need of renewal, could have a new role, becoming an space of intense and thorough reflection. With a wide variety of experiences, views and perspectives, it could discuss, among many other things, the world situation and the "movements" of those who lead the capitalist system that we want to overcome; as well as it could learn what is being discussed and proposed in the multiple Forums realized, the methodology they use and their contributions to the effectiveness of the action of the left in the world; and discuss new tracks of action in this action, making possible even to think about drawing up a "Charter of Principles of the WSF process”.

In this line of reasoning, the IC should meet only once a year, but not for just a day and half or two days, but for a whole week, and now precisely on the dates of Davos, with the participation of the facilitators of all forums of the process as well as thinkers and leaders that are at the service of the construction of another possible world. And at a unpredictable moment it could arise, of course, the necessity and the possibility of a big World Social Forum open to all topics, to feed the hope of all.

If these proposals are deemed reasonable, why not hold the first meeting of this new type of IC in January 2018 in Porto Alegre? Surely many of its members would reappear...

(4 June 2017).

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FSM 2018 et autres questions

Chico Whitaker

Nous recevons tous l’information diffusée sur la liste de discussion du Conseil international du Forum social mondial, et déjà répercutée par certains de ses membres, que les organisations brésiliennes qui ont proposé que le Forum Social Mondial de 2018 ait lieu au Brésil, à Salvador da Bahia, ont confirmé leur disposition pour le tenir effectivement. La proposition avait été présentée à la réunion du CI en Janvier de cette année à Porto Alegre. Elle a été acceptée en principe, mais avec des réticences de beaucoup d'entre nous (parmi lesquels j’étais), pour diverses raisons, qu’il n’y a pas lieu de rappeler ici, dans la mesure où dans les deux mois les organisations proposantes confirment l'existence d'une réelle possibilité de tenir cet événement. La date limite a dû être multipliée par deux, et au bout de quatre mois, celles-ci nous ont donné une réponse positive, marquée par la ferme volonté de relever le défi.

Nous vivons donc un épisode semblable à celui qui a précédé la tenue du Forum Social Mondial 2016, pour lequel des collectifs de jeunes canadiens ont obtenu, au bout de trois ans d'insistance, que le CI accepte leur proposition d'organiser un FSM à Montréal, au Canada. Sans liens avec les grandes organisations sociales traditionnelles, mais avec des liens avec les dénommés « nouveaux mouvements sociaux » qui ont commencé à émerger dans le monde en 2011 - comme les Indignados en Espagne et Occupy Wall Street aux États-Unis - ils ont réussi à construire un Forum avec une taille suffisante pour que la tradition d'un FSM chaque deux ans soit maintenue (contre les vents et les marées causés par les insatisfaits de leur protagonisme, et de la décision de tenir pour la première fois un FSM dans l'hémisphère nord). Il convient d’informer que ce même collectif vient d’annoncer, moins d'un an plus tard, sa transformation en un collectif permanent, pour appuyer la continuité du processus de réflexion et d'articulation des actions pour la construction d'un « autre monde possible », commencé en 2001.

Ces faits (et bien d'autres) montrent clairement que reste vivante la volonté de mobilisation et d'action au niveau mondial pour surmonter le capitalisme, malgré l’avancée accablante de celui-ci dans le processus de la mondialisation économique. Depuis la chute du mur de Berlin en 1989, cette option d’organisation sociale, politique et économique des sociétés a cherché à imposer au monde la « pensée unique » exprimée dans la formule néolibérale « hors du marché, il n'y a pas d’alternative ». Le FSM a émergé une douzaine d'années plus tard pour contrer cette option, mais nos mouvements sociaux et organisations font aujourd'hui face à la transformation complète de la planète en un centre unique de production et de consommation, soumettant celle-ci à la logique capitaliste suicide qui met en danger la continuité de la vie humaine sur Terre elle-même. De tels risques, nous ont déjà contraints d'ajouter à l'appel « un autre monde est possible » deux mots supplémentaires : il est de plus en plus « nécessaire et urgent ».

Le Brésil connaît aujourd'hui des épisodes aigus de la lutte des classes qui ponctue l'Histoire. Dans la métaphore que nous utilisons ici, l'oligarchie installée dans la Casa Grande (la grande maison) a repris le pouvoir politique qui était aux mains des forces qui voulaient défendre les intérêts de la grande majorité, qui se tiennent dans la Senzala - la Maison des anciens esclaves. Cette oligarchie, soutenue par une majorité parlementaire construite avec des méthodes fallacieuses et dont la représentativité est tout à fait discutable, agit le plus rapidement possible afin de ne pas changer le modèle d'inégalité sociale scandaleuse qui caractérise le pays, et afin que soit bloquée la lutte contre la corruption, qui n'a commencé sérieusement que quand nous avions un gouvernement qui défendait les intérêts de la Senzala. Cette corruption a gagné parmi nous des proportions incroyables pour huiler - comme c’est sa fonction - le fonctionnement des engrenages capitalistes et l’appropriation, par l'oligarchie, des ressources publiques. Le résultat de tout cela sont les séismes politiques qui depuis plus de deux ans secouent le Brésil.

L'organisation que je représente au CI est la Commission Brésilienne Justice et Paix - CBJP. Elle a son siège à Brasilia, à l'épicentre de ces tremblements de terre. La plupart de ses membres y travaillent. Au milieu de l'intense activité nécessaire à ceux qui cherchent à faire que le pays sorte sain et sauf des décombres de ces tremblements de terre, il est difficile pour ceux-ci de donner une attention détaillée à d'autres questions. Donc, ils ne peuvent qu’espérer que j’accomplisse ma tâche de représentation au CI de la meilleure façon possible. J'écris donc ceci encore comme une réflexion seulement personnelle, bien que fondée sur la pensée qui conduit le travail de CBJP, pour le discuter plus avant avec ses autres membres.

Maintenant, c’est aussi dans l’accentuation du contexte vécu au Brésil, après la décision prise par le CI en Janvier à Porto Alegre, que la proposition de tenir l'année prochaine un FSM dans notre pays a gagné plus d’opportunité. Les défis actuels des mouvements sociaux brésiliens et des partis opposés à la politique de la Casa Grande sont très similaires aux défis auxquels sont confrontés aujourd'hui les mouvements et partis de gauche dans d'autres régions du monde, en particulier en Amérique latine, mais aussi dans l'hémisphère Nord lui-même. Les Etats-Unis sous Trump sont un exemple frappant, mais dans de nombreux endroits grandit le fascisme et la xénophobie et la droite prend le pouvoir, même dans le contexte d'élections libres. Cela rend très opportune une rencontre mondiale dans laquelle les militants des actions de résistance au Brésil et dans d'autres pays puissent échanger des expériences et d'articuler de nouvelles alliances, autour du thème défini par le message qui est en train d’être choisi comme le contenu principal du Forum de Salvador : « résister est nécessaire - résister est transformer. »

La question qui se pose pour le Conseil international du FSM, de donner au Forum Salvador la validation qu’attendent les organisations qui composent le Comité de facilitation qui est en train de se former, est seulement celle de décider de rompre, de cette manière, la tradition des FSMs, qui est qu'ils sont des espaces également ouverts à tous les sujets, c’est à dire, sans un thème unique ou central.

Maintenant, ce genre de discussion est située bien dans la réflexion que je proposais au CI, dans un message envoyé à ses membres par notre liste de diffusion, le 4 mai dernier ( « Quel est notre défi aujourd'hui? »). J'ai fait cette proposition en pensant à l'avenir du FSM, événement mondial que nous promouvons depuis 16 ans. J’ai également suggéré l'élargissement de la participation, à cette réflexion, aux facilitateurs des autres forums qui se tiennent dans ce que nous appelons « le processus du FSM. »

En fait, la décision prise par les promoteurs du Forum de Salvador se situe dans l'intuition d'un nouveau type de Forum Social qui se tient dans « le processus du FSM », en plus des forums nationaux, régionaux et locaux : les « Forums sociaux thématiques ».

L’option « forum thématique » a comme point de départ, comme les autres forums « sociaux », son caractère d’« espace ouvert », créé de bas en haut par des « comités facilitateurs » (et donc avec des activités auto-organisées) et non de haut en bas par des « comités organisateurs » (qui décident qui parle de quoi). En fait, c’est une option découlant du fait que, en se concentrant sur des combats précis - comme le font les « assemblées de convergence » du FSM – on arrive plus directement à des propositions concrètes et des articulations pour l'action.

Ces « forums thématiques » ont encore un autre avantage : rien n’empêche qu’ils se terminent par des déclarations, que beaucoup pensent nécessaires pour que les gens repartent chez eux avec des orientations communes tracées, mais dont il est dit qu’elles sont contraires à la Charte des principes du FSM. Au contraire, cette charte de principes encourage même que se fassent toutes les déclarations, plans ou propositions d'action possible, autour de chacun des combats discutés, et stipule même qu'elles devraient avoir la diffusion maximale possible. Les éventuelles déclarations finales des forums thématiques seraient de ce type. Ce que en fait la Charte de principes vise à prévenir sont les déclarations finales uniques des Forums Sociaux, au nom de tous les participants de ces Forums, parce que l'une des caractéristiques des Forums « sociaux » c’est d’être ouverts à la plus grande diversité possible, et ces Déclarations, en plus d’être de construction difficile compte tenu de cette diversité, écraseraient celle-ci. En fait, elles finiraient par être imposées ou manipulées, faisant place à des manœuvres typiques de la « vieille politique ».

D'autre part, chaque Forum « social », à tout niveau, est nécessairement, par le caractère de notre lutte, ouvert aux participants d'autres pays, donc, il est toujours « international ». Rien n’empêche donc que les Forums thématiques puissent être aussi appelés « mondial » quand ils cherchent à réunir des participants du plus grand nombre possible de pays. C’est dans cette perspective que se tient encore cette année en Novembre en France, un premier forum Thématique de ce genre, le Forum Social Mondial Thématique Antinucléaire. Et nous savons aussi que différents forums mondiaux autour de thèmes spécifiques se tiennent depuis longtemps, en parallèle à chaque FSM, sans se présenter en tant que forum « social », ou nécessairement chercher à suivre sa Charte des principes ou sa méthodologie.

La multiplication des Forums Sociaux Mondiaux thématiques pourrait encore aider à l'expansion et l'interconnexion de tous ces autres forums, dans la construction de grands réseaux planétaires nécessaires pour une confrontation effective avec le monstre capitaliste mondial. Et cela élargirait la connaissance de l'une des propositions les plus importantes du FSM, qui est la nécessité de construire une nouvelle culture politique - horizontalité des réseaux, respect de la diversité, coopération plutôt que concurrence, fin du mensonge manipulateur.

De ce point de vue, ne serait-il pas temps que nous mettions de côté la nécessité d'événements mondiaux périodiques, comme on a commencé à les tenir depuis 2001, et que nous imaginions un avenir totalement nouveau pour tout ce processus ? En fait, les FSM courent le risque de se vider complètement, comme un «plus de la même chose» se tenant de temps en temps (comme a dit l'un de nos compagnons dans les discussions sur le FSM 2018), concourant entre eux pour voir lequel d'entre eux réussit à attirer plus participants. Ils finiront par ne plus intéresser personne, en se bureaucratisant comme une obligation administrative à remplir, ou encore, ce qui serait pire, en étant « pris » et instrumentalisés par des intérêts spécifiques, ce par quoi ils perdraient complètement leur caractère d'espace de rencontre dans la diversité.

Je ne sais pas si cela est le point de vue maintenant assumé par les proposants d'un FSM 2018 à Salvador. Mais si nous regardons l'avenir de cette façon, ce serait un forum hybride : le dernier de l'ancien modèle, en même temps que le premier FSM-Thématique (ou le second, compte tenu du prochain FSM-Antinucléaire de Novembre en France). Et ainsi serait stimulée l'émergence de beaucoup plus de ces forums, « facilités » comme il se doit, par les organisations ressentant le besoin de rencontres mondiales de ce type, aussi bien dans l'hémisphère sud que dans l'hémisphère nord.

Alors, pourquoi ne pas penser aussi que « le processus du FSM » peut se développer sans la nécessité d'instances supérieures qui décident de la tenue des Forums Sociaux Mondiaux Thématiques et les contrôlent ? Ceci supposerait que ce soit une fonction du Conseil international, dans la continuité de ce qui a été le cas à ce jour avec les FSMs. Mais cela n’est pas le cas pour les autres types de forum. Au sein de la culture politique de coopération, ne pourrait-on pas compter sur la coresponsabilité de tous ceux qui rentrent dans ce processus ?

Dans ce cadre, le CI lui-même, qui a extrêmement besoin de rénovation, pourrait avoir un nouveau rôle, en se transformant en un espace de réflexion intense et approfondie. Disposant d’une grande diversité d'expériences, de points de vue et de perspectives, il pourrait discuter, entre beaucoup d’autres choses, de la situation mondiale et des « mouvementations » des pilotes du système capitaliste que nous voulons surmonter; ainsi que de savoir ce qui est discuté et proposé dans les multiples forums qui se tiennent, de la méthodologie qu'ils utilisent et de leur contribution à l'efficacité de l'action de gauche dans le monde, et discuter de nouvelles pistes d'action dans cette action, pouvant même penser à la rédaction d'une « Charte de principes du processus FSM ».

Dans cette ligne de raisonnement, le CI devrait ne se réunir qu'une fois par an, mais pas pour un jour et demi ou deux jours, plutôt pour toute une semaine, et maintenant, oui, précisément à la date de Davos, avec la participation des facilitateurs de tous les forums du processus et les penseurs et les dirigeants qui sont au service de la construction d'un autre monde possible. Et à un moment imprévisible, il peut même surgir, bien sûr, la nécessité et la possibilité de tenir un grand Forum Social Mondial ouvert à toutes les thématiques, pour alimenter l’espérance de tous.

Si ces propositions étaient considérées comme raisonnables, pourquoi ne pas tenir la première réunion de ce nouveau type de CI en Janvier 2018 à Porto Alegre? Sûrement, beaucoup de ses membres réapparaîtraient ...

(4 Juin 2017).